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Força e evidência: uma análise teórico experimental da semântica de 'pode', 'deve' e 'tem que'

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2015. / Made available in DSpace on 2015-10-13T04:06:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / Esta tese descreve um estudo teórico-experimental sobre o significado dos verbos  pode ,  deve e  tem que . A análise foi feita a partir dos resultados de três questionários online com os quais foi coletado o julgamento intuitivo de falantes nativos do Português Brasileiro sobre sentenças com esses verbos. A análise teórica foi fundamentada no modelo formal de Kratzer (1981, 1991, 2012), onde os vários significados expressos pelos modais (epistêmico, deôntico, teleológico, bulético e quantos mais houver) são determinados por duas funções de contexto - base modal e fonte de ordenação - as quais mapeiam o mundo de avaliação a conjuntos de mundos, determinando o tipo de modalidade expressa e um parâmetro ideal estereotípico, deôntico, teleológico ou bulético que pode inclusive contribuir para a derivação da força modal (possibilidade ou necessidade) em algumas línguas. Assumimos, que  pode é um quantificador existencial sobre mundos possíveis (por isso expressa possibilidade), e focamos na análise das diferenças entre  deve e  tem que , ambos comumente associados à expressão da necessidade. Partimos da intuição de que uma sentença como  tem que-p (sendo p a sentença encaixada no modal), veicula que p é o único resultado possível no contexto, enquanto  deve-p veicula que p é o melhor resultado nocontexto, pressupondo uma comparação entre alternativas. O objetivo dos questionários foi verificar as seguintes hipóteses sobre essas diferenças: (i)  deve é preferido em contextos evidenciais (que definimos como contextos de fonte de ordenação estereotípica), enquanto  tem que é preferido em contextos não-evidenciais (contextos de ordenação deôntica, teleológica, bulética); (ii)  deve expressa uma força modal mais fraca do que  tem que . As hipóteses foram confirmadas pelos dados coletados, analisados estatisticamente no ambiente RStudio (R Core Team, 2014) usando modelos de regressão linear mista. Com base nos resultados obtidos, recorreu-se à teoria para traçarmos uma explicação para a semântica de  deve e  tem que , usando  pode como parâmetro de força: enquanto os modais  pode e  deve são o par dual possibilidade/necessidade, sendo respectivamente quantificadores existencial e universal sobre mundos possíveis,  deve é um modal gradual cujo significado pode ser derivado a partir da noção de possibilidade comparativa proposta em Kratzer (2012).<br> / Abstract : This dissertation describes a theoretical and experimental study on the meaning of the verbs  pode ,  deve , e  tem que . The analysis was based on results obtained via three questionnaires with which the intuitive judgments of Brazilian Portuguese (BP) native speakers were collected. The theoretical analysis was based on Kratzer s formal model (1981, 1991, 2012) in which the meanings expressed by modal verbs (epistemic, deontic, teleological, buletic, etc.) are determined by two functions of context  the modal base and the ordering source  which map the world of evaluation to a set of worlds, respectively determining the type of modality expressed and the ideal stereotypical, deontic, teleological or buletic parameter. This parameter can also contribute to the derivation of the modal force (possibility or necessity) in some languages. We assume that  pode is an existential quantifier over possible words (thus expressing possibility), and we turn to the analysis of the differences between  deve and  tem que , both commonly associated to expressing necessity. We depart from the intuition that a sentence such as  tem que-p (where p is the sentence embedded under the modal) conveys that p is the single result according to the context, whereas  deve-p expresses that p is the best result given the context, presupposing a comparison among alternatives. The objective of the questionnaires was to evaluate the following hypotheses: (i)  deve is preferred in evidential contexts (which we define as contexts of stereotypical ordering), whilst  tem que is favored in non-evidential contexts (deontic, teleological, and buletic ordering); (ii)  deve conveys a weaker modal force than  tem que . The hypotheses were confirmed with the collected data, which were statistically analyzed on RStudio (R Core Team, 2014) by using mixed linear regression models. We appealed to the theory to trace an explanation for the semantics of  deve e  tem que , while using  pode as a force parameter. We concluded that whereas the modals  pode and  deve represent the duality  possibility/necessity , being both existential and universal quantifiers on possible words,  deve is a gradual modal whose meaning can be derived from the notion of comparative possibility as described in Kratzer (2012). Moreover, the results showed a tendency of specialization of  deve for evidential contexts and of  tem que for non-evidential contexts.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/135484
Date January 2015
CreatorsSantos, Ana Lúcia Pessotto dos
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Oliveira, Roberta Pires de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format277 p.| il., grafs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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