Return to search

The experiences and the resistance of the native population of Cumbe in the conflicting cultural scenario of subsistence fishery and shrimp farming, and of the carcinicultura, Cumbe, Aracati-CE / O trabalho no mangue nas tramas do (des)envolvimento e da des(ilusÃo) com "esse furacÃo chamado carcinicultura": conflito socioambiental no Cumbe-Aracati-CE

Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgico / Shrimp farming is the main cause of the rapid growth observed in aquiculture around the world. The practice was introduced in Brazil in the 1970s, but it required appropriate farming technology based on the Pacific white shrimp (Litopenaeus vannamei), incentive through public policies and funding by state banks beginning in 1996/1997 to trigger the boom which lasted until 2004. Most shrimp farms in the state of Cearà are located in the municipality of Aracati, especially in Cumbe ― a community located in the vicinity of a mangrove swamp abundant with crabs. The objective of our study was to investigate how the native population of Cumbe experiences work in the mangrove and builds up resistance in the conflicting cultural scenario of subsistence fishery and shrimp farming. As methodological reference we used depth hermeneutics comprising the stages of socio-historical analysis, formal or discourse analysis, and interpretation/re-interpretation. The field work was carried out in Cumbe between December 2006 and February 2007 through participant observation and open interviews. The information collected revealed the existence of a socio-environmental conflict in Cumbe as mangrove land is increasingly appropriated by shrimp farmers justified by claims of progress, development, sustainability and efficiency. Local workers were initially attracted to the prospects of the new industry, but eventually felt deluded as life and work in the community, as well as the relation between community and ecosystem, became seriously compromised. Vast mangrove areas were cleared and fenced off to make room for shrimp ponds, making access to fishing grounds more difficult for the local population. Likewise, upon shrimp harvesting, waste water containing sodium metabisulfite was let out into the tributaries of the Jaguaribe river killing great numbers of fish and crabs. The latter became almost extinct locally for three years forcing many crab fishermen to move to mangrove swamps in the neighbor state Rio Grande do Norte or even to take menial jobs in the shrimp farming industry. Thus, the socio-environmental conflict in Cumbe involves both a power dispute over the mangrove ecosystem and a symbolic clash between shrimp farmers and subsistence fishermen regarding the concepts of development, sustainability and efficiency which justify the use and ownership of the disputed territories. Resistance towards shrimp farming originated with the communityâs disappointment over unfulfilled promises of development and job generation, reinforced by the near-destruction of the local crab fauna. Thus, a counter-hegemonic environmental discourse has emerged from new scientific knowledge and socio-environmental movements presenting a critique of the concepts of development, sustainability and efficiency as defined by the advocates of the shrimp farming industry, strengthening the identity of the native population and valuing the traditional ways of life and work. / A carcinicultura â criaÃÃo de camarÃo em cativeiro â tem sido responsÃvel pelo rÃpido crescimento da aqÃicultura mundial. Introduzida no Brasil na dÃcada de 70, somente a partir de 1996/1997, com o desenvolvimento de um pacote tecnolÃgico do camarÃo do pacÃfico (Litopenaeus vannamei), atravÃs do incentivo de polÃticas pÃblicas e com o financiamento dos bancos pÃblicos, atinge um crescimento acelerado atà 2004. No CearÃ, o municÃpio de Aracati concentra o maior nÃmero de fazendas de camarÃo e a maior Ãrea ocupada, estando grande parte destas implantada no Cumbe â um lugar rico por dar muito caranguejo. A delimitaÃÃo do nosso objeto de estudo pode ser explicitada na pergunta: como os(as) trabalhadores(as) vivenciam o trabalho no mangue e constroem a resistÃncia no tecido cultural conflitivo da pesca artesanal e da carciniculutra na comunidade Cumbe, em Aracati-CE? Buscando atender aos objetivos implÃcitos nesta pergunta adotamos o referencial metodolÃgico da HermenÃutica de Profundidade, e com base em suas trÃs fases â AnÃlise socio-histÃrica, AnÃlise Formal Discursiva e InterpretaÃÃo/Re-interpretaÃÃo â, conduzimos o nosso trabalho de campo realizado na comunidade Cumbe (dezembro/2006 a fevereiro/2007) e a discussÃo do material empÃrico coletado, por meio de observaÃÃo participante e entrevistas abertas. Os resultados mostram a existÃncia de um conflito socioambiental no Cumbe, visto que o uso e a apropriaÃÃo do territÃrio manguezal pela carcinicultura, baseado no discurso da crenÃa no progresso e no desenvolvimento, da sustentabilidade e da eficiÃncia, no inÃcio âenvolveâ e âiludeâ os(as) trabalhadores(as), e, com o tempo, influencia o modo de vida da comunidade e sua relaÃÃo com o ecossistema manguezal, comprometendo a continuidade da cultura do trabalho ali realizado, particularmente na sua instalaÃÃo, ao devastar grandes Ãreas de mangue e ao fechar com cercas os criatÃrios de camarÃo, que dificultam ou impedem o acesso da comunidade ao mangue; e, especialmente, no desenvolvimento do seu processo produtivo, quando na realizaÃÃo da despesca do camarÃo, ocasionando a mortandade de peixes e caranguejos e a quase extinÃÃo destes Ãltimos por cerca de trÃs anos, situaÃÃo que levou a que muitos catadores de caranguejo tivessem de ir trabalhar em Ãreas de mangue do Rio Grande do Norte â estado vizinho ao CearÃ, e, em muitos casos, obrigaram-se a se empregar na carcinicultura em condiÃÃes precÃrias e humilhantes. Portanto, o conflito socioambiental no Cumbe se configura pela disputa tanto no que se refere à distribuiÃÃo de poder sobre o ecossistema manguezal como de uma luta simbÃlica em relaÃÃo Ãs categorias de âdesenvolvimentoâ, âsustentabilidadeâ e âeficiÃnciaâ que legitimam as diferentes prÃticas de uso e apropriaÃÃo do territÃrio pelos distintos agentes sociais â carcinicultores e trabalhadores(as) do mangue. Nesse sentido, a resistÃncia à carcinicultura ocorre em um contexto de desilusÃo da comunidade em relaÃÃo à crenÃa no desenvolvimento e na geraÃÃo de emprego, e adquire forÃa por ocasiÃo da ocorrÃncia da mortandade dos caranguejos, e com o apoio dos movimentos sociais ambientalistas e de pesquisa tem sido marcada pela construÃÃo de um discurso ambiental contra-hegemÃnico, fundamentado na crÃtica Ãs noÃÃes de desenvolvimento, sustentabilidade e eficiÃncia, propaladas pela carcinicultura, e na afirmaÃÃo da identidade das comunidades tradicionais (povos do mangue), valorizando o seu modo de vida e de trabalho.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.teses.ufc.br:1215
Date02 June 2008
CreatorsAna Claudia de Araujo Teixeira
ContributorsÃngela Maria Bessa Linhares, Raquel Maria Rigotto, AntÃnio Jeovah de Andrade Meireles, Norma Felicidade Lopes da Silva Valencio, Tania Cecilia Pacheco da Silva
PublisherUniversidade Federal do CearÃ, Programa de PÃs-GraduaÃÃo em EducaÃÃo, UFC, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC, instname:Universidade Federal do Ceará, instacron:UFC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.014 seconds