Introdução - Os efeitos na saúde de dietas vegetarianas (DV) apontam principalmente para a diminuição do risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), uma vez que modula positivamente parâmetros bioquímicos, particularmente aqueles relacionados ao controle da glicemia e lipemia, além de ser uma medida para o controle de peso. Estudos recentes em adultos demonstram que a dieta possa também modular parâmetros moleculares. Nesse cenário, atenta-se para o papel do Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo (BDNF) o qual parece estar relacionado com a DV em relação à redução de triglicerídeos e colesterol e aumento da sensibilidade à insulina. Objetivo - Avaliar adultos que adotaram uma DV, em relação ao estado nutricional, aos parâmetros bioquímicos e moleculares comparados aos adultos com dieta onívora. Métodos - A população avaliada foi constituída por 96 indivíduos, 56 vegetarianos e 40 onívoros, adultos e de ambos os sexos, em um estudo do tipo transversal. Para o levantamento dos dados sociodemográficos e de estilo de vida foi aplicado questionário e aferidas às medidas de peso corporal (PC) e altura, para posterior cálculo de Índice de Massa Corporal (IMC) e circunferência de cintura (CC). Foi realizada também coleta de sangue para estudos bioquímicos e expressão de BDNF plasmático. Os índices de Castelli 1 e 2 (razões lipídicas) são indicadores de risco cardiovascular (RCV) com maior valor preditivo do que parâmetros isolados, por isso, também foram calculados. A resistência à insulina (IR) foi avaliada pelo índice HOMA_IR. As análises foram conduzidas pelo software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 20.0 e para todas foi considerado um nível de significância de 5 por cento .Foi realizada análise de regressão logística para identificar se a DV e outros fatores podem prever a redução da chance de ter RCV, determinado pelos índices de Castelli 1 e 2.Resultados Em relação às variáveis de estilo de vida, os VEG têm uma tendência a praticar mais atividade física (64,3 por cento vs 42,5 por cento , p = 0,056) e ingerir suplementos alimentares (48,1 por cento vs 20,5 por cento , p = 0,012), embora o número de fumantes se apresente semelhante em ambos os grupos. Não houve diferença estatisticamente significante para as variáveis: idade, sexo, prática de fumar, triglicerídeos (TG), Colesterol Total (CT) e lipoproteína de baixa densidade (LDL- c) entre os dois grupos. Já os valores dos índices de Castelli 1 (3,23 ± 0,84 vs 3,90 ± 0,99, p =0,001)e 2 (1,91 ± 0,69 vs 2,42 ± 0,79, p = 0,001) foram menores em vegetarianos (VEG) do que em onívoros (ONV). O grupo VEG tinha significativamente menor PC (63,9 ± 10,4 vs 69,4 ± 14,6 kg, p = 0,032); IMC (22,5 ± 2,6 vs 25,0 ± 3,9 kg/m2, p = 0,001); CC( 81,8 ± 8,2 vs 87,8 ± 10,9 cm, p = 0,003 ) e maior lipoproteína de alta densidade (HDL-c) (54,88 ± 14,44 vs 47,30 ± 12,27 mg / dl , p = 0,008) . Os VEG também apresentaram menor HOMA-IR (1,17 ± 0,70 vs 1,48 ± 0,8, p = 0,02) em comparação com ONV. Quanto a variável BDNF, não houve diferença entre os grupos VEG e ONV (662,8 + 276,5pg/ml vs 698,1 + 314,9 pg/ml, p=0,563). Conclusão - Sugere-se, portanto, que a DV pode ter efeitos protetores na saúde cardiovascular e no metabolismo desses indivíduos. / Introduction - The effects of vegetarian diets (VD) on health points out mainly to a decrease in the risk for noncomunnicable chronic disease (NCDs) once it positively modulates the biochemical parameters, particularly those related to the control of glicemic and lipemia being also a way of controlling weight. Recent studies have shown that diet can also modulate molecular parameters. In this scenario, one must pay attention to the role of the brain-derived neurotrophic factor (BDNF) which seems to be related to the VG in what regards the reduction of triacylglycerol and cholesterol, and the increase of insulin sensitivity. Objective - To assess adults that adopted a VD in what regards their nutritional status, biochemical and molecular parameters, in comparison to adults that adopted an omnivorous diet. Methods- A cross-sectional study assessed a population composed of 96 individuals, 56 vegetarians and 40 omnivores, adults of both genders. A questionnaire was administered in order to gather sociodemographic and life-style related data, body weight (BW), height and waist circumference (WC) were surveyed. In order to carry out the biochemical study and the expression of plasmatic BDNF, blood was collected. The Castelli indexes 1 and 2 (lipid ratios) are indicators of cardiovascular risk (CVR) with a higher predictive value than isolated parameters and therefore were calculated. Insulin resistance (IR) was calculated by the HOMA_IR index. The analyses were carried out through the SPSS (Statistical Package for Social Sciences) software, 20.0 version, taking into account a 5 per cent significance level. An analysis of logistic regression was done in order to identify if the VD and other factors are able to prevent the reduction of CVR, determined by the Castelli indexes 1 and 2. Results - There was no statistically significant difference between both groups regarding the following variables: age, gender, smoking habits, triglyceride (TG), Total Cholesterol (TC) low-density lipoprotein cholesterol (LDL- col). On the other hand, the values of the Castelli indexes 1 (3,23 ± 0,84 vs 3,90 ± 0,99, p =0,001) and 2 (1,91 ± 0,69 vs 2,42 ± 0,79, p = 0,001) were lower in vegetarians (VEG) than in omnivores (OMV). The VEG-groups showed significant lower BW (63,9 ± 10,4 vs 69,4 ± 14,6 kg, p = 0,032); BMI (22,5 ± 2,6 vs 25,0 ± 3,9 kg/m2, p = 0,001); WC ( 81,8 ± 8,2 vs 87,8 ± 10,9 cm, p = 0,003 ) and more high-density lipoprotein cholesterol (HDL col) (54,88 ± 14,44 vs 47,30 ± 12,27 mg / dl , p = 0,008). The VEG-group also presented lower HOMA-IR (1,17 ± 0,70 vs 1,48 ± 0,8, p = 0,02) in comparison to the OMV-group. Regarding life-style parameters, the individuals of the VEG-group displayed a tendency for practicing more physical activity (64,3 per cent vs 42,5 per cent , p = 0,056) and for ingesting food supplement (48,1 per cent vs 20,5 per cent , p = 0,012), although the number of smokers was quite similar between both groups. Regarding the BDNF variable, there was no difference between the VEG-group and the OMVGroup (662,8 + 276,5 pg/ml vs 698,1 + 314,9 pg/ml, p=0,563).Conclusion - In relation to these results it is to be suggested that a VD may exert protective effects on cardiovascular health and on the metabolism of the individuals that adopt it.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-03112014-112316 |
Date | 19 September 2014 |
Creators | Carolina Vieira de Mello Barros Pimentel |
Contributors | Sonia Tucunduva Philippi, Elizabeth Teodorov, Maria Martha Bernardi, Bruno Caramelli, Dirce Maria Lobo Marchioni, Marcelo Macedo Rogero |
Publisher | Universidade de São Paulo, Nutrição em Saúde Pública, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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