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Sentidos da violência conjugal : a perspectiva de casais

Pondaag, Miriam Cássia Mendonça 17 December 2009 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2009. / Submitted by Luanna Maia (luanna@bce.unb.br) on 2011-06-06T11:44:18Z No. of bitstreams: 1 2009_MiriamCassiaMPondaag.pdf: 1234252 bytes, checksum: 8899d18a8ebe0326a06c4bfec21f76ba (MD5) / Approved for entry into archive by Luanna Maia(luanna@bce.unb.br) on 2011-06-06T11:45:00Z (GMT) No. of bitstreams: 1 2009_MiriamCassiaMPondaag.pdf: 1234252 bytes, checksum: 8899d18a8ebe0326a06c4bfec21f76ba (MD5) / Made available in DSpace on 2011-06-06T11:45:00Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2009_MiriamCassiaMPondaag.pdf: 1234252 bytes, checksum: 8899d18a8ebe0326a06c4bfec21f76ba (MD5) / O que é percebido como violência em uma relação conjugal? Este estudo teve como objetivo investigar os sentidos da violência conjugal para casais em que um membro formalizou queixa na Justiça. A tese defendida é que os sentidos da violência conjugal se constroem na interseção com os sentidos da conjugalidade e do gênero. Participaram do estudo cinco casais. Foram realizadas entrevistas individuais e de casal. Para análise e interpretação das informações utilizou-se a metodologia de análise das práticas discursivas como produção de sentido. Nos discursos de ambos os sexos, mas de maneira mais notória nos discursos masculinos, verificou-se uma tendência maior para perceber como violência comportamentos agressivos vindos do par conjugal, em detrimento dos próprios. Constatou-se uma polissemia de sentidos atribuídos à violência, visível através da pluralidade de significados usada por cada membro do casal para representar a conjugalidade, os papéis de gênero e a própria violência. O gênero é determinante para esta pluralidade, ao demarcar diferenças significativas nas percepções de maridos e esposas em relação a estas dimensões. Os achados apontaram para uma transição nos sentidos de gênero, que se revelou como fonte geradora de conflitos e da violência no cotidiano conjugal. Enquanto as mulheres paradoxalmente resistem e se movimentam para buscar rupturas com sentidos tradicionais de gênero, os homens demonstraram querer preservar tais sentidos. Estas rupturas parecem ameaçadoras às masculinidades. A percepção da violência na conjugalidade, para os homens, está relacionada a situações que ameaçam seu poder e sua autoridade. O uso da violência parece ser um recurso para resguardar os estereótipos de gênero e para lidar com o risco da perda de poder. A percepção da violência, para as mulheres, acentua-se nas circunstâncias em que atitudes e atos dos parceiros ameaçam o vínculo conjugal, o sonho romântico de ter um parceiro ideal e um relacionamento feliz. O uso da violência, por parte delas, parece ser uma tentativa de preservação/realização deste sonho e/ou uma expressão do ressentimento por sua perda. A indignação das mulheres diante das agressões dos parceiros não tem o poder de abalar o vínculo conjugal - ele pareceu ser incondicional. Os maridos compartilharam essa percepção do vínculo, embora utilizando uma outra lógica: sentidos tradicionais de gênero fazem que os maridos acreditem que suas atitudes destrutivas não constituam razão para o rompimento conjugal - eles tenderam a minimizar os danos e os impactos destas atitudes. A presença de sentidos estereotipados de gênero contribui para que a violência conjugal assuma sentidos que a minimizam e justificam e permite que o vínculo conjugal seja mantido. _______________________________________________________________________________ ABSTRACT / What is perceived as violence in a marital relationship? The objective of this study was to investigate the meanings of domestic violence for couples in which one of its members had filed a criminal complaint against the other. The thesis defended here is that the meanings of violence in relationships are constructed in interaction with the meanings ascribed to marriage and gender. Five couples took part on this study. Individual and couple interviews were used to collect data. Discourse analysis was the method used to interpret the data gathered. The discourses of husbands and wives, but specially the discourses of the males, showed a tendency to perceive as violence the aggressive behavior of the partner, instead of ones own. One of the main findings of the study was that multiple meanings are attributed to violence in the relationship. This became visible through the plurality of meanings that each member of the couple used to represent marriage, gender roles and violence itself. Gender is by far the determinant factor of this plurality- there are significant differences in the perceptions of husbands and wives regarding these dimensions. The findings pointed to a transition in the meanings of gender. Such transition revealed itself as a source of conflicts and of violence in the daily life of the couples. While the women paradoxically resisted and moved out to search for ruptures in the traditional meanings of gender, men demonstrated the will to preserve such meanings. The wives’ movements toward gender ruptures seemed to threaten their masculinities. The husbands’ perceptions of violence in the relationship were related to situations that threatened their power and their authority. The use of violence seemed to be instrumental in protecting gender role stereotypes and in dealing with the risk of losing power. The women’s perceptions of of the presence of violence in the relationship became stronger in circumstances in which attitudes and acts of their partners threatened the marital bond, or the romantic dream of having an ideal partner and a happy relationship. The use of violence on the part of the wives, seemed to be an attempt to preserve or to accomplish this dream; it could also be seen as an expression of resentment for losing it. The indignation of the wives in face of the aggressions of their partners was not strong enough to destruct the relational bond - it seemed to be unconditional. The husbands shared this perception of the bond, although holding a different point of view: the strongly held traditional meanings of gender made them believe that their destructive attitudes were not enough to bring about marital rupture: they tended to minimize the damages and the impacts of their attitudes. Summarizing, the presence of stereotyped gender meanings contributed to the meanings attributed to the violence experienced in the relationship. minimizing and justifying it, thus contributing to the continuation of the marital bond.

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