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BRASIL TROPICÁLIA: do itinerário de uma arte brasileira à destruição da aura artística de Hélio Oiticica

SOARES, Paulo Marcondes Ferreira 28 February 2003 (has links)
Submitted by Haroudo Xavier Filho (haroudo.xavierfo@ufpe.br) on 2016-02-26T18:05:13Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 1232 bytes, checksum: 66e71c371cc565284e70f40736c94386 (MD5) Tese de PAULO MARCONDES FERREIRA SOARES 2003.pdf: 2152621 bytes, checksum: 477bf4ca82ce935800f96c20c1b83097 (MD5) / Made available in DSpace on 2016-02-26T18:05:13Z (GMT). No. of bitstreams: 2 license_rdf: 1232 bytes, checksum: 66e71c371cc565284e70f40736c94386 (MD5) Tese de PAULO MARCONDES FERREIRA SOARES 2003.pdf: 2152621 bytes, checksum: 477bf4ca82ce935800f96c20c1b83097 (MD5) Previous issue date: 2003-02-28 / O presente trabalho procura discutir a pertinência do uso, para o estudo da arte contemporânea, de dois conceitos centrais de Walter Benjamin: o de aura artística e o de alegoria. O caminho percorrido aqui é o da aplicação desses conceitos na investigação da experiência estética de Hélio Oiticica, um dos principais inventores do experimento artístico no Brasil dos anos 1960. O tema em questão volta-se para a tentativa de investigação da tensão existente na formulação de um projeto de arte nacional a partir do interior mesmo dos conflitos e contradições presentes no âmbito das manifestações da arte contemporânea entre nós. Com efeito, nossa proposta de trabalho visa identificar em Hélio Oiticica o princípio de uma experiência estética que se apresenta como um projeto artístico dos anos 1960, orientado para a intervenção no ambiente cultural e sócio-político daquele cotidiano da sociedade brasileira. Isto no sentido de organização das “vivências” rumo a uma total destruição do que Benjamin (1980) chamou de “aura” artística. No sentido atribuído por Benjamin, da aura como relacionada à idéia de símbolo enquanto concepção universalizante e restauradora de obra de arte como valor de culto, no sentido consagrado pela história da arte e pelos românticos, em contraposição ao alegórico que, segundo pensa, expressa um nível distinto de “articulação entre a arte e a história, que não se adequa aos interesses das classes dominantes”. É no âmbito dessa configuração do alegórico que se vai procurar abordar, neste estudo, a obra de Hélio Oiticica. Trata-se de um trabalho que não pode ser apreendido exclusivamente em termos plásticos, mas, sobretudo, em termos de um processo que se manifesta a nível estético-político-ético. Ou seja, naquilo a que se considera como existindo sem divisões de teoria/prática. Em outras palavras, sua obra se expressa a partir do aguçamento das contradições fundamentais próprias ao universo cultural em cujo contexto se encontrava imerso. A esse projeto Oiticica denominava de antiarte, que é a compreensão e razão de ser do artista, que não se caracteriza aqui como criador para a contemplação, mas sim como um motivador para a criação – que só se completa no envolvimento ativo do “espectador” como “participador” no processo. A antiarte seria, assim, uma atividade criadora latente, motivada pelo artista, orientada para uma forma de necessidade coletiva. Por outro lado, não se tratava de atribuir ao espectador a função de criador, mas de possibilitar-lhe algum nível de “participação” em que “ache” o que realizar de modo criativo – onde mesmo o “nãoachar” se traduz como um tipo significativo de participação. É esse projeto o que leva Oiticica a uma definição de arte ambiental como reunião do indivisível de “todas as modalidades em posse do artista ao criar”: tanto aquelas familiares, quanto as resultantes da inventividade do artista ou a participação do espectador. / Having in mind the study of contemporary art, the present work tries to discuss the relevance of the use of Walter Benjamin´s two central concepts: the artistic zephyr and allegory. The method used here it is the application of these concepts in the investigation of Hélio Oiticica´s aesthetic experience, being himself one of the principal inventors of the artistic experiment in Brazil in the 1960`s. The subject studied here is an attempt to investigate the tension that exists in the formulation of a national art project from the heart of the conflicts and contradictions present in the context of the demonstrations of contemporary art in our country. Actually, our proposal of work aims to identify in Hélio Oiticica´s work the beginning of an aesthetic experience that presents itself as an artistic project of the 1960s, orientated for the intervention in the cultural and socio-political environment of Brazilian society daily life of that time. All this in the sense of organization of the "vivências" (experiences of life) that would lead to a total destruction of what Benjamin (1980) called artistic "zephyr". In the meaning attributed by Benjamin zephyr is related to the idea of symbol as a universalizing conception and restorer of the work of art as a worship, in the sense consecrated by the history of art and by the romantic ones, in opposition to allegory that, according to him, expresses a distinct level of “articulation between art and history, which is not adapted to the interests of the dominant classes”. It is in this context of allegory that it will be attempted to approach, in this study, Hélio Oiticica´s work. This work cannot be exclusively taken in plastic terms, but rather in terms of a process that shows an aesthetic ethical-political level. It means that of what one thinks as existing without theory / practice divisions. In other words, his work expresses itself from the emphasis of the basic contradictions proper to the cultural universe of the context it was immersed. Oiticica called this project anti-art, which is the meaning and the reason for living to the artist, who is not characterized here as a creator of something for contemplation, but as a motivator for the creation – that is only completed in the active involvement of the "spectator" as “ participant “ in the process. The anti-art would be this way a creative latent activity motivated by the artist, orientated for a form of collective necessity. On the other side, it does not the case of attributing to a spectator the creative function, but of making it possible a certain level of "participation" in which he/she "finds" what to carry out in creative way – where even the “ not finding ” is accepted as a significant type of participation. It is this project that leads Oiticica to a definition of environmental art as the meeting of the indivisible one of “all the kinds of possession of the artist while creating”: both those familiar as the ones resultant from the inventiveness of the artist as well as the participation of the spectator.

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