Return to search

Falando Gênero

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2013 / Made available in DSpace on 2013-12-06T00:30:14Z (GMT). No. of bitstreams: 1
319874.pdf: 5268068 bytes, checksum: e909a3ca6a6c20b23b5f713c20d2dcbd (MD5)
Previous issue date: 2013 / O tópico da presente pesquisa é centrado no posicionamento discursivo entre atores sociais, cuja identidade de gênero se difere de uma perspectiva dicotômica dos sexos, e contextos caracterizados por acepções principalmente heteronormativas. Foram pesquisadas as margens de agenciamento, dentro das quais uma pessoa em transição entre os gêneros reivindica uma representação do self, diante das peculiares estruturas simbólicas e normativas de contextos específicos de interação. Com a finalidade de captar os processos, por meio dos quais se desenvolve uma representação do selfcomo identidade generizada, foi analisado o grau de agenciamento diante das práticas de posicionamento em três contextos: realidade carcerária, mundo do trabalho e ambiente familiar. O objetivo da tese é compreender quanto as/os transgêneras/os reproduzem certos idealtipos generizados, diante das coordenadas simbólicas do contexto, da situação das interações cotidianas, e também da especificidade dos meta-artefatos linguísticos que circunscrevem áreas de significados declinados no feminino ou no masculino. As representações do self e do outro, em uma ótica socioconstrucionista, são articuladas ao longo de produções discursivas entre interações cotidianas e superestruturas culturais e normativas. O discurso, conforme esta perspectiva, é entendido como artefato de mediação que gera significados partilhados. O corpo dos dados consiste, por isso, na coleta de material discursivo nos seguintes contextos: a) seis entrevistas semi-estruturadas com os funcionários penitenciários que, com título diverso, prestam serviço no Novo Complexo Penitenciário de Sollicciano (Florença); b) cinco entrevistas em profundidade com as detidas transgêneras reclusas no mesmo instituto; c) sete entrevistas em profundidade com pessoas transgêneras em contextos privados e de trabalho e d) três diários escritos por pessoas transgêneras, contatadas em associações sociopolíticas no centro e no norte da Itália. Estes dados textuais foram estudados por meio de duas perspectivas metodológicas: 1) Análise crítica da estrutura ideológica do discurso, em referência à produção de significados implícitos. Os repertórios simbólicos foram associados à macrocategorias conceituais, por meio de um software para a análise de forma e semiótica: Transana. 2) Análise quali-quantitativa do conteúdo semântico e da organização lexical com o programa para a classificação hierárquica descendente de dados textuais: Alceste. Emergiu a partir dos resultados que os elementos constitutivos da produção discursiva (léxico, semântica, semiótica) geram repertórios narrativos semelhantes à estrutura da representação do self e do outro. Estas unidades de significado respondem à pergunta da presente pesquisa, focada no posicionamento de gênero e con(texto). Portanto foi apontada a intersecionalidade sequencial entre as seguintes variáveis: Dualismo de gênero ? Assimetria de poder ? Desigualdade ? Discriminação ? Representação de gênero reificada. Emergiram deste processo diferentes práticas normativas, estruturais e de interação, que, por meio de universos de sentido e sistemas de ação socialmente partilhados, culturalmente legitimados e discursivamente institucionalizados, produzem significados e idealtipos generizados, aninhados em horizontes temporais, cenários relacionais e limites contextuais. A respeito do contexto carcerário, as margens de posicionamento são relegadas dentro de parâmetros institucionalizados do sistema penitenciário. A linguagem assume, sobretudo, uma função reificante a partir do momento em que as categorias semânticas definem os vínculos normativos entre si e o contexto. Contudo, a identidade de gênero resulta ser circunscrita por fronteiras discursivas precisas. No que concerne às realidades familiares e de trabalho, as representações do self como transgênera/o variam conforme as coordenadas simbólicas situadas no hic et nunc. As superestruturas normativas impregnam o discurso, sobretudo em nível implícito. O agenciamento, no processo de afirmação da própria identidade de gênero, depende da especificidade do contexto e das diversas modalidades de posicionamento entre o self e o outro. <br> / Abstract: The topic of the following research is focused on discursive positioning amongst social actors, whose gender falls somewhere between or outside of the sexual dualism, and contexts, characterized by a dominant heteronormative imprint. The edges of agency have been investigated, according to which a person, who passes amongst genders, claims a representation of self, with regard to the peculiar symbolical and normative structure of specific contexts of interaction. In order to isolate the processes, throughout which develops a self-representation as gender, the rank of agency has been analyzed, according to practices of positioning within three contexts: prison reality, workplaces and family environment. The study, therefore, aims to understand how transgender reproduce certain genderized Ideal-types, with regard to the symbolical coordinates of the context, the situativity of everyday interaction, as well as the linguistic meta-artifacts, circumscribing zones of meanings, which move in a feminine or masculine direction. The representations of self and others, within a socio-constructive perspective, are articulated along discursive productions in relation to everyday interactions and cultural and normative superstructures. Discourse, according to this approach, could be considered as a mediation artifact, which generates social meanings. The corpus of data, therefore, consists in gathering discursive material within the following contexts: a) six semistructured interviews with staff members of the Sollicciano prison near Florence; b) fivein-depth interviews with transprisoners detained in the same institute; c) seven in-depth interviews with transgender in private and work contexts and d) three diaries, written by transgender, contacted by socio-political associations in north and central Italy. These textual datas have been studied according to two methodological perspectives: 1.) Critical Analysis of the ideological matrix of discourse, with regard to the production of implicit meanings. The symbolic repertoires have been associated to conceptual macro-categories, adopting the software Transana for computer assisted discourse analysis. 2.) Quali-quantitative analysis of semantic content and lexical organization with the program for the hierarchic descendent classification of textual data Alceste. Results show that the constitutive elements of discursive production (lexicon, semantics, semiotics) generate narrative repertoires, with similar structure and affine representations of self and others. These units of meanings constitute the research goals of this study, focused on positioning between gender and (con)text. There emerged a sequential intersectionality amongst the following variables: Gender dualism ? Asymmetry of power ? Inequalities ? Discrimination ? Reified representation of gender. From this process emerged different normative, structural as well as interactive practices, which, throughout universes of sense and systems of actions, socially recognized, culturally legitimized and discursively institutionalized, produce genderized Ideal-types and meanings, embedded within temporal horizons, relational sceneries and contextual limelights. With regard to prison context the edges of positioning are relegated within the institutional parameters of the penitentiary system. Language, especially, assumes a reifying function, by the moment, that semantic categories define normative links between self and context. Gender identity, actually, is circumscribed by precise discursive borders. With regard to family and workplaces,self-representation as transgender changes, according to situated symbolic coordinates. Normative superstructures influence discourse mainly on an implicit level. Agency within processes of gender identity affirmation depends on specific contexts and different modalities of positioning amongst self and others.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/107573
Date January 2013
CreatorsHochdorn, Alexander
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Camargo, Brigido Vizeu
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format423 p.| il., grafs., tabs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0031 seconds