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Percepções das crianças sobre currículo e relações étnico-raciais na escola: desafios, incertezas e possibilidades

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Previous issue date: 2008-09-08 / The present research had as objectives to understand how children perceive, in school, the ethnical-racial relations by means of the experienced curriculum and to present some methodological suggestions on the pedagogic treatment of the referred theme/problem, inspired especially on inter/multiculturalism. The data collecting was performed with 14 (fourteen) children who, in the year of 2007, were part of a fourth grade public school class in the city of São Carlos. Individual and group interviews were performed, always having as main focus the curriculum lived by them and the ethnical-social relations. On the first phase of individual interviews, the children showed their perception about a situation that I read to them, which involved prejudice, discrimination and racism in an imaginary classroom. On a second moment, the children informed their knowledge about the concepts of prejudice, discrimination and racism, relating them to the case that was read and explaining where and how they learned (or not) about such concepts. On the third moment, I asked the interviewed children to describe a real situation, occurred in school, lived or not by them, which involved the concepts of prejudice, discrimination and racism. At last, it was proposed to them that they express their opinion about what and how the situations of racism, prejudice and discrimination taken place in school should be treated. The second phase of the research intended to deepen aspects related to the learning of the school contents by the children. For that, group meetings were conducted, in which after visualizing images picturing scenes of Brazilian History, the children expressed which school learning emerged from those images. The images used were A primeira missa no Brasil , by Victor Meirelles, Mercado de Escravos , by Johann Moritz Rugendas and Inspeção de Negras recentemente chegadas da África , by Paul Harro-Harring. The analysis showed that the children experience the curriculum in a conflicting and contradictory way. They hear a speech of equality, but live situations of inequality on the interpersonal relations that take place in school. They also indicate tensions and contradictions between equality and difference, as well as the influence of the speeches produced inside and outside school. The interviewed children conveyed that they clearly perceive the situations of prejudice, discrimination and racism that happen inside school, transforming the differences, especially referring to color/race, in inequalities. The analysis revealed that the children s mental representations about the indigenous and African people are still close to those from the colonization times. However, they perceive the injustice and inequality imposed to those people during colonization and that they still persist on present days. This research evidenced that it is necessary to rethink and (re)build the pedagogic practices, as well as the curriculum. However, this (re)building requires public policies that are more than equality speeches and the reformulation of the curriculum for initial and continuous teacher formation, including, in a critical way, the theme/problem of ethnical-racial relations in school. Finally, this study showed as possibilities the use of images, interviews, listening and dialoguing with the other students, as a way of denaturalizing, criticizing and (re)creating other new relations based on equal treatment and that do not transform differences in inequalities. / A presente pesquisa teve como objetivos compreender como as crianças percebem, na escola, as relações étnico-raciais por meio do currículo experienciado e apresentar algumas sugestões metodológicas no tratamento pedagógico da referida temática/problemática, inspiradas, principalmente no intermulticulturalismo. A coleta de dados foi realizada com 14 (catorze) crianças que no ano de 2007 estudavam em uma turma de quarta série de uma escola pública da cidade de São Carlos. Foram realizadas entrevistas individuais e em grupo, sempre tendo como foco principal o currículo vivido por elas e as relações étnico-raciais. Na primeira etapa de entrevistas individuais, as crianças mostraram suas percepções a respeito de uma situação que li para elas, que envolvia preconceito, discriminação e racismo em uma sala de aula imaginária. Em um segundo momento, as crianças informaram os seus conhecimentos sobre os conceitos de preconceito, de discriminação e de racismo, relacionando-os aos do caso lido e explicitando onde e como aprenderam (ou não) sobre tais conceitos. No terceiro momento, pedi para que crianças entrevistadas relatassem uma situação real, ocorrida na escola, vivenciada ou não por elas, que envolvesse os conceitos de discriminação, de preconceito e de racismo. E por último, foi proposto para que opinassem sobre o quê e como deveriam ser tratadas as situações de racismo, de preconceito e de discriminação ocorridas na escola. A segunda etapa da pesquisa pretendeu aprofundar aspectos relacionados às aprendizagens dos conteúdos escolares pelas crianças. Para tanto, ocorreram encontros em grupo, nos quais após visualizarem imagens retratando cenas da História do Brasil, expressaram quais aprendizagens escolares emergiam a partir delas. Foram utilizadas as imagens A primeira missa no Brasil , de Victor Meirelles, Mercado de Escravos de Johann Moritz Rugendas e Inspeção de Negras recentemente chegadas da África , de Paul Harro-Harring. As análises apontaram que as crianças experienciam o currículo de forma contraditória e conflitante. Ouvem um discurso de igualdade, mas vivenciam situações de desigualdades nas relações interpessoais que ocorrem na escola. Indicam, ainda, tensões e contradições entre igualdade e diferença, bem como a influência dos discursos engendrados dentro e fora da escola. As crianças entrevistadas explicitaram que percebem, nitidamente, as situações de preconceito, discriminação e racismo que acontecem dentro da escola, transformando as diferenças, principalmente referentes à cor/raça, em desigualdades. As análises revelaram que as representações mentais das crianças a respeito dos povos indígenas e africanos ainda são próximas às da época da colonização. No entanto, percebem as injustiças e desigualdades impostas a esses povos durante a colonização e que ainda persistem nos dias atuais. Esta pesquisa evidenciou que é preciso repensar e (re)construir as práticas pedagógicas, bem como o currículo. Contudo, essa (re)construção requer políticas públicas educacionais que sejam mais do que discursos de igualdade e a reformulação dos currículos de formação inicial e continuada de professores, incluindo, de forma crítica, a temática/problemática das relações étnico-raciais na escola. Por fim, este estudo apontou como possibilidades o uso de imagens, entrevistas, a escuta e o diálogo com os/as estudantes, como forma de desnaturalizar, criticar e (re)criar outras-novas relações pautadas no tratamento igualitário e que não transformem as diferenças em desigualdades.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufscar.br:ufscar/2459
Date08 September 2008
CreatorsCruz, Eliana Marques Ribeiro
ContributorsLima, Emília Freitas de
PublisherUniversidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-graduação em Educação, UFSCar, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSCAR, instname:Universidade Federal de São Carlos, instacron:UFSCAR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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