O presente trabalho discute a história da genética no Brasil desde sua institucionalização até o desenvolvimento da genética humana, entre 1920 e 1970. No Brasil, os primeiros estudos de genética remontam à década de 1920 nas escolas agrícolas, em especial o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), em Piracicaba. Em 1934, a partir da formação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), que incorporou a ESALQ, se iniciou a institucionalização da genética no Departamento de Biologia Geral daquela Faculdade e a criação da primeira escola de genética de populações de Drosophila de espécies tropicais. Esta escola foi denominada de Dreyfus-Dobzhansky e sua origem esteve ligada ao plano de ação da Fundação Rockefeller para a ciência na América Latina. A Fundação Rockefeller patrocinou a vinda do evolucionista Theodosius Dobzhansky, considerado um pioneiro na genética de populações de Drosophila e na teoria sintética da evolução. Na década de 1940 e 50, o desenvolvimento da genética de populações sob a liderança de André Dreyfus, Theodosius Dobzhansky e Crodowaldo Pavan fez do Departamento de Biologia Geral da USP um centro nacional de pesquisas de genética de populações e evolução, além de atuar na formação de inúmeros pesquisadores que foram posteriormente fazer pós-graduação com Dobzhansky na Universidade de Columbia. A evolução nas pesquisas de populações de Drosophila resultou no reconhecimento internacional da genética no Brasil, através de suas publicações, e na formação de novos centros de estudo de genética disseminados por todo o país. Novas áreas de pesquisa também foram desenvolvidas, como a genética humana e a genética de micro-organismos. A partir de 1960, pesquisadores brasileiros liderados por Oswaldo Frota-Pessoa, Newton Freire-Maia, Pedro Henrique Saldanha, Willy Beçak, Cora de Moura Pedreira, entre outros, desenvolveram importantes pesquisas na área de genética de populações humanas. Os centros de pesquisa de genética humana estabeleceram parcerias em projetos internacionais nos estudos voltados para os grupos sanguíneos das populações indígenas e aos efeitos da radiação nos seres humanos estes em cooperação com a World Health Organization. Esta tese analisa os principais aspectos desta história da genética no Brasil. Um de seus resultados é a descoberta de um plano nacional de desenvolvimento para a genética, que se deu a partir de parcerias internacionais e renomados cientistas. Os geneticistas brasileiros reelaboraram suas pesquisas de forma original, estudando por exemplo, a consanguinidade e as doenças genéticas das populações brasileiras. Este grupo se disseminou numa influente rede de pesquisas internacionais, tornando-se um dos mais respeitados staffs de genética mundial nas décadas de 1960 e 70. / The present study discusses the history of genetics in Brazil from its institutionalization to the development of human genetics between 1920 and 1970. The first genetic studies in Brazil date back to the 1920s in agricultural schools, especially the Agronomic Institute of Campinas (IAC) and the Luiz de Queiroz College of Agriculture (ESALQ) in Piracicaba. In 1934, as of the formation of the Faculty of Philosophy, Sciences and Arts of the University of São Paulo (USP), which introduced ESALQ, the institutionalization of genetics was begun in the Department of General Biology of that Faculty and the creation of the first school of genetics of Drosophila populations of tropical species. This school was named Dreyfus-Dobzhansky and its origin was linked to the action plan of the Rockefeller Foundation for science in Latin America. The Rockefeller Foundation sponsored the evolutionist Theodosius Dobzhanskys coming, who is considered a pioneer in the Drosophila populations genetics and in the synthetic theory of evolution. In the 1940s and 1950s, the development of population genetics under the leadership of André Dreyfus, Theodosius Dobzhansky and Crodowaldo Pavan made the Department of General Biology of USP a national center for population genetics and evolution research, as well as training of countless researchers who were later doing postgraduate studies with Dobzhansky at Columbia University. The development of Drosophila population research has resulted in the international recognition of genetics in Brazil, through its publications, and in the formation of new genetic study centers spread throughout the country. New areas of research have also been developed, such as genetics of microorganisms and human genetics. Since 1960, Brazilian researchers led by Oswaldo Frota-Pessoa, Newton Freire-Maia, Pedro Henrique Saldanha, Willy Beçak and Cássio Bottura have developed important research in the area of genetics of human populations. Human genetics research centers have established partnerships in international projects in studies focusing on blood groups and the effects of radioactivity in humans - in cooperation with the World Health Organization. This study analyzes the main aspects of this history of genetics in Brazil. One of the results is the discovery of a national development plan for genetics, which has come from international partnerships and renowned scientists. Brazilian geneticists reworked their research in an original way, for example, studying the inbreeding and genetic diseases of Brazilian populations. This group spread to an influential international research network, becoming one of the world\'s most respected genetics staff in the 1960s and 1970s.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-09042019-131004 |
Date | 12 December 2018 |
Creators | Formiga, Dayana de Oliveira |
Contributors | Santos Filho, Gildo Magalhães dos |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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