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Nos interstícios da soja : resistências, evoluções e adaptações dos sistemas agrícolas localizados na região do Refúgio de Vida Silvestre das Veredas do Oeste Baiano

Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2017. / Submitted by Raquel Almeida (raquel.df13@gmail.com) on 2018-02-27T21:33:04Z
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Previous issue date: 2018-03-13 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). / No Cerrado, a apropriação e a concentração de terras para o agronegócio deram continuidade a um processo iniciado há muito tempo e com o apoio das políticas públicas setoriais. Nas últimas três décadas, mais da metade do Cerrado brasileiro foi transformado em terras agrícolas de cultivos anuais e em pastagens plantadas. A soja, que ocupava cerca de 360 mil hectares, no Oeste Baiano, em 1990; em 2015, passou a ocupar 1,5 milhão de hectares. A lógica espacial produtiva do campesinato foi completamente alterada ao longo do tempo e os esforços de conservação do bioma são ínfimos, na comparação a outros biomas. Algumas unidades de conservação (UCs) estão localizadas em territórios de comunidades camponesas, como é o caso do Refúgio de Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano (Revis), localizado nos municípios de Jaborandi e Cocos, na Bahia. A pesquisa teve como objetivo identificar em que medida os sistemas agrícolas localizados nas comunidades situadas nos interstícios de unidades de conservação e o agronegócio, no Oeste Baiano, têm resistido, evoluído e se adaptado a essa coexistência. A tese formulada é de que é impossível haver a coexistência entre comunidades, agricultura empresarial e uma unidade de conservação de proteção integral no mesmo território. A justificativa é de que há resistências de ambos os atores em relação ao compartilhamento de um mesmo território e, dessa forma, não pode haver possibilidade de evolução e adaptação da agricultura familiar numa condição de dupla exclusão. Os dados primários dessa pesquisa foram obtidos, por meio da observação participante, no território do Revis, na comunidade do Pratudinho localizada dentro da UC e, nos interstícios de fazendas do agronegócio e a UC, na comunidade do Brejão, município de Jaborandi, Bahia. Informações relativas à UC e às fazendas do agronegócio sediadas em seu interior ou na zona de amortecimento também foram objeto da pesquisa. Analisamos, ainda, o problema em foco em vários municípios do Oeste Baiano. Os resultados nos permitem afirmar que há contrastes entre os sistemas produtivos no território estudado, havendo uma oposição entre paisagens, agrobiodiversidade, práticas dos fazendeiros e dos sistemas produtivos locais camponeses. Há também múltiplas interações, permeabilidades, interdependências entres os sistemas; as normas ambientais reforçam ou inibem estas relações. É possível evidenciar o "recuo" dos sistemas produtivos locais frente ao avanço da agricultura empresarial, em diversas escalas e setores, passando a estar encurralados muitas vezes em áreas protegidas. Apesar das lógicas opostas dos sistemas produtivos no território estudado, conclui-se que há uma interdependência entre eles, trabalho, terra e relações sociais. Como perspectiva, assinalamos que são necessários avanços no reconhecimento e aprimoramento dos sistemas produtivos locais, situados nos interstícios das monoculturas. / In the Cerrado region, the appropriation and concentration of land used for agribusiness are giving continuity to a process that started a long time ago, with the support of sectoral public policies. Over the last three decades, more than half of the Brazilian Cerrado was turned into agricultural land for annual crops and pasture. If in 1990 the soybean covered 360 thousand hectares of land in the western part of the state of Bahia, in 2015 it spread over 1.5 million hectares. Over time, the spatial logic of production for the peasant farmer was utterly transformed, while conservation efforts for that biome were negligible when compared to those made in other biomes. Some conservation units (CUs) are located on peasant farm land, as in the case of the Refúgio de Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano (Revis). This research investigated the extent to which agricultural systems located in communities on the borders of conservation units and agribusinesses in West Bahia have resisted, evolved and adapted to this existence. The primary data for this research were collected by means of participative observation within the territory of Revis, in the community of Pratudinho, inside a CU, and on the border between agribusiness farms and the CU in the community of Brejão. Information related to the CU and to the agribusiness