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“Por não querer servir ao seu senhor” : os quilombos volantes do Vale do Cotinguiba (Sergipe Del Rey, século XIX)

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Previous issue date: 2015-12-17 / CAPES / Este estudo tem como objetivo analisar as experiências sociais vivenciadas pelos escravos fugidos que residiam, em comunidades quilombolas, nas matas do Vale do Cotinguiba, no século XIX. Tais experiências são aqui abordadas de modo a compreender mais especialmente os meios de sobrevivência desses negros a partir da fuga do cativeiro, assim como as estratégias que os membros daquelas comunidades empreendiam para se esquivarem das atividades militares impetradas pela Secretaria de Polícia. O Vale do Cotinguiba, situado a nordeste de Sergipe Del Rey, se destacava por ser a principal zona agroeconômica da província; motivo pelo qual passou a concentrar, ainda em meados do século XVIII, o maior número de engenhos e, concomitantemente, a maior parcela da escravaria sergipana. Era a partir do contato com os escravos residentes nas senzalas desses engenhos que os quilombolas conseguiam, dentre outras coisas, angariar produtos alimentícios, comercializar outros, e se encontrar cientes das diligências que estavam em curso. Esses avisos permitiam que eles abandonassem, previamente, os seus coitos e alcançassem ambientes que aparentavam ser, ao menos momentaneamente, mais seguros. Entre os pontos que eram alcançados pouco antes das empresas militares estavam outros mocambos, os quais se encontravam instalados, em não raras ocasiões, nas matas imediatas as que estavam sendo alvo, naquele momento, de inspeções. Essa constante mobilidade por parte dos escravos fugidos permitiu adotar aqui o conceito de “Quilombos Volantes”, destacando assim como a movimentação por outros mocambos e por outras comunidades parecia ser uma importante estratégia na manutenção das suas liberdades. Foi adotado aqui ainda, porém como metodologia, o método de ligação nominativa. Este pode ser aplicado sob uma documentação composta sobretudo por ofícios produzidos por indivíduos envolvidos no combate aos quilombos do Vale do Cotinguiba. Tal opção metodológica permitiu-me não apenas acompanhar e analisar a trajetória de muitos escravos fugidos, inclusive por mais de uma comunidade quilombola, como ainda o momento em que se deu a apreensão de parte deles e os destinos que seus senhores ansiavam dar aos mesmos após reaverem os seus domínios. É um pouco das vivências desses indivíduos que se pretendeu aqui estudar. Trata-se, quase sempre, de negros que viram suas experiências de liberdade serem interrompidas por meio da violência, mas que nem por isso deixaram de contrapor, de algum modo, a condição escrava a que estavam submetidos. Inclusive, um deles, pouco antes de ser reconduzido ao cativeiro, indicou que deixara a casa do senhor “por não querer servir ao seu senhor”. / This study aims to analyze the social experiences of runaway slaves who lived in quilombola communities in the woods of Cotinguiba Valley, in the state of Sergipe, Brazil, in the nineteenth century. Such experiences are addressed herein so as to understand, among other things, the means of survival of these black people after escaping from slavery, and the strategies they employed to elude the activities of the police department. Located in the northeast of Sergipe Del Rey, Cotinguiba Valley stood out as the main agricultural economic area of the province in the mid-eighteenth century, which is the reason why the greatest number of mills began to be gathered there, as well as the majority of slaves from Sergipe. Contact with slaves in the slave quarters of these mills allowed the quilombolas (fugitive slaves) to collect food, market products, and relate to one another, thus learning about the ongoing endeavors. Therefore, this contact helped the quilombolas so that, when they felt threatened, they could interrupt intercourse in time and reach seemingly safer places. Other sites that were reached just before military interventions included some shelters, which were sometimes located in forests close to those that were being currently inspected. Given this constant movement of the runaway slaves, the concept of Quilombos Volantes (Wandering Quilombos) was adopted in this study, hence highlighting how the movement of quilombola communities seemed to be an important strategy for maintaining freedom. Thus, the nominative method was also applied through review of documentation consisting especially of letters written by individuals actively involved in the fight against the mills of Cotinguiba Valley. Not only did this methodological choice allow for monitoring and analysis of the trajectory of many fugitive slaves in more than one quilombola community, but it also helped determine when some of them were arrested, as well as the fate that awaited these slaves upon retrieval by their enraged masters. This study aimed to review some experiences of these individuals, who consisted mostly of black slaves whose experiences of freedom had been disrupted by violence, but who did not cease to oppose to the slave condition they were subjected to. Furthermore, just before being brought back into captivity, one of them stated that he had left the slave quarters where he lived for “not wanting to serve his master.”

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/14963
Date17 December 2015
CreatorsOLIVEIRA, Igor Fonsêca de
Contributorshttp://lattes.cnpq.br/0443941779828284, BRANDÂO, Tanya Maria Pires
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco, Programa de Pos Graduacao em Historia, UFPE, Brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguageBreton
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
RightsAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil, http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/, info:eu-repo/semantics/openAccess

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