[pt] O abuso sexual na infância e adolescência é um problema de saúde pública, possuindo possíveis repercussões ao longo da vida. Por exemplo, é associado a maior risco para o desenvolvimento de diversos sintomas psicopatológicos. Com o aumento do acesso à internet nos últimos 15 anos, principalmente entre crianças e adolescentes, a probabilidade de abertura a novas formas de abuso sexual torna-se uma preocupação. A vitimização sexual online surge nesse contexto. Já se sabe que durante as experiências de vitimização, há maior possibilidade de sintomas depressivos, ansiosos, ligados ao uso de substâncias e até ideação suicida, mas não se sabe exatamente o risco a médiolongo prazo. Assim, o objetivo desta dissertação foi investigar se a vitimização sexual online precoce (na infância e adolescência) tem associações com sintomas psicopatológicos na vida adulta. A dissertação foi elaborada na forma de artigos, sendo dividida nas seguintes etapas: um capítulo introdutório, dois artigos e um capítulo conclusivo. O ARTIGO 1 é uma tradução e adaptação de um instrumento de avaliação de vitimização sexual online (Online Sexual VictimizationScale). O ARTIGO 2 é um estudo online para investigar retrospectivamente, em uma amostra de adultos jovens e usuários de internet desde a infância, os diferentes efeitos da história de abuso sexual online e não online para sintomas de transtornos mentais. No Artigo 1, após todas as etapas de tradução e adaptação planejadas terem sido cumpridas com sucesso, foram realizadas análises fatoriais confirmatórias para verificar os índices de confiabilidade e validade do construto. De acordo com a análise fatorial, a escala possuimodelo de dois fatores: com um fator geral de segunda ordem e três fatores de primeira ordem que correspondem a subescalas- insistência (4 itens), ameaças (4 itens) e disseminação (2 itens). O modelo de segunda ordem apresentou bom a excelente ajuste do modelo entre os índices e todos os itens apresentaram cargas fatoriais significativas. Tal modelo replica o proposto originalmente pelo autor. Portanto, apresentamos a tradução, adaptação, bem como índices de confiabilidade e validade de construto da escala. No artigo 2, os resultados apontaram os efeitos da vitimização sexual online ocorridos precocemente como fatores de risco para diversos sintomas psicopatológicos. Além disso, observamos uma alta prevalência de vitimização sexual online durante a infância e adolescência, apresentada por três a cada quatro participantes. Para sustentar as experiências adversas como risco para sintomas, comparamos os grupos de participantes com e sem história de vitimização sexual online durante a infância e adolescência. Ao comparar o grupo controle e o grupo referente à vitimização sexual online antes dos 18 anos, notamos diferenças nas manifestações de sintomas psicopatológicos, indicando que tais eventos de vida negativos podem estar relacionados a efeitos duradouros na saúde mental. Os dados apresentados neste estudo sugerem que a vitimização sexual online de forma precoce é um tema emergente de preocupação à medida que a internet se torna cada vez mais acessível à população em geral. Surge então a necessidade de recursos de proteção mais fortes para evitar que crianças e adolescentes sejam expostos a tais situações estressantes. / [en] Child sexual abuse can be considered a public health problem, since its repercussions throughout life are associated with a greater risk for the development of several psychopathological symptoms. With the increase in internet access in the last 15 years, especially among children and adolescents, the likelihood of opening up to new forms of sexual abuse becomes a concern. Online sexual victimization emerges in this context, bringing relevant evidence of associations with symptoms such as depression, anxiety, suicide and substance use. Therefore, this dissertation aims to investigate early online sexual victimization associated with the manifestation of psychopathological symptoms in adulthood. The dissertation was prepared in the form of articles, being divided into the following steps: an introductory chapter, two articles and a concluding chapter. ARTICLE 1 is a translation and adaptation of an online sexual victimization assessment tool. ARTICLE 2 is an online study to retrospectively investigate, in a sample of young adults and internet users since childhood, the different effects of online and non-online sexual abuse history on symptoms of mental disorders. In Article 1, after all the planned translation and adaptation steps had been successfully completed, confirmatory factor analyzes were performed to verify the reliability and validity indices of the construct. According to factor analysis, the OSV is a second-order factor composed of three first-order factors - insistence (4 items), threats (4 items) and dissemination (2 items). The second order model showed good to excellent model fit between the indices and all items presented significant factor loadings. Therefore, we present the translation, adaptation, as well as reliability and construct validity indices of the scale. In article 2, the results pointed to the effects of early sexual victimization online as risk factors for several psychopathological symptoms. We observed a high prevalence of early online sexual victimization reported by participants, showing that three out of four adults who grew up with internet access experienced online sexual victimization during childhood and/or adolescence. When comparing the control group and the group referring to online sexual victimization before the age of 18, we noticed differences in the manifestations of psychopathological symptoms, indicating that such negative life events may be related to lasting effects on mental health. The data presented in this study suggest that early sexual victimization online is an emerging topic of concern as the internet becomes increasingly accessible to the general population. Our study found extremely relevant results, drawing attention to the importance of building stronger protective resources to prevent children and adolescents from being exposed to such stressful situations.

