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Mulheres vítimas de violência sob proteção do estado : uma aproximação hermenêutica / The women victims of violence under the state protection : a hermeneutics approach

CARVALHO, Quitéria Clarice Magalhães. Mulheres vítimas de violência sob proteção do estado : uma aproximação hermenêutica . 2010. 143 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Fortaleza, 2010. / Submitted by denise santos (denise.santos@ufc.br) on 2012-02-27T12:41:02Z
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Previous issue date: 2010 / Violence is a dominant phenomenon in human history since ancient times. When emphasizing interpersonal violence we highlight the woman as one of the main victims, and the marital violence as the most practiced. This phenomenon intersects with gender, subjectivity, social asymmetry, cultural and political dimensions. Thus, under the assumption of a gap between the policy proposals of sheltering and how it is being executed. We defend the argument that the State, represented by the device safe house, assists the women subjected to domestic violence primarily through actions of physical and legal protection, but with little impact on the process of social reintegration of the sheltered. Therefore, we had as a general objective: to understand the experience of women related to domestic violence and the institutional sheltering. Specific objectives: learning how to experience the violence and the passage by the shelter home, identify actions taken by the institution for sheltering in anticipation of the guidelines and objectives of the policy of sheltering. Described study with a qualitative approach, based on the principles of philosophical hermeneutics, for realizing that the phenomenon of violence, its victims and its surroundings are part of a subjective and complex universe. The study setting was a Governmental Organization (shelter home), maintained by the state government of Ceará. We had, as participants, 10 housed women in the data collection period, which occurred in September 2009 and February 2010. The data were collected through semi-structured interviews and workshops. As the results show, the phenomenon of violence was always present intensely in the sheltered life. At the tender age, the perpetrators were fathers, mothers, brothers, stepfathers and stepmothers, with explanations ranging from "educating" to punish. In the adult stage, the most frequent modality is marital violence, exercised physically, psychologically and sexually. They are women of low income, low education, most are domestic / housekeeper. They report a history of suicidal idea, somatic complaints, anger, depression and fear. They broke the violent relationship for fear of being murdered by their companions. This rupture occurred immediately after countless manifestations of shares of extreme violence by the aggressor. The passage by the shelter home represents a period of isolation compounded by the daily lack of entertainment or occupation. According to reports, people would like to spend time at the shelter home to do courses, training, become literate, have leisure time, including going to church, experiencing opportunities which did not exist before. The only fun for them is to see programs on TV channels. As we approached the reality of women victimized by domestic violence, users of the shelter home, we noted the gap between guidelines, objectives and programmatic actions of the policy of sheltering, and how it is applied in practice to their sheltered. The feasibility of our policies has been known and praised even by the less politicized. We can not allow this model to continue committing political lives, dreams, hopes. Its necessary a collective reflection on what we want and what we have in our political landscape. These women, like many Brazilians assisted by limited and inefficient political actions, deserve the opportunity for a better life, fueled by the dream of having their citizenship respected and the satisfaction of making this dream became true. / A violência é um fenômeno dominante na história da humanidade desde tempos remotos. Ao enfatizarmos a violência interpessoal, destacamos a mulher como um das principais vítimas, e a violência conjugal como a modalidade mais praticada. Esse fenômeno se entrecruza com gênero, subjetividade, assimetria social, dimensões culturais e políticas. Dessa forma, sob o pressuposto de existir um hiato entre as propostas da política de abrigamento e a forma como ela está sendo executada. Defendemos a tese: o Estado, representado pelo dispositivo casa-abrigo, assiste a mulher submetida à violência conjugal por meio de ações de proteção física e jurídica, mas com pouco impacto no processo de reinserção social das abrigadas. Portanto, tivemos como objetivo geral: compreender a vivência da mulher relacionada com o violência doméstica e com o abrigamento institucional. Objetivos específicos: apreender o modo como vivencia a violência e a passagem pela casa-abrigo; identificar ações desenvolvidas pela instituição durante o abrigamento na perspectiva das diretrizes e objetivos da política de abrigamento. Estudo descrito, com abordagem qualitativa, pautado nos princípios da hermenêutica filosófica, por percebemos que o fenômeno da violência, suas vítimas e seu entorno fazem parte de um universo subjetivo e complexo. O cenário da pesquisa foi uma Organização Governamental (casa-abrigo), mantida pelo governo do Estado do Ceará. Como participantes contamos com 10 mulheres abrigadas no período da coleta de dados, ocorrida nos meses de setembro de 2009 e fevereiro de 2010. Os dados foram produzidos por meio de entrevista semiestruturada e oficinas temáticas. Conforme os resultados mostram, o fenômeno da violência sempre esteve presente de forma intensa na vida das abrigadas. Na tenra idade, os agressores eram pais, mães, irmãos, padrastos e madrastas, com justificativas que variam de “educar” a punir. Já na fase adulta, a modalidade mais frequente é a violência conjugal, exercida de forma física, psicológica e sexual. São mulheres de baixa renda, baixa escolaridade, a maioria é doméstica/dona de casa. Relatam histórico de ideia suicida, queixas somáticas, revolta, depressão e temor. Romperam a relação violenta por medo de serem assassinadas por seus companheiros. Esse rompimento deu-se após inúmeras manifestações de ações de extrema violência por parte do agressor. A passagem pela casa-abrigo representa um período de isolamento agravado pelo ócio diário. Gostariam de aproveitar o tempo na casa-abrigo para fazerem cursos, capacitações, se alfabetizarem, terem momentos de lazer, entre os quais ir à igreja, vivenciarem oportunidades antes inexistentes. Para elas a única diversão é ver a programação nos canais de TV. Ao nos aproximarmos da realidade de mulheres vitimadas pela violência conjugal, usuárias da casa-abrigo, evidenciamos a lacuna entre diretrizes, objetivos e ações programáticas da política de abrigamento, e como ela é aplicada na prática das suas abrigadas. A exequibilidade das nossas políticas tem se tornado conhecida e aclamada até mesmo pelos pouco politizados. Não podemos permitir que esse modelo político continue comprometendo vidas, sonhos, esperanças. Urge uma reflexão coletiva acerca do que queremos e o que temos em nosso panorama político. Essas mulheres, assim como muitos brasileiros atingidos por políticas limitadas e ineficientes, merecem a oportunidade de uma vida melhor, alimentada pelo sonho de ter sua cidadania respeitada e a satisfação de realizá-lo.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.repositorio.ufc.br:riufc/2143
Date January 2010
CreatorsCarvalho, Quitéria Clarice Magalhães
ContributorsBraga , Violante Augusta Batista
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFC, instname:Universidade Federal do Ceará, instacron:UFC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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