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O discurso da competência para o trabalho e a educação em tempos neoliberais: a história reeditada como farsa?

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Previous issue date: 2006-06-23 / Financiadora de Estudos e Projetos / By the present study we investigated the production and spread of the discourse about
competence, as for its repercussions on the education as well on the work in Brazil. In order
that, we situated our attention upon the years of the Fernando Henrique Cardoso government
period from the 1990 s, pointed by many researchers like the effective implementation of
neoliberal economics, social and educational politics in Brazil and in the world. Our thesis,
considering the ultraliberals proposals of inexorable transformations to education and work at
the final of XXth century, is that these proposals reedit, by the competence discourse,
arguments and proposals equivalents to dominants discourses into circumstances of
transformation and capitalist crisis, between the XIXth to XXth transition at the industrial
society consolidation peak. That moment represented technical, scientific and administrative
developments (the model called fordism-taylorism) and the competitive worker market
establishment, circumstances that requesting a new workers category, adequate to the
newfangled organization, education and productive icons. However, despite of similarity of
both discourses in terms of mutations in the work processes and to the role attributed to
schooling with market goals, we defend in this research that the ultraliberal argue that the
problem of unemployment, social precarization and social exclusion are attribute to worker
disqualification or incompetence through presumed contemporary production innovations,
actually they dissimulate and legitimate, ideologically, what the own capitalism, in its
contemporary structural crisis, unavoidably create. To subside our proposal, we proceed a
comparative analysis between the two periods in question, taking as base the reflections of
Karl Marx, Antonio Gramsci and Karl Polanyi toward the economic, cultural and educational
transformations in the context of supremacy of liberal ideal of self-regulated market about
the wide secularized social interests, that is, when the market, factorial component of society,
transform the own society in its factorial component. After this, we will proceed, in the
context in which it is establish the trade school and the arrival of fordism on the first third
part of XXth century, reflections in which we confront analysis of contemporary authors
about the Brazilian politic-economic and educational ultra liberation phenomenon.
Considering this, the question that guide us and which we intent answer could be formulated
in this manner: the competence discourse as imperative to the actual work and education, in a
context of technological transformation and structural crisis of capital-work relation, could
be reediting discursive elements of the transformations observed at the end of XIXth century,
in way to legitimate the actual negative consequences in form of a dissimulation of reality or,
in Marxian terms, as a historical farce? The analysis of the two periods of capitalism indicate
us that the Hegelian-Marxian postulate of historical repetition become plausible by means
of the ultraliberal renascence observed since the end of the XXth century. / Pelo presente estudo investigamos o contexto de produção e difusão do discurso da
competência, em termos de suas repercussões sobre a educação e o mundo do trabalho no
país. Para isso, situamos nossa atenção, sobretudo, nos anos de 1990, especialmente nos
mandatos de Fernando Henrique Cardoso, período este apontado por diversos estudiosos como
de implementação efetiva de políticas econômicas, sociais e educacionais neoliberais no Brasil
e no mundo. Nossa tese, ao considerarmos as proposições ultraliberais de transformações
inexoráveis para as esferas da educação e do trabalho ao final do séc. XX, é de que estas
reeditam, pelo elemento discursivo da competência, argumentos e propósitos equivalentes aos
discursos dominantes nas circunstâncias de transformação e crise capitalistas da transição
entre os séculos XIX e XX, auge de consolidação da sociedade industrial desenvolvida, em
que os avanços técnico-científicos e gerenciais da produção (o chamado modelo fordistataylorista)
e a consolidação de um mercado de trabalho assalariado competitivo,
demandavam uma categoria de trabalhadores diferenciada da existente até então
(eminentemente originária da manufatura simples), adequada aos novos ícones organizativos,
educacionais e produtivos daquele período. Entretanto, embora ambos os discursos sejam
muito similares em termos das mutações nos processos de trabalho e ao papel atribuído à
escolarização para fins de mercadológicos, defendemos neste trabalho que a argumentação
ultraliberal de que o problema do desemprego, precarização e exclusão sociais sejam
atribuíveis à desqualificação ou incompetência dos próprios trabalhadores mediante supostas
inovações produtivas contemporâneas, na verdade dissimulam e buscam legitimar,
ideologicamente, o que o próprio capitalismo, em sua crise estrutural contemporânea,
inevitavelmente gera. Para subsidiarmos nossa proposição, procedemos a uma análise
comparativa entre os dois períodos em questão, tomando como base as reflexões de Antônio
Gramsci e de Karl Polanyi sobre as transformações econômicas, culturais e educacionais no
contexto de supremacia do ideal liberal dos mercados auto-reguláveis sobre os interesses
sociais secularizados mais amplos ou seja, quando o mercado, de componente fatorial da
sociedade, transforma a própria sociedade em um componente fatorial seu. Procedemos, a
seguir, neste contexto em que se instaura a escola profissionalizante e do advento do fordismo
no primeiro terço do século XX, a reflexões que confrontamos com análises de autores
contemporâneos sobre o fenômeno da ultraliberalização político-econômica e educacional
brasileira. A questão que nos guia e que pretendemos responder, portanto, pode ser assim
formulada: o discurso da competência como imperativo para o trabalho e a educação atuais,
num contexto de transformações tecnológicas e de crise estrutural da relação capital-trabalho,
poderia estar reeditando elementos discursivos do contexto de transformações observadas em
fins do século XIX, de modo a legitimar suas conseqüências negativas atuais na forma de uma
dissimulação da realidade ou, em termos marxianos, de uma farsa histórica? A análise dos
dois períodos do capitalismo nos indicaram que o postulado hegeliano-marxiano da repetição
histórica torna-se plausível mediante o renascimento ultraliberal observado a partir de fins do
século XX.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufscar.br:ufscar/2179
Date23 June 2006
CreatorsZorzal, Marcos Freisleben
ContributorsCastro, Ramon Peña
PublisherUniversidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-graduação em Educação, UFSCar, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSCAR, instname:Universidade Federal de São Carlos, instacron:UFSCAR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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