[pt] A discriminação percebida é um elemento estressor de saúde mental que consiste na capacidade de percepção dos sujeitos acerca das interações e experiências discriminatórias vividas no cotidiano. O objetivo desta dissertação foi explorar as associações entre a Discriminação Percebida e Sintomas de Saúde Mental. Para tanto, um trabalho dividido em três partes foi concebido. Uma revisão de literatura, sequência, uma revisão narrativa sobre discriminação percebida e transtorno mentais, sintomas psicopatológicos e por fim, avaliação das propriedades psicométricas da Escala de Discriminação Cotidiana e um estudo empírico que avaliou de forma online a presença de sintomas psicopatológicos e testou associações com a discriminação percebida. Trata-se de uma Pesquisa, com delineamento transversal e análise quantitativa, considerou as respostas de 547 brasileiros natos, adultos com idade entre 18 e 72 anos. Os participantes responderam quatro questionários autoaplicáveis, questionários, são eles, o sociodemográfico, a Escala de Discriminação Cotidiana, a Escala de Sofrimento Psicológico e a Escala Transversal de Sintomas Nível 1 do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta versão. Quanto aos resultados a validade baseada na estrutura interna foi realizada por meio da Análise Fatorial Exploratória que detectou que todos os itens funcionaram normalmente. A escala de demonstrou unidimensional por avaliar apenas um constructo, além de apresentar validade convergente com medidas externas através da Escala K10, que tem por finalidade avaliar relatos de sofrimento psicológico recente. A hipótese de que estigma e a discriminação possam interferir em movimentos de busca por ajuda psicológica foi confirmada neste estudo. Nosso estudo sustenta que a Escala de Discriminação Cotidiana possui propriedades confiáveis para ser utilizada no ambiente virtual, ampliando a viabilidade de estudos na temática. Logo, observamos que a EDS se associa positivamente com sintomas psicopatológicos e com o sofrimento psicológico recente. / [en] Perceived discrimination is a mental health stressor that involves individuals ability toperceive interactions and discriminatory experiences in their daily lives. The aim of this dissertation was to explore the associations between Perceived Discrimination and Psychopathological Symptoms. For this purpose, a three-part study was designed. It includeda literature review, a narrative review on perceived discrimination and disorders, symptoms, and other signs of psychological morbidity, and finally, an assessment of the psychometric properties of the Everyday Discrimination Scale along with an empirical study that evaluatedthe presence of psychopathological symptoms online and tested associations with perceived discrimination. A cross-sectional research design with quantitative analysis was employed, considering responses from 547 native Brazilian adults aged 18 to 72 years old. Participants completed four self-administered questionnaires: sociodemographic, Everyday Discrimination Scale, Psychological Distress Scale, and the Level 1 Cross-Cutting Symptom Scale from the Fifth Edition of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. Regarding the results, validity based on internal structure was conducted using Exploratory Factor Analysis,which found that all items functioned appropriately. The scale demonstrated unidimensionalityby assessing a single construct and showed convergent validity with external measures throughthe K10 Scale, designed to assess recent psychological distress reports. The hypothesis that stigma and discrimination might impact seeking psychological help was confirmed by this study. Our research supports that the Everyday Discrimination Scale possesses reliable properties for online use, enhancing the feasibility of studies in this area. Thus, we observed apositive association between the Everyday Discrimination Scale and psychopathologicalsymptoms as well as recent psychological distress.