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O clítico se no português brasileiro / Clitic se constructions in Brazilian Portuguese

Jorge, Paula Bauab 14 April 2016 (has links)
O presente trabalho tem como objetivo investigar o uso do clítico se nas construções do português brasileiro, a partir de dados da modalidade oral. Tendo em vista que esse clítico está associado a uma diversidade de significados, buscamos identificar em quais tipos de construções ele é empregado e como ele contribui para a interpretação das sentenças em que aparece. Para isso, recorremos a dois corpora de língua oral: (i) C-ORAL-BRASIL e (ii) Projeto SP2010: Amostra da fala paulistana. O primeiro reflete a fala mineira, ao passo que o segundo retrata a produção de falantes paulistanos. Os dados foram tratados pelo viés da Gramática Cognitiva, uma vez que essa perspectiva teórica possibilitou-nos olhar para fatores relevantes para o entendimento da voz média. A proposta de Langacker (2008) acerca dos diferentes tipos de construções, assim como a de Maldonado (2006) no que concerne à elaboração da força indutora do evento, serviu de base para a análise das sentenças que se encontram em uma zona intermediária entre construções impessoais, de um lado, e construções absolutas, de outro. Dentro desse contínuo, a elaboração da força indutora se dá em graus variados. Nas sentenças impessoais, o clítico introduz no evento uma força indutora que, embora seja humana, é genérica ou arbitrária. Nas sentenças médias de proeminência terminal, o se representa uma força indutora externa ainda mais esquemática, o que faz com que o foco da sentença recaia sobre a porção final do evento. Além disso, há os casos em que a força indutora é ainda menos elaborada, remetendo a uma energia mínima, próxima das construções absolutas. Estas não envolvem a conceitualização de uma força indutora. Para entender o contínuo reflexivo-médio, partimos dos trabalhos de Kemmer (1993, 1994), que ressalta fatores como a distinguibilidade dos participantes e a prototipicidade da ação, e de Maldonado (2006), que destaca o grau de controle exercido pelo sujeito. Enquanto as construções reflexivas envolvem maior distinguibilidade na conceitualização das facetas do participante e maior controle por parte deste, as médias refletem uma conceitualização indistinguível do participante e, em diversos casos, menor grau de controle. Além disso, a proposta acerca do experienciador médio (Maldonado, 2006) mostra que o clítico tem relação com o nível de envolvimento do participante no evento. Com base nas análises desenvolvidas dentro desse quadro teórico, bem como nas evidências empíricas fornecidas pelos corpora, defendemos que o clítico está associado a um processo de energização do evento (Maldonado, 2006), seja conferindo a introdução de uma força indutora, seja indicando maior envolvimento do participante. Com este estudo, pretendemos contribuir para o entendimento do papel do clítico se no português brasileiro e sua relação com a conceitualização de eventos. / The present study aims at investigating the use of clitic se in Brazilian Portuguese constructions, by means of empirical analysis. Considering this clitic is associated with a variety of meanings, this research has tried to identify in what types of constructions it is used and how it contributes to the interpretation of the sentences. In order to accomplish this goal, two oral language corpora were examined: (i) C-ORAL-BRASIL and (ii) Projeto SP2010. The first one reflects the dialect spoken in Minas Gerais, and the second portrays the dialect spoken in the city of São Paulo. Data were treated according to Cognitive Grammars perspective, since this theoretical approach has pointed out some aspects that proved to be relevant for the understanding of the middle voice. Langackers (2008) proposal about the different types of constructions, as well as Maldonados (2006) thesis concerning the elaboration of the inductive force of the event, was taken as a starting point for the analysis of the sentences located in an intermediate zone between impersonal constructions, on one side, and absolute constructions, on the other side. Within this zone, the inductive force can be elaborated in different degrees. In impersonal constructions, clitic se introduces a human force that has a generic or arbitrary interpretation. In middle sentences that exhibit prominence in the final part of the event, the clitic represents an external and highly schematic inductive force it is precisely this schematization that causes the effect of final prominence. Furthermore, there are cases in which the inductive force has an even lower level of elaboration. In such cases, the clitic makes reference to a minimal level of energy, one that is closer to absolute constructions (in which no inductive force is conceptualized). In order to understand the reflexive-middle continuum, we departed from Kemmers study (1993, 1994) which emphasizes aspects such as the relative distinguishability of participants and the expectation that initiator and endpoint have the same identity and Maldonados work (2006), which highlights the degree to which the participant controls the event. While reflexive constructions involve greater distinguishability in the conceptualization of the participant and greater control exerted by him/her, middle constructions reflect that the participant is being conceived as a unitary entity and that, in many cases, this participant does not exert as much control over the event. Besides, Maldonados (2006) proposal regarding the middle experiencer shows that the clitic is related to the degree the participant is involved in the event. Based on the analyses developed within this theoretical frame and on empirical evidence, we defend that the clitic is associated with a process of energization of the event (Maldonado, 2006). This is accomplished either by introducing an inductive force or by indicating a greater involvement of the participant in the event. In this study, we intend to contribute to the understanding of the role played by clitic se in Brazilian Portuguese constructions and its relationship with event conceptualization.
