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O impacto prognóstico dos sintomas depressivos detectados na manifestação do infarto agudo do miocárdio em uma coorte de pacientes submetidos a cuidados intensivos de prevenção cardiovascular após o evento

Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, 2009. / Submitted by Jaqueline Ferreira de Souza (jaquefs.braz@gmail.com) on 2010-03-10T19:07:34Z
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Previous issue date: 2009-03-06 / Fundamentos: Um substancial volume de evidências associa a presença de sintomas depressivos ao aumento do risco cardiovascular em pacientes que sofreram infarto agudo do miocárdio (IAM) Entretanto, a força de associação estimada pela razão de chances varia amplamente entre os estudos e, em alguns desses, essa associação não atingiu significância estatística. Embora não esteja clara a razão para a divergência de resultados, é hipoteticamente plausível que a variação da qualidade dos cuidados de prevenção cardiovascular recebidos modifique a natureza dessa associação. Além disso, é também possível que limitações na diferenciação entre sintomas somáticos do IAM ou da depressão possam enviesar a estimativa da força de associação. Objetivos: O presente estudo tem como objetivos: (i) Avaliar o impacto da presença de sintomas depressivos no risco do desfecho combinado: morte intra-hospitalar, morte súbita e IAM fatal ou não fatal, em pacientes com IAM com supradesnivelamento do segmento ST submetidos a cuidados intensivos de prevenção cardiovascular; (ii) Avaliar a associação entre os sintomas somáticos investigados pelo BDI-II e as características clínicas ou anatômicas do IAM ou o risco do desfecho combinado; (iii) Avaliar a existência de associação entre os sintomas depressivos e a resposta inflamatória do IAM ou fatores de risco cardiovasculares; (iv) Investigar a existência de associação independente entre cada um dos 21 sintomas depressivos estimados pelo BDI-II e o risco dos desfechos combinados. Casuística e métodos: Foram admitidos 245 pacientes nas primeiras 24 horas após IAM com supradesnivelamento do segmento ST. Todos pacientes foram submetidos à avaliação clínica, antropométrica e de sintomatologia depressiva pelo inventário de depressão de Beck (BDI-II) nas primeiras 24 horas da admissão. A evolução foi acompanhada pelos investigadores na fase intra-hospitalar e até dois anos após o evento inicial. Amostras de sangue foram colhidas na admissão e no quinto dia após IAM em todos os pacientes arrolados. Resultados: Encontramos uma tendência à recorrência de eventos cardiovasculares, morte intra-hospitalar, morte súbita e IAM fatal ou não fatal, nos pacientes com BDI-II superior a 10 ou ao percentil 90. Entretanto, a associação não atingiu significância estatística (p=0,63). Na regressão multivariada de Cox a associação entre cada um dos sintomas depressivos e o desfecho combinado, nos dois anos de acompanhamento clínico, foram independentemente associados aos desfechos a idade (p=0,004) e os sintomas depressivos pessimismo (p=0,019) e perda do prazer (p=0,035). Os sintomas perda de auto-estima (p=0,09) e perda do interesse (p=0,07) tiveram uma tendência à associação significativa. Entre os fatores de risco para a DAC, somente hipertensão arterial sistêmica (HAS) foi estatisticamente associada à intensidade dos sintomas depressivos estimada pelo BDI-II (p=0,006). A gravidade da DAC (p=0,98) e a presença de trombos intracoronários (p=1,0) não se relacionaram à gravidade dos sintomas. Também não houve associação estatisticamente significante entre a intensidade dos sintomas e a atividade inflamatória sistêmica, estimada pela PCR plasmática, na admissão hospitalar (p= 0,65) ou seu aumento durante o IAM (p=0,9). A intensidade dos sintomas não se associou significativamente à extensão da massa infartada ou mesmo à gravidade clínica da manifestação do IAM (p>0,05). Encontramos associação independente entre HAS e presença de fadiga (p= 0,016) e alterações do sono (p=0,007) e associação de síndrome metabólica e sentimentos de punição (p= 0,006). Indivíduos com baixa escolaridade apresentaram mais freqüentemente perda da auto-estima (p=0,003), sentimentos de punição (p=0,018), irritabilidade (p=0,028) e perda do prazer (p=0,008). Indivíduos com baixa renda apresentaram autocrítica exacerbada (p=0,007) e sentimento de inutilidade (p=0,04). Conclusões: Em pacientes que recebem cuidados clínicos intensivos após IAM, a intensidade dos sintomas depressivos estimada pelo BDI-II não prediz a recorrência de eventos coronarianos agudos. No entanto, mesmo em condições ideais de prevenção cardiovascular, indivíduos que apresentam os sintomas depressivos pessimismo e perda do