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História evolutiva das árvores de cuia (Crescentia cujete): uma integração entre genótipo, ambiente e cultura

Moreira, Priscila Ambrósio 14 August 2017 (has links)
Submitted by Gizele Lima (gizele.lima@inpa.gov.br) on 2018-03-09T20:10:25Z No. of bitstreams: 2 PriscilaAMoreira_TESE_FINAL_INPA.pdf: 21462954 bytes, checksum: b3c42bb244242b3c2ebb4601fbd267fd (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Made available in DSpace on 2018-03-09T20:10:26Z (GMT). No. of bitstreams: 2 PriscilaAMoreira_TESE_FINAL_INPA.pdf: 21462954 bytes, checksum: b3c42bb244242b3c2ebb4601fbd267fd (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) Previous issue date: 2017-08-14 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / Amazonia is a center of plant domestication, where high linguistic diversity, different artistic styles and subsistence strategies also developed. The role of humans in the geographical distribution of Amazonian biodiversity, and the different pressures they exerted in the life history of organisms are debated. The historical analyses of the use of a plant across its geographical distribution contributes to this debate, since it aims to identify the morphological and genetic modifications promoted by human activity, identify areas of biological and cultural diversity, as well as understand the factors that influence the dynamics of the use and management of plant varieties. In this context, the general objective of this thesis was to contribute to the reconstruction of the domestication history, dispersal and diversification of treegourds (Crescentia cujete, Bignoniaceae) in Brazilian Amazonia. The fruits (cuia) have symbolic and technological values for different native peoples across the Neotropics, and therefore, are good examples for the integration of the social and cultural aspects of the biology of domestication. From a genomic library of C. cujete, molecular markers were developed, which were the basis to analyze the genetic relationship between C. cujete and C. amazonica in the Amazon Basin and test Gentry’s (1980) and Ducke’s (1946) hypotheses about the origin of domestication and morphological diversification of treegourd fruits. The evaluation of how people perceive, use and propagate fruits of both species integrated with genetic, morphological and ethnobotanical analyses between Amazonia and Mesoamerica allowed discussion of alternative hypothesis of the origin of domestication, infer routes of the plant dispersal, and identify cultural and ecological factors of selection and diversification. The results showed that hybridization is important for the phenotypic diversity of the fruit. Local varieties (maracá, cuiupi, paranã) are intimately associated with gene flow between homegardens and flooded forests, and their specific uses suggest that management of hybridization is an ancient practice in Amazonia. It was demonstrated that domesticated C. cujete was introduced into the Amazon Basin and into Mexico, but its geographical origin of domestication remains unknown. The pattern of genetic diversification between Western and Eastern Amazonia allowed inferences of two routes of introduction. These agree with routes previously proposed for human groups and their plants. Mesoamerica and Amazonia have contrasting fruit morphological diversity, which suggests different cultural preferences along treegourd’s dispersal routes. Even after the demographic collapse of human populations and their plants caused by European conquest, fruit shapes and fruit sizes manipulated by modern Native Amazonians and riverine families are legacies of the pre-Columbian occupation in Amazonia. / Amazônia é um centro de domesticação de plantas, onde também se desenvolveu alta diversidade linguística, diferentes estilos artísticos e estratégias de subsistência. O papel dos humanos na distribuição geográfica da biodiversidade amazônica e as diferentes pressões que exercem na história de vida dos organismos tem sido amplamente debatido. A análise histórica do uso de uma planta ao longo de sua distribuição geográfica contribui com este debate, uma vez que busca identificar as modificações morfológicas e genéticas promovidas pelas atividades humanas, identificar áreas de diversidade biológica e cultural, bem como entender os fatores que influenciam o dinamismo no uso e manejo de suas variedades. Nesta perspectiva, o objetivo geral da presente tese foi contribuir com a reconstrução da história de domesticação, dispersão e diversificação das cuieiras (Crescentia cujete, Bignoniaceae) na Amazônia brasileira. Os frutos (cuias) possuem valores simbólicos e tecnológicos entre diferentes povos nativos da região Neotropical e, portanto, podem ser bons exemplos para integrar aspectos sociais e culturais à biologia da domesticação. A partir do desenvolvimento de uma biblioteca genômica de C. cujete, foram desenvolvidos marcadores moleculares, os quais serviram de base para avaliar a relação genética entre C. cujete e C. amazonica na Bacia Amazônica e testar as hipóteses de Gentry (1980) e Ducke (1946) sobre a origem da domesticação e diversificação morfológica dos frutos. A avaliação de como as pessoas percebem, usam e propagam os frutos de ambas as espécies na Amazônia e a integração de análises genéticas, morfológicas e etnobotânicas entre Amazônia e Mesoamérica possibilitou discutir hipóteses alternativas de origem da domesticação, inferir rotas de dispersão da planta e identificar fatores culturais e ecológicos de seleção e diversificação. Os resultados mostraram que hibridização é importante na diversificação fenotípica da planta. Variedades locais (maracá, cuiupi, paranã) estão intimamente associadas ao fluxo gênico entre quintais e florestas alagáveis, e seus usos específicos sugerem que o manejo da hibridização é uma prática antiga na Amazônia. Foi demonstrado que C. cujete foi introduzida na Bacia Amazônica e no México, mas sua origem geográfica permanece desconhecida. O padrão de diversificação genética entre Leste e Oeste na Bacia Amazônica permitiu inferir duas rotas de introdução na Amazônia. A dispersão concorda com rotas anteriormente propostas para grupos humanos e suas plantas. Mesoamérica e Amazônia são contrastantes em termos da diversidade morfológica de frutos cultivados de C. cujete. A diversidade e distribuição do formato dos frutos revelam que, apesar do amplo uso utilitário dos frutos, existiram diferentes preferências culturais ao longo da distribuição da planta. Mesmo após o colapso demográfico de populações humanas e suas plantas causado pela conquista europeia, os formatos e tamanhos de frutos manipulados atualmente pelos povos indígenas e famílias ribeirinhas são legados da ocupação pré-colombiana na Amazônia.

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