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O clítico se no português brasileiro / Clitic se constructions in Brazilian Portuguese

Paula Bauab Jorge 14 April 2016 (has links)
O presente trabalho tem como objetivo investigar o uso do clítico se nas construções do português brasileiro, a partir de dados da modalidade oral. Tendo em vista que esse clítico está associado a uma diversidade de significados, buscamos identificar em quais tipos de construções ele é empregado e como ele contribui para a interpretação das sentenças em que aparece. Para isso, recorremos a dois corpora de língua oral: (i) C-ORAL-BRASIL e (ii) Projeto SP2010: Amostra da fala paulistana. O primeiro reflete a fala mineira, ao passo que o segundo retrata a produção de falantes paulistanos. Os dados foram tratados pelo viés da Gramática Cognitiva, uma vez que essa perspectiva teórica possibilitou-nos olhar para fatores relevantes para o entendimento da voz média. A proposta de Langacker (2008) acerca dos diferentes tipos de construções, assim como a de Maldonado (2006) no que concerne à elaboração da força indutora do evento, serviu de base para a análise das sentenças que se encontram em uma zona intermediária entre construções impessoais, de um lado, e construções absolutas, de outro. Dentro desse contínuo, a elaboração da força indutora se dá em graus variados. Nas sentenças impessoais, o clítico introduz no evento uma força indutora que, embora seja humana, é genérica ou arbitrária. Nas sentenças médias de proeminência terminal, o se representa uma força indutora externa ainda mais esquemática, o que faz com que o foco da sentença recaia sobre a porção final do evento. Além disso, há os casos em que a força indutora é ainda menos elaborada, remetendo a uma energia mínima, próxima das construções absolutas. Estas não envolvem a conceitualização de uma força indutora. Para entender o contínuo reflexivo-médio, partimos dos trabalhos de Kemmer (1993, 1994), que ressalta fatores como a distinguibilidade dos participantes e a prototipicidade da ação, e de Maldonado (2006), que destaca o grau de controle exercido pelo sujeito. Enquanto as construções reflexivas envolvem maior distinguibilidade na conceitualização das facetas do participante e maior controle por parte deste, as médias refletem uma conceitualização indistinguível do participante e, em diversos casos, menor grau de controle. Além disso, a proposta acerca do experienciador médio (Maldonado, 2006) mostra que o clítico tem relação com o nível de envolvimento do participante no evento. Com base nas análises desenvolvidas dentro desse quadro teórico, bem como nas evidências empíricas fornecidas pelos corpora, defendemos que o clítico está associado a um processo de energização do evento (Maldonado, 2006), seja conferindo a introdução de uma força indutora, seja indicando maior envolvimento do participante. Com este estudo, pretendemos contribuir para o entendimento do papel do clítico se no português brasileiro e sua relação com a conceitualização de eventos. / The present study aims at investigating the use of clitic se in Brazilian Portuguese constructions, by means of empirical analysis. Considering this clitic is associated with a variety of meanings, this research has tried to identify in what types of constructions it is used and how it contributes to the interpretation of the sentences. In order to accomplish this goal, two oral language corpora were examined: (i) C-ORAL-BRASIL and (ii) Projeto SP2010. The first one reflects the dialect spoken in Minas Gerais, and the second portrays the dialect spoken in the city of São Paulo. Data were treated according to Cognitive Grammars perspective, since this theoretical approach has pointed out some aspects that proved to be relevant for the understanding of the middle voice. Langackers (2008) proposal about the different types of constructions, as well as Maldonados (2006) thesis concerning the elaboration of the inductive force of the event, was taken as a starting point for the analysis of the sentences located in an intermediate zone between impersonal constructions, on one side, and absolute constructions, on the other side. Within this zone, the inductive force can be elaborated in different degrees. In impersonal constructions, clitic se introduces a human force that has a generic or arbitrary interpretation. In middle sentences that exhibit prominence in the final part of the event, the clitic represents an external and highly schematic inductive force it is precisely this schematization that causes the effect of final prominence. Furthermore, there are cases in which the inductive force has an even lower level of elaboration. In such cases, the clitic makes reference to a minimal level of energy, one that is closer to absolute constructions (in which no inductive force is conceptualized). In order to understand the reflexive-middle continuum, we departed from Kemmers study (1993, 1994) which emphasizes aspects such as the relative distinguishability of participants and the expectation that initiator and endpoint have the same identity and Maldonados work (2006), which highlights the degree to which the participant controls the event. While reflexive constructions involve greater distinguishability in the conceptualization of the participant and greater control exerted by him/her, middle constructions reflect that the participant is being conceived as a unitary entity and that, in many cases, this participant does not exert as much control over the event. Besides, Maldonados (2006) proposal regarding the middle experiencer shows that the clitic is related to the degree the participant is involved in the event. Based on the analyses developed within this theoretical frame and on empirical evidence, we defend that the clitic is associated with a process of energization of the event (Maldonado, 2006). This is accomplished either by introducing an inductive force or by indicating a greater involvement of the participant in the event. In this study, we intend to contribute to the understanding of the role played by clitic se in Brazilian Portuguese constructions and its relationship with event conceptualization.
