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“Posso falar agora?” : as vozes das crianças nos anos iniciais do ensino fundamentalCamargo, Gislene January 2014 (has links)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação. / As crianças e suas vozes estão presentes na sociedade, embora em algum lugar do passado já tenha sido considerada in-fans: sem voz. Por isso fez-se necessário dar um breve passeio pela história da infância, trazer à discussão a invenção da infância e a presença das crianças nas diferentes sociedades e culturas. O problema da pesquisa gravitou em torno do tema da voz das crianças e o que ela representa na sociedade em que vivemos. Não se trata de uma escuta adultocêntrica, que interpreta a voz infantil como conversa de criança, mas do interesse em ouvi-la integralmente como sujeito de direitos e como produtora de cultura. Para tanto, foi imprescindível estudar o fenômeno da linguagem. Optei por tratar da linguagem numa perspectiva bakhtiniana, considerando o dialogismo, o enunciado, a contribuição do outro na interação e constituição do sujeito. Elegi como objetivo geral da pesquisa: analisar as vozes das crianças e sua repercussão entre seus pares e adultos. Determinei, também, como objetivos específicos: 1) analisar as vozes das crianças com seus pares, seus modos de perceber o mundo; 2) identificar as interações discursivas com seus pares; 3) refletir sobre as vozes das crianças perante os adultos; 4) diferenciar as relações de poder perceptíveis nas vozes que são dirigidas aos seus pares e aos adultos. A metodologia utilizada foi pautada no campo teórico dos Espaços de Narrativa, que possibilitou a busca por espaços propícios às narrativas das crianças, nesse caso a Brinquedoteca e o Laboratório de Contação de Histórias. As vozes das crianças do 1º ano do ensino fundamental de duas escolas, uma da rede pública municipal e a outra da rede particular, foram documentadas por meio de filmagens e registros escritos. Analisando as vozes das crianças, foi possível perceber que as crianças têm autoria em seus discursos e interagem com a sociedade em que vivem, revelando as condições sociais em que vivem e os reflexos de uma sociedade excludente. No ambiente marcado pela presença do professor, elas tiveram suas vozes domesticadas e direcionadas a fins educativos.
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