Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2013. / Made available in DSpace on 2014-08-06T17:07:53Z (GMT). No. of bitstreams: 1
325245.pdf: 2323475 bytes, checksum: c8a0762cfd9da08b09a1fe4f22333e5b (MD5)
Previous issue date: 2013 / A proposta deste estudo nasceu de uma insistente observação gerada em nossas experiências profissionais e acadêmicas: a inclinação social que condiciona a existência do hoje às incertezas do amanhã tem gerado nas ações de Atenção Primária à Saúde uma expressiva lógica de subordinação do sofrimento humano da concretude da vida à ordem moderna contemporânea de materialização da ideia de risco. Entendendo por sofrimento humano da concretude da vida os eventos que estão atuando no processo de viver das pessoas no tempo presente, ora objetivos, ora subjetivos, mas sempre históricos, e que para elas estão determinando e/ou condicionando o seu estar bem na vida. Tal observação nos mobilizou para buscar no "Movimento Atenção Primária à Saúde" (MAPS), protagonizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no período compreendido entre 1948 e 1978, se e como a ideia de risco se apresentou naquele momento histórico. Para o desenvolvimento do estudo, utilizou-se como recurso metodológico a reconstrução etnográfica de abordagem ética na perspectiva demartiniana, a partir da relação com documentos originais das Assembleias Mundiais de Saúde (AMS) da OMS. A exposição do objeto e a análise dos dados foram conduzidas pelo aporte teórico de Gramsci, especialmente a sua análise da teoria da hegemonia. Defende-se a tese de que a ideia de risco está presente como um dispositivo simbólico para atuar no controle da cultura social coletiva nomeada Atenção Primária à Saúde, produzida nas relações hegemônicas da OMS, entre 1948 e 1978. Essa cultura se impôs como um componente estratégico para operar a hegemonia no cultivo de saúde como objeto de intervenção para o desenvolvimento econômico e social de sociedades com formação econômico-social capitalista. O Movimento que a encadeou, o MAPS, apresentou-se, no recorte eleito, como uma reforma setorial do pensamento em saúde, cujos fins se expressaram em três verbos: resistir e conservar para desenvolver. O estudo chama atenção para o fato de que as lutas para mudar as condições de existência seriam o recurso para reduzir, oxalá desconstruir, a atuação da ideia de risco como dispositivo simbólico e inserir a saúde nas ações de APS como bem comum, um direito não somente teórico. Nessa nova consciência social, a resistência e a conservação da invisibilidade da saúde concreta do tempo presente, observada nas ações impulsionadas pelo MAPS, entre 1948 e 1978, e propagadas internacionalmente, poderiam ser fraturadas.<br> / Abstract : The proposal of this study arose of an insistent observation generated in our professional and academic experiences: the social inclination that conditions today's existence to tomorrow's uncertainties has generated a subordination logic of the human suffering about the concreteness of living to the contemporaneous modern order of materialization of the notion of risk. For "human suffering about the concreteness of life", we understand the events that act in the process of people life in the present, sometimes objective, sometimes subjective, but always historical, and that for them are determining and/or conditioning their well-being in life. This observation mobilized us to seek in the "Primary Health Care Movement" (PHCM), effected by the World Health Organization (WHO), in the period of 1948-1978, if and how the idea of risk was presented in that historical moment. To develop this study, we used the ethnographic reconstruction with an ethical approach, in the Dematinian perspective, as the methodological resource, from original documents of WHO's World Health Assemblies (WHA). The object presentation and data analysis were conducted by the Gramschi theories, specially his analysis of hegemony. We hold the thesis that the risk idea is present as a symbolic device to act in the control of the colective social culture, produced in the WHO hegemonic relations, between 1948 and 1978, and named Primary Health Care. This culture was imposed as a strategic component to operate the hegemony in the health maintenance as an intervention object to the economic and social development of capitalist societies. The Movement that started it, PHCM, was presented, in our analysis, as a sectoral reform of health thinking, whose purposes were expressed in three verbs: resisting and conserving with the objective to develop. This study draws attention to the fact that the conflicts that aim changing the existence conditions would be the resource to decrease, or even deconstruct, the acting of the risk idea as a symbolic device, and insert health in the PHC actions as a common good, not only as a theoretical right. In this new social conscience, the resistence and conservation of the invisibility of concrete health of the present time, observed in the actions promoted by the PHCM, between 1948 and 1978, and internationally disseminated, could be disrupted.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/122598 |
Date | January 2013 |
Creators | Lima, Rita de Cássia Gabrielli Souza |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Verdi, Marta Inez Machado |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 318 p.| il. |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0026 seconds