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Entre alhos e bugalhos: os usos do clítico se na escrita acadêmica

Morais, Fernanda Beatriz Caricari de 20 June 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-28T18:22:41Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Fernanda Beatriz Caricari de Morais.pdf: 1235029 bytes, checksum: a4842e0640645795dfe41ccd69dd81bc (MD5) Previous issue date: 2013-06-20 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This study is part of SAL - Systemics Across Languages, a project, developed in association with researchers from China, Argentina, Mexico, Colombia and Thailand, whose aim is to study specific and universal features of languages. In Brazil, it project focuses mainly the study scientific language. This dissertation aims to analyze the different uses and functions of the clitic se. This study excluded se when functioning as a reflexive pronoun or as a conjunction since their uses are clearly described and they are not related with the focus of this investigation: defocus of the participant and creation of agnates. The data, SAL project s data, consists of 1225 scientific papers from many areas of knowledge collected from Scielo database. Se functions typically as a grammatical item in a number of uses, therefore, one of the most interesting problems in Portuguese and others language such as French, Spanish and Italian. One of the controversies about this clitic is its possibility, in all those languages, of the participant being clearly expressed or not, as discussed in Nunes (1991), Monteiro (1994), Bagno (2000), Camacho (2002, 2003), or others with respect to Portuguese or Ruwet (1972), Suñer (2002) and Cinque (1988) for other languages. The theory underlying this research, Systemic Functional Linguistics (Halliday, 1994, 2004), focuses language in use and analyzes the grammatical choices in texts (spoken or written) based on their context of culture and of situation. This thesis shows se occurs in three categories: in middle constructions (self-caused process); in constructions that defocus participants, and in agnate constructions. We hope this description helps material and courses designers focusing production or comprehension of academic texts specifically and other context of occurrences / Este trabalho está inserido em um contexto maior, o projeto SAL (Systemics Across Languages) desenvolvido em parceria com pesquisadores da China, Argentina, México e Tailândia que procuram entender as características específicas e universais que partilham as línguas. No Brasil, o projeto visa estudar a linguagem de artigos científicos. Esta tese objetiva analisar os diferentes usos e funções que o clítico se desempenha em artigos científicos. As funções excluídas são: o reflexivo e a conjunção, pois seus usos são claramente descritos e não estão relacionados ao desfocamento de participante e com construções agnatas. O corpus de estudo, corpus do projeto SAL, contém 1225 artigos científicos de diversas áreas do conhecimento coletados da plataforma Scielo. A multiplicidade de funções é uma das características do se, um dos problemas mais interessantes da língua portuguesa e de outras como francês, espanhol e italiano. Uma das controvérsias em torno desse clítico é a possibilidade de o participante estar ou não indeterminado, como discutem as pesquisas de Nunes (1991), Monteiro (1994), Bagno (2000), Camacho (2002, 2003), entre outros. O mesmo ocorre com o on em francês, se em espanhol e si em italiano, conforme trabalhos de Ruwet (1972), Suñer (2002) e Cinque (1988). A base teórica, a Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday (1994, 2004), tem como foco a língua em uso e permite analisar as escolhas gramaticais do autor em textos (escritos ou falados) com base no contexto de cultura e de situação em que se realizam. Segundo a proposta desta tese, os usos do se podem ser classificados em três categorias: se em construções médias as ações que acontecem por si só, um processo é causado por ele mesmo (self-caused process); se em construções com desfocamento de participante que ocorrem por ser irrelevante sua menção, parte do estilo do gênero acadêmico/científico e se em construções agnatas verbos que quando se ligam ao se têm significados relacionais e/ou existenciais. Espera-se que este pesquisa contribua com os estudos sobre o uso desse clítico em língua portuguesa e, também, auxilie na elaboração de materiais didáticos e de cursos instrumentais que visam atender a produção e compreensão escrita de textos acadêmicos

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