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Efeitos argumentativos na escrita infantil ou a ilusão da argumentação / Argumentative effects in the child's writing

Campos, Claudia Mendes 08 December 2005 (has links)
Orientador: Maria Fausta Cajahyba Pereira de Castro / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-04T23:13:22Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Campos_ClaudiaMendes_D.pdf: 3503124 bytes, checksum: 283e18b27d3c7b24ed206df5e79580ae (MD5) Previous issue date: 2005 / Resumo: Esta tese estuda a argumentação na escrita infantil. Trata-se de um estudo de caso, cujo objeto de análise são os textos em que há argumentação escritos por uma criança entre os cinco e os dez anos de idade. A pergunta norteadora do trabalho é como o texto argumentativo funciona na escrita da criança? A argumentação na linguagem da criança tem estatuto diferente da argumentação na linguagem do adulto, embora por vezes encontremos estruturas lingüísticas semelhantes em ambas. Além do fato de que na linguagem da criança há sempre um resto de outras falas, seja dela mesma seja do adulto - um resto que também existe na linguagem do adulto, mas que diferencia a criança por ser constitutivo de sua fala e de sua escrita -, outra característica diferencia a produção argumentativa da criança da argumentação na língua constituída, evidenciando suas especificidades: sua maior suscetibilidade aos deslizamentos promovidos pela imprevisibilidade da linguagem. Ainda que a fala do adulto também seja marcada pela incompletude e suscetível a deslizamentos e rupturas, ainda que o rompimento se dê também na fala do adulto, na linguagem da criança tais traços não são apenas uma possibilidade, não são eventuais - são constitutivos. Para tratar da argumentação no texto escrito infantil, recorro aos trabalhos de Ducrot na teoria da argumentação na língua (ADL), particularmente às noções de encadeamento argumentativo e de orientação argumentativa, que permitem fazê-lo tomando a argumentação como uma questão lingüística. Em ambas estas noções, não estão em jogo nem as informações contidas no enunciado nem suas condições de verdade, uma vez que o sentido de um encadeamento argumentativo é definido pela relação de interdependência existente entre os seus segmentos, tal que a significação da conclusão é construída pelo argumento e vice-versa, e a orientação argumentativa oferece as indicações acerca dos discursos que podem dar continuidade ao texto. Embora a argumentação na escrita da criança possa ser descrita a partir de tais conceitos, a heterogeneidade e a imprevisibilidade que a constituem abrem espaço para a deriva à qual a linguagem está sempre sujeita, possibilitando deslizamentos e rupturas no texto da criança e oferecendo lugar para a interpretação. Desse modo, a argumentação funciona no texto da criança como um contraponto à deriva à qual está submetida a linguagem - a partir dela, o texto resiste à dispersão e o sentido se constitui (Pereira de Castro, 2001). A argumentação comparece nos textos analisados na tese de diferentes maneiras: em alguns deles, ela coincide com um encadeamento argumentativo; em outros, ela se deve unicamente à orientação argumentativa; outros trazem à tona a incompletude constitutiva da linguagem; há ainda aqueles marcados por processos lingüísticos como o paralelismo e a polarização, que por vezes tendem a impedir os efeitos referenciais no texto da criança. Em todos eles, no entanto, quando a argumentação se impõe, a deriva é contida e os sentidos não se esgarçam / Abstract: This work studies argumentation in the child's writing. It is a case study whose subject is texts, written by a child from five to ten years old, in which there is a process of argumentation. The central question of the work is how does the argumentative text work in the writings of a child? Argumentation has a different quality in the language of a child and in that of an adult, though we sometimes find similar linguistic structures in both of them. Besides the fact that in the language of a child there are always traces of other speeches (either its own or an adult's) and that these traces also exist in the adult's language, but define children in being constitutive of their speech and of their writing, another characteristic singles out the argumentative production of the child in its relation to argumentation in the formed language, bringing its specificities to the foreground: namely, its greater susceptibility to the glidings generated by language's imprevisibility. Though the speech of an adult is also branded with incompleteness and liable to glide and break, though the rupture also occurs in the speech of the adult subject, in the language of a child such features are not only a possibility and not only circunstancial: they are constitutive. To deal with argumentation in the written text of a child, I employ the works of Ducrot, in his Theory of argumentation in language (ADL in the Portuguese acronym), mainly his notions of argumentative chaining and argumentative orientation, which enable me to work considering argumentation a linguistic question. In both notions, neither the information that one can find in the utterance, nor its truth-conditions are the matter, since the meaning of an argumentative chain is defined through the relation of interdependence which obtains between its segments, and, consequently, the meaning of the conclusion is built by the argument and is simultaneously built by it, and the argumentative orientation offers the clues to the speeches that can generate continuity in the text. Though argumentation in the child's writing can be defined by such concepts, the heterogeneity and imprevisibility which form such argumentation leave the field open to the drift that hovers all the time over the child, generating the possibility of glidings and ruptures in the child's text and offering interpretation a place in it. In such a scenario, argumentation works, in the child's text, as counterpart do the drift which hovers over the language: thanks to argumentation, the text resists dispersion and the meaning is generated (Pereira de Castro, 2001). Argumentation shows different faces in the texts this work analyses: in some of them, it coincides with an argumentative chain; in others it is only born of the argumentative orientation; others still reveal the incompleteness which constitutes language; there are still those branded by linguistic processes such as parallelism and polarization, which can sometimes lead to an impossibility of the referential effects in the child's text. Nonetheless, in all of them, when argumentation raises above these processes, the drift is won and the meanings are not frayed. / Doutorado / Psicolinguistica / Doutor em Linguística

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