[pt] O fenômeno do prolongamento da convivência familiar pode ser compreendido como uma forma de organização familiar que responde à instabilidade do contexto atual. O jovem contemporâneo convive com a ausência de segurança no campo profissional e afetivo, encontrando suporte na vida em família. Assim, ele se depara com o contraste entre o desamparo do mundo lá fora e o conforto na casa da família, uma vez que esta tem oferecido cada vez mais diálogo entre os membros. Esta dissertação tem como objetivo investigar as motivações, os obstáculos, a vida profissional, a vida afetiva e os planos para o futuro dos jovens adultos que moram com os pais. Para isto, recorremos ao campo da psicologia, da psicanálise, da sociologia e da história. Utilizamos metodologia qualitativa e entrevista semi-estruturada, que contemplou temas relevantes, relativos ao prolongamento da convivência familiar. Entrevistamos 8 sujeitos das camadas médias da população carioca, com idades entre 26 e 35 anos e que moram com os pais. Verificamos que os sujeitos destacam como vantagens de viver com os pais a questão econômica, a organização, a praticidade, o diálogo e o alento. Como desvantagens, eles apontam para a falta de privacidade e o sentimento de não pertença à casa da família. A vida profissional dos sujeitos é marcada por experiências de curto prazo e pelo medo em relação ao futuro. Porém, alguns sujeitos buscam no emprego público a garantia de uma vida mais estável. Já a vida amorosa dos entrevistados, é caracterizada principalmente pela flexibilidade dos laços amorosos. O quadro instável da atualidade, enfim, produz medo e insegurança nos sujeitos. Constatamos que diante dessa realidade, é comum que o jovem evite fazer planos para o futuro a fim de proteger-se contra possíveis frustrações. / [en] The phenomenon of delayed home-leaving can be understood as a new family structure that responds to the instability of the current context. The contemporary youth cope with the lack of security in their professional and emotional lives, and find support in family life. Thus, they face the contrast between the helplessness of the outside world and the comfort of the family home, since contemporary families tend to have an open dialogue. This study aims to investigate the motivations, obstacles, professional life, emotional life, and plans for the future of young adults living with their parents. To this end, we turned to the fields of psychology, psychoanalysis, sociology and history. Qualitative method and semi-structured interview were used, which included relevant issues concerning the phenomenon of delayed home-leaving. The subjects of our study were 8 middle class adults living with their parents in Rio de Janeiro, between the ages of 26 and 35. We found that the subjects highlight the economic issues, organization, practicality, dialogue, and support as advantages of living with their parents. As disadvantages, they point out the lack of privacy, and feeling that they do not belong to the family home. Their professional lives are characterized by short-term employment and fear of the future. However, some subjects seek public employment to ensure a more stable life. Yet, the love life of interviewees is characterized primarily by the frailty of bonds. The instability of our time produces insecurity and fear in the subjects. We verified that given this reality, it is common for young adults to avoid making plans for the future in order to protect themselves from potential frustrations.