farms located within the CU or in the buffer zones were also object of research. Besides the Revis territory, we also analysed the core problem in a number of municipalities in West Bahia. The outcomes suggest that there are contrasts between the productive systems in the territory under analysis, pointing to an opposition between landscapes, agrobiodiversity, practices by agribusiness farmers and by local peasant productive systems. There are also multiple interactions, different forms of permeability, and interdependencies between the systems. Environmental norms may reinforce or inhibit these relations. At times it is possible to identify the “withdrawal” of local productive systems, which may become trapped in protected areas as agribusinesses expand both in terms of scale and sectors. Despite the opposing logics by the different productive systems in the territory under analysis, it is possible to conclude that there is interdependency between work, land and social relations. We highlight the need for advances in agroecology to promote recognition and improvement of local productive systems situated on the border of monocultures. / Au Cerrado, l'appropriation et la concentration des terres pour l'agro-industrie ont poursuivi un processus engagé depuis longtemps et avec le soutien des politiques publiques sectorielles. Au cours des trois dernières décennies, plus de la moitié du Cerrado brésilien a été transformé en terres cultivées annuelles et ont éte planté des pâturages. Le soja, qui occupait environ 360 mille hectares, à l'ouest de Bahia, en 1990; a commencé à occuper 1,5 million d'hectares, en 2015. La logique spatiale productive des exploitations familiales d'origine paysanne a été complètement modifiée au fil du temps et les efforts de conservation du biome sont insignifiants par rapport aux autres biomes. Certaines unités de conservation (UC) sont localisées dans des territoires de communautés paysannes, comme le Refúgio de Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano (Revis), situé dans les municipalités de Jaborandi et Cocos, Bahia. La recherche visait à identifier dans quelle mesure les systèmes agricoles situés dans les communautés situées dans les interstices des unités de conservation et de l'agro-industrie dans l'ouest de Bahia résistent, évoluent et s’adaptent à cette coexistence. La thèse est qu'il est impossible d'avoir une coexistence entre les communautés, l'agriculture commerciale et une unité de conservation de la protection intégrale sur un même territoire. Cela se justifie parce qu'il y a une résistance de la part des deux acteurs concernant le partage du même territoire et, par conséquent, il ne peut y avoir aucune possibilité d'évolution et d'adaptation de l'agriculture familiale dans une condition de double exclusion. Les données primaires de cette recherche ont été obtenues par l'observation participante sur le territoire de Revis, dans la communauté de Pratudinho située au sein de l'UC, et dans les interstices des fermes agrobusiness et UC, dans la communauté de Brejão, municipalité de Jaborandi, Bahia. Des informations sur l'UC et les fermes agro-industrielles localisées à l'intérieur ou dans la zone tampon ont également fait l'objet de la recherche. Nous avons analysé aussi le problème dans plusieurs municipalités de l'ouest de Bahia. Les résultats permettent d'affirmer qu'il existe des contrastes entre les systèmes productifs du territoire étudié et qu'il y a une opposition entre les paysages, l'agrobiodiversité, les pratiques paysannes et les systèmes productifs paysans locaux. Il existe en outre de multiples interactions, perméabilités, interdépendances entre les systèmes; les normes environnementales renforcent ou inhibent ces relations. Il est possible de montrer le «retrait» des systèmes productifs locaux face à l'avancée de l'agriculture d'entreprise, à divers échelles et secteurs, étant donné qu’ils sont souvent acculés dans des zones protégées. Malgré les logiques opposées des systèmes productifs dans le territoire étudié, nous en concluons qu'il y a une interdépendance entre eux, le travail, la terre et les relations sociales. En guise de perspective, nous soulignons que des progrès sont nécessaires dans la reconnaissance et l'amélioration des systèmes productifs locaux, situés dans les interstices des monocultures.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/31432
Date27 September 2017
CreatorsSouza, Cláudia de
ContributorsPereira, Ludivine Eloy Costa
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageUnknown
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB
RightsA concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data., info:eu-repo/semantics/openAccess

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