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[pt] AMIZADE DAS FORMAS: O POEMA-ENSAIO EM MARÍLIA GARCIA / [en] FRIENDSHIP OF FORMS: THE POEM-ESSAY IN MARÍLIA GARCIA

JESSICA DI CHIARA SALGADO 05 August 2024 (has links)
[pt] Propondo uma leitura do traço ensaístico da obra da poeta brasileira Marília Garcia, esta tese apresenta uma pesquisa em torno do que nomeamos de amizade das formas entre poesia e filosofia. Marília Garcia tem produzido uma obra que pode ser considerada, em si mesma, experimental e desviante: desvia do poema ao produzir objetos discursivos prenhes de mecanismos investigativos, ao mesmo tempo que desvia do ensaio inserindo, na especulação e na teoria, procedimentos não apenas criativos, como afetivos. Constituída por três movimentos de escrita, intitulados Perguntas, Imagens e Forma, na primeira parte da tese, a centralidade é dada ao livro Um teste de resistores (2014) através da análise de seu poema de abertura, Blind light. Está em jogo, nesse movimento, deslocar os lugares tradicionalmente atribuídos ao poeta e ao filósofo na participação (ou não) na terra estranha do saber, segundo expressão de Walter Benjamin. No segundo movimento, partindo da afirmação da própria poeta de que as imagens a ajudam a pensar, centramos nossa leitura no uso das imagens técnicas em Parque das ruínas, poema-ensaio que intitula o livro homônimo de Garcia, publicado em 2018. No terceiro movimento, que versa sobre a forma do poema-ensaio, a centralidade é dada ao texto O poema no tubo de ensaio, publicado na antologia crítica Sobre poesia: outras vozes (2016) e em Parque das ruínas (2018), e à história de suas versões. Transversalmente, o trabalho dialoga com a proposição de Giorgio Agamben sobre o estabelecimento da filosofia enquanto forma de conhecimento por meio de uma relação de inimizade com a poesia. Diante desta cisão, que marca o ocidente, propomos pensar, apoiados na emergência da ideia primeiro romântica da crítica de arte e nas teorias do ensaio, uma amizade das formas entre poesia e filosofia marcadamente através do poema-ensaio como forma, sendo esse, portanto, o mote que nos impulsiona em direção à poesia de Marília Garcia. / [en] Proposing a reading of the essayistic trait in the work of Brazilian poet Marília Garcia, this thesis presents an investigation around what we named friendship of forms between poetry and philosophy. Marília Garcia has produced a work that can be considered, in itself, experimental and deviant: it deviates from the poem by producing discursive objects pregnant with investigative mechanisms, while also deviating from the essay by inserting, in speculation and theory, procedures that are not only creative but affective. Consisting of three writing movements, entitled Questions, Images and Form, in the first part of the thesis, centrality is given to the book Um teste de resistores (2014) through the analysis of its opening poem, Blind light. At stake in this movement is the displacement of the places traditionally attributed to the poet and the philosopher in the participation (or not) in the strange land of knowledge, to use Walter Benjamin s expression. In the second movement, starting from the poet s own assertion that images help her to think, we focus our reading on the use of technical images in Parque das ruínas, a poem-essay that titles Marília Garcia s eponymous book, published in 2018. In the third movement, which deals with the poem-essay as form, centrality is given to the text O poema no tubo de ensaio, published both in the critical anthology Sobre poesia: outras vozes (2016) and in the author s book Parque das ruínas(2018), and the history of its versions. Throughout, he work dialogues with Giorgio Agamben s proposition on the consolidation of the social position of philosophy as a discursive form through the establishment of a relationship of enmity with poetry. We propose to think of this split, which marks the West, in terms of its undoing, supported by the emergence of the first romantic idea of criticism and the theories of the essay. One possible way of realizing the proposition of a friendship of forms seems to rest in the poem-essay, hence the driving force that impels us towards Marília Garcia s poetry through the analysis of three of her poem-essays.

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