"Adoções" que não deram certo: o Impacto da "devolução" no desenvolvimento da criança e do adolescente na perspectiva de profissionais

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Diante da escassez de pesquisas sobre a devolução, esta dissertação teve como objetivo investigar a percepção dos profissionais que lidam com crianças/adolescentes que foram adotados e devolvidos, sobre o impacto que essa experiência pode acarretar sobre seus desenvolvimentos. Num primeiro momento, apresenta-se um
histórico da adoção e da devolução, auxiliando a compreensão do respaldo histórico de práticas como a institucionalização de crianças e adolescentes e a devolução. O segundo momento é composto por informações e reflexões a respeito da adoção e, no terceiro, aprofunda-se na devolução em si. Visando a investigar o impacto da
devolução para crianças e adolescentes que vivenciaram esta situação, foram realizadas entrevistas semi-dirigidas, individuais, com 21 profissionais que trabalham em casas de acolhimento na cidade do Recife. Tendo em vista a ausência de dados sobre o assunto, todas as casas de acolhimento da cidade (14) participaram da pesquisa, tornando assim possível um levantamento aproximado da quantidade de casos de devolução, no Recife, entre 2009 e 2015: 35 casos, envolvendo 24 crianças e adolescentes. Ou seja, aproximadamente uma devolução a cada dois meses, nos últimos seis anos. A partir da análise de conteúdo temática das falas dos participantes, foi possível observar algumas reações comuns nos adolescentes e crianças que
vivenciaram uma, ou mais devoluções: agressividade, rejeição à nova adoção, reações de negação à devolução, dificuldade de confiar em pessoas próximas, reações depressivas (introspecção e episódios de choro), dificuldades escolares/cognitivas, autoculpabilização e distúrbios do sono. No que diz respeito às reações dos profissionais frente à devolução, foi possível observar o sentimento de
frustração, frequentemente relacionado à sensação de incompetência e impotência; indignação e raiva; a ideia de que a devolução foi melhor para a criança e distanciamento afetivo do caso. Foram recorrentes, também, críticas por parte dos profissionais ao processo de adoção, principalmente no que diz respeito à preparação dos adotantes e à ausência de um trabalho conjunto entre a equipe da casa de acolhimento e a equipe do judiciário. Diante dos resultados encontrados, foi possível perceber que a devolução é uma experiência que impacta negativamente a criança e o adolescente. Esta pesquisa, portanto, visou a evidenciar os aspectos da vida da
criança e adolescente impactados por essa experiência para, assim, subsidiar teoricamente as intervenções realizadas pelos profissionais que os receberem na casa de acolhimento, além de instrumentalizar os operadores do direito e os terapeutas que atendem esses jovens e os pretendentes.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:unicap.br:863
Date08 January 2016
CreatorsFlávia de Moura Rocha Parente Muniz
ContributorsCristina Maria de Souza Brito Dias, Edilene Freire de Queiroz, Lidia Levy de Alvarenga
PublisherUniversidade Católica de Pernambuco, Mestrado em Psicologia Clínica, UNICAP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNICAP, instname:Universidade Católica de Pernambuco, instacron:UNICAP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0027 seconds