Introdução: a revisão de literatura aponta que os recém-nascidos submetidos ao banho de imersão produzem menor variação térmica pós-banho comparado aos submetidos ao banho com esponja. No Brasil, o Ministério da Saúde vem capacitando profissionais que atuam em unidades de internação neonatal para implementar o Método Mãe Canguru e, entre outras práticas, recomenda que o recém-nascido pré-termo (RNPT) e com baixo peso seja submetido ao banho de imersão envolto em cueiro ou lençol, sugerindo mudança da prática hegemônica do banho com esponja ou banho de imersão convencional. No entanto, a técnica de banho de imersão recomendada carece de evidências científicas quanto a sua segurança em relação às repercussões na estabilidade da temperatura corporal (T), frequência cardíaca (FC), cortisol salivar (CS) e comportamental em RNPT. Hipótese: os RNPT submetidos ao banho de imersão envoltos em lençol (BIE) apresentam respostas fisiológicas e comportamentais similares aos submetidos à técnica de banho de imersão convencional (BIC), nos primeiros 20 minutos pós-banho. Objetivo: avaliar os parâmetros fisiológicos e comportamentais de RNPT submetidos ao banho de imersão envolto em lençol (BIE) e banho de imersão convencional (BIC). Método: ensaio clínico randomizado cruzado com amostra composta por 43 RNPT, internados na Unidade Neonatal de um hospital escola da cidade de São Paulo. Os RNPT foram alocados no grupo A ou B, seguindo uma lista de randomização gerada pelo software R que foi envelopada e mantida com os auxiliares da pesquisa responsáveis pelos banhos dos RNPT. A randomização definiu a técnica do primeiro banho que o RN seria submetido. Somente após análise dos dados foi aberto o envelope da randomização sendo identificado que no grupo A, o primeiro banho foi o BIC (intervenção controle) e no grupo B, o BIE (intervenção experimental). A técnica do BIE seguiu a técnica recomendada no Manual Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso: Método Mãe-Canguru, publicada pelo Ministério da Saúde. Foram utilizadas filmadoras para obter os valores da FC e da SatO2 registradas pelo monitor cardíaco instalado nos RNPT e para captar imagens das reações comportamentais antes e após os banhos. As temperaturas axilares foram aferidas com termômetro digital e amostras de saliva foram coletadas com esponja oftálmica (Merocel)®, refrigeradas e processada pelo teste Elisa. As filmagens do estado comportamental 10 minutos pré e 10 e 20 minutos pós-banho foram analisadas utilizando o instrumento de avaliação do sono-vigília validado por Brandon e Holditch-Davis. Os dados foram registrados em formulário próprio e armazenados em planilha Microsoft Excel. A análise estatística foi realizada com os programas Minitab, versão 16.1 e SPSS, versão 20. Além da análise descritiva das variáveis numéricas para obtenção de medidas de tendência central e dispersão e frequências absoluta e relativa, foram utilizados os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher; o teste T pareado, ANOVA e Modelos Generalizados Lineares na análise dos dados. Resultados: As temperaturas axilares médias dos RNPT pré-BIC e pré-BIE foram, respectivamente, 36,695°C e 36,667°C, p = 0,329. No 10° minuto pós-BIC e BIE, as médias das temperaturas axilares foram, respectivamente, 36,533°C e 36,535°C, p = 0,944. No 20° minuto pós-BIC e BIE, as médias da temperatura axilar foram 36,626°C e 36,628°C, p = 0,663. Houve queda na temperatura axilar no 10° minuto pós-banho, independente do tipo de banho realizado (p <0,001). A hipótese de que o BIE é equivalente ao BIC em relação à variação da temperatura axilar foi confirmada. Houve redução significante nos valores das FC no 10° e 20° minutos pós-BIC e BIE comparados aos valores pré-banho, independente do tipo de banho (p<0,001). Ocorreu aumento gradativo dos valores médios de SatO2 no 10º e 20° minutos após os banhos sem diferenças significantes nos valores pré-banhos, p = 0,969. A concentração do cortisol salivar aumentou após o banho em ambos os grupos, p = 0,001, entretanto não ocorreram diferenças entre os grupos, ou seja, os níveis de cortisol salivar aumentaram após o banho, independente do tipo de banho, p = 0,797. O percentual de tempo em estado sono ativo aumentou após o banho, independente do tipo de banho, p<0,001, ou seja, houve mudança significativa no comportamento do recém-nascido, sem diferenças entre os banhos, p = 0,425. Conclusão: Tanto os RNPT que receberam BIC quanto os que receberam BIE apresentaram queda na temperatura corporal no 10° minuto pós-banho com aumento da temperatura corporal no 20° minuto pós-banho. Comparado aos achados da literatura, a redução da temperatura corporal foi menor que no banho com esponja. O BIE é equivalente ao BIC, portanto ambos são indicados aos RNPT. Convêm salientar o aumento dos custos do BIE em razão do consumo de lençol e da capacitação necessária da equipe de enfermagem nesta técnica de banho, sem prolongar o tempo médio dispendido no banho, visto que poderá reduzir a temperatura da água do banho e consequentemente causar queda na temperatura corporal do RN. / Introduction: the literature review shows that newborns underwent to immersion baths produce less post-bath thermal variation compared