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[en] RESTRICTION OR QUALIFICATION?: A STRUCTURAL INVESTIGATION OF THE INTERPRETATIONS OF ARISTOTLE S ANSWER TO THE PROBLEM OF FUTURE CONTINGENTS / [pt] RESTRIÇÃO OU QUALIFICAÇÃO?: UMA INVESTIGAÇÃO ESTRUTURAL SOBRE AS INTERPRETAÇÕES DA RESPOSTA DE ARISTÓTELES AO PROBLEMA DOS FUTUROS CONTINGENTESFERNANDA LOBO AFFONSO FERNANDES 30 March 2016 (has links)
[pt] O capítulo 9 de De Interpretatione é considerado um dos textos mais
polêmicos não só do corpus aristotelicum, mas de toda a filosofia. Nele
Aristóteles descreve um argumento, supostamente lógico, envolvendo o que viria
a ser conhecido como o princípio de bivalência a partir de Łukasiewicz, a saber, o
princípio segundo o qual todo enunciado declarativo é verdadeiro ou falso. Não
podendo aceitar suas consequências desastrosas (relacionadas às doutrinas do
determinismo e do fatalismo) na esfera da metafísica e da moral, Aristóteles
rejeita esse argumento. Tal problema ficou conhecido pela tradição como o
problema dos futuros contingentes . Dado o estilo sucinto do texto, ainda são
objeto de especulação: (i) qual teria sido a estratégia usada por Aristóteles em sua
resposta, (ii) qual seria o argumento ao qual ele se dirige no capítulo, e (iii) sobre
que tipo de problema trataria o capítulo. O presente estudo trata de questões
relacionadas a (i) e (iii). Quanto a (iii), defenderemos que, apesar das implicações
metafísicas do argumento rejeitado por Aristóteles, o cerne do capítulo 9 seria um
problema de natureza lógico-semântica, e que por isso seriam infundadas as
alegações de que esse capítulo constituiria um corpo estranho ao De
Interpretatione. Sobre (i), dentre as diversas propostas de interpretação, há duas
que se destacam: uma delas, considerada a mais antiga ou tradicional , baseia
a resposta de Aristóteles na restrição da validade do princípio da bivalência,
enquanto a outra, considerada a segunda mais antiga , defende que Aristóteles
teria mantido a validade irrestrita de bivalência mediante uma qualificação desse
princípio. Após discutirmos os principais aspectos e dificuldades dessas duas
interpretações, bem como analisarmos seus casos paradigmáticos, apresentamos
nossa proposta de solução para o problema do capítulo 9 de De Interpretatione.
Nossa proposta está baseada em uma compreensão não verofuncional da
disjunção, de modo a preservar a validade irrestrita do terceiro excluído. Podemos
considerar nossa proposta como uma forma de tornar real o que é considerado por
Quine como sendo a fantasia de Aristóteles. / [en] Chapter 9 of De Interpretatione is considered as one of the most
controversial texts not only in the corpus aristotelicum, but also in philosophy in
general. In that chapter Aristotle describes a supposedly logical argument
involving the semantic principle according to which every declarative statement is
true or false, known as the principle of bivalence after Łukasiewicz. Unwilling to
accept the disastrous consequences ̶ related to the doctrines of determinism and
fatalism ̶ imposed by such an argument on the realm of metaphysics and of
morals, Aristotle rejects it. That problem was known by tradition as the problem
of future contingents . Given the succinct style of Aristotle s text, there is still a
lot of speculation about: (i) what was the strategy used by Aristotle in his
response, (ii) what was the argument to which he addressed in that chapter, and
(iii) what kind of problem the chapter was all about. This study deals with issues
related to (i) and (iii). As for (iii), it will be argued that despite its metaphysical
implications, chapter 9 is concerned with a problem of logical and semantic
nature. Therefore, those allegations according to which that chapter would be a
foreign body to De Interpretatione seem to be unfounded. As for (i), among the
different interpretations of Aristotle s solution, there are two that stand out: one of
those, considered the oldest or traditional interpretation, advocates that
Aristotle s response consisted in restricting the validity of the principle of
bivalence, while the other, considered the second oldest interpretation ,
advocates that Aristotle would have kept the unrestricted validity of bivalence by
means of a qualification of that principle. After discussing the main aspects and
difficulties of those two interpretations, and analyzing its paradigmatic cases, we
present our proposed solution to the problem of Chapter 9 of De Interpretatione.
Our proposal is based on a non-truth-functional approach of disjunction in order
to preserve the unrestricted validity of the principle of excluded middle. We may
consider our proposal as a way to make real what Quine considered to be
Aristotle s fantasy .
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