prazer têm maior risco de morte súbita ou recorrência de IAM. Parte da ligação causal entre a presença de sintomas depressivos e o risco de IAM pode decorrer da associação desses sintomas com fatores de risco para DAC como HAS, síndrome metabólica e fatores de risco psicossociais. __________________________________________________________________________________- ABSTRACT / Background: A substantial amount of evidence links the presence of depressive symptoms to increased cardiovascular risk in patients who suffered acute myocardial infarction (AMI). However, the strength of association estimated by the odds ratio varies widely between studies and, in some, this association did not reach statistical significance. Although not clear the reason for the divergence of results, it is hypothetically plausible that the variation in the quality of the preventive cardiovascular care would change the nature of this association. It is also possible that constraints on the differentiation between somatic symptoms from AMI or from depression may bias the estimated strength of association. Objectives: This study aims to: (i) assess the prognostic impact of the presence of depressive symptoms during AMI in the outcome of patients undergoing intensive cardiovascular prevention care; (ii) assess the presence of independent association between the 21 major depressive symptoms and the risk of clinical outcomes: sudden death or fatal or nonfatal AMI; and (iii) evaluate the existence of association between depressive symptoms and inflammatory response during AMI or risk factors for coronary artery disease (CAD). Patients and methods: We admitted 245 patients (60 11 years) in the first 24 hours after AMI with ST-segment elevation. All patients underwent clinical evaluation, anthropometric and depressive symptoms by the Beck Depression Inventory (BDI-II) in the first 24 hours of admission. Blood samples were collected at admission and on the fifth day after AMI in all patients enrolled. The clinical outcome was accompanied by the investigators in the in-hospital phase and up to two years after the initial event. Results: We found a tendency for recurrence of cardiovascular events, death and fatal or nonfatal AMI in patients with BDI-II greater than 10 or the 90th percentile. However, the association did not reach statistical significance (p = 0.63). In Cox multivariate regression of the association between each of the depressive symptoms and the combined outcome were considered independent predictors: age (p=0.004) and the depressive symptoms pessimism (p=0.019) and loss of pleasure (p=0.035). Loss of self-concept (p=0.09) and loss of interest (p=0.07) had a trend toward significant association. Among the risk factors for CAD, only hypertension was statistically associated with the intensity of depressive symptoms as estimated by the BDIII (p=0.006). The severity of CAD (p=0.98) and the presence of intracoronary thrombus (p=1.0) were not related to the severity of depressive symptoms. There was also no statistically significant association between the intensity of symptoms and systemic inflammatory activity, estimated by plasma CRP, at hospital admission (p=0.65) or its increase during AMI (p=0.9). The intensity of symptoms was not significantly associated with the extension of the infarcted mass or even the severity of AMI clinical manifestation (p>0.05). We found an independent association between hypertension and the presence of fatigue (p=0.016) and sleep disorders (p=0.007) and metabolic syndrome and feelings of self-punishment (p=0.006). Individuals with lower education had more frequent loss of self-esteem (p=0.003), feelings of punishment (p=0.018), irritability (p=0.028) and loss of pleasure (p=0.008). Individuals with low income had exacerbated self-blame (p=0.007) and feelings of worthlessness (p=0.04). Conclusions: In patients receiving intensive medical care after AMI, the intensity of depressive symptoms estimated by the BDI-II does not predict the recurrence of acute coronary events. However, even under ideal conditions for preventing cardiovascular disease, individuals who present the depressive symptoms pessimism and loss of pleasure are at increased risk of sudden death or recurrent AMI. Part of the causal link between the presence of depressive symptoms and risk of AMI may result from the association of these symptoms with risk factors for CAD such as hypertension, metabolic syndrome and psychosocial factors

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/4738
Date06 March 2009
CreatorsBorges, Andréa Plácido
ContributorsSposito, Andrei Carvalho
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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