to those underwent to the sponge bath. In Brazil, the Ministry of Health has been qualifying working professionals in neonatal hospitalization units to implement the Kangaroo Mother Care and, among other practices, recommends that the preterm newborn infants (PNI) and underweight are underwent to the swaddle immersion bath wrapped in clothes or sheet, suggesting change of the hegemonic practice of sponge bath or conventional immersion bath. However, the immersion bath technique recommended requires more scientific evidence about its safety in relation to impact on the stability of body temperature (T), heart rate (HR), salivary cortisol (SC) and behavioral in PNI. Hypothesis: PNI underwent to swaddle immersion bath wrapped in sheet (SIB) have physiological and behavioral responses similar to those underwent to the conventional immersion bath technique (CIB), in the first 20 minutes post-bath. Objective: To evaluate the physiological and behavioral parameters of preterm newborn infants underwent to swaddle immersion bath in sheet (SIB) and conventional immersion bath (CIB). Method: Randomized crossover clinical trial with a sample of 43 preterm newborn infants in the neonatal unit of a university hospital in the city of Sao Paulo. PNI were allocated in the A or B groups, following a randomization list which was generated by the software R, which was enveloped and maintained with research assistants who were responsible for the baths of PNI. Randomization list defined the first bath technique that the newborn was underwent. The randomization envelope was only opened after data analysis being identified that in group A, the first bath was the CIB (control intervention) and group B, the SIB (experimental intervention). The SIB technique followed the technique recommended in the Humane Care Infant, Low Birth Weight: Kangaroo Mother Care Manual, published by the Ministry of Health of Brazil. Video cameras were used for the HR and SpO2 values recorded at heart monitor installed in the PNI and to capture images of behavioral responses before and after baths. Axillary temperatures were measured with a digital thermometer and saliva samples were collected with ophthalmic sponge (Merocel) ®, refrigerated and processed by the Elisa test. The video recorded of behavioral states of 10 minutes pre-baths and 10 and 20 minutes post-baths were analyzed using the sleep-wake assessment tool validated by Brandon and Holditch-Davis. Data were recorded and stored in the proper form in Microsoft Excel spreadsheet. Statistical analysis was performed using Minitab software, version 16.1 and SPSS, version 20. In addition to the descriptive analysis of numerical variables to obtain measures of central tendency, dispersion, absolute and relative frequencies, Chi-square tests were used and Fisher Exact, the paired T-test, ANOVA and Generalized Linear Models in the data analysis. Results: The mean axillary temperatures of PNI pre-CIB and SIB were respectively 36.695 °C and 36.667 °C, p = 0.329. At 10 minutes post-CIB and SIB, the mean axillary temperatures were, respectively, 36.533 ° C to 36.535 ° C, p = 0.944. At 20 minutes post- CIB and SIB, the average of axillary temperature were 36.626°C and 36.628 ° C, p = 0.663. There was a decrease in the axillary temperature at 10 minutes post-bath, regardless of the type performed bath (p < 0.001). The hypothesis that the SIB is equivalent to the CIB related to the variation in the axillary temperature was confirmed. There was a significant reduction in the HR values at the 10th and 20 th minutes after CIB and SIB compared to pre-bath values, regardless type of the bath (p< 0.001). There was a progressive rise on SpO2 mean values on the 10th and 20 th minutes after baths with no significant differences in pre-baths values, p = 0.969. The salivary cortisol concentrations increased after bathing in both groups, p = 0.001, however there were no differences between the groups, in other words, salivary cortisol levels increased after bathing, regardless of the type of bath, p = 0.797. The percentage of time in active sleep state increased after bathing, regardless of bath type, p <0.001, that is meaning there was significant change in newborn behavior, without differences between baths, p = 0.425. Conclusion: Both the PNI who received CIB, as those receiving SIB, had a decrease in body temperature in the 10th minute post bath followed by an increased body temperature at 20 minutes post-bath. Compared to previous studies, reduction of body temperature was lower than in the sponge bath. The SIB is equivalent to the CIB therefore both are recommended for preterm infants. It should be emphasized the increased in the SIB costs due to the bed sheet consumption and the required nursing staff training in this bath technique, without extending the average time spent in the bath, as it may reduce the temperature of the bath water, consequently causing body temperature drop on the newborn
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-27082015-152500 |
Date | 28 May 2015 |
Creators | Freitas, Patricia de |
Contributors | Kimura, Amélia Fumiko |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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