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“Só viver do peixe, que nem garça”: Percepções locais e Instituições sociais acerca da pesca do pirarucu (Arapaima gigas, Schinz, 1822) e do manejo participativo em comunidades de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável na Amazônia CentralSalgado, Maria Gabriela Fink 31 August 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-08-31 / Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq / Arapaima's marketing and capture were forbidden all over Amazonia due the dramatic situation of their populations. Currently, fishing is only allowed in a formal management system, although the informal fishing persists. Many gaps exist related to riverine communities’ participation and the success of community management systems in the short and long term. Thus, the aim of this study was to compare the perception, comprehension and cognitive aspects of local knowledge about the arapaima fishing and social institutions that interact in the system. We interviewed 64 residents of communities that have implemented arapaima management system (CMPP) and 18 in communities that did not have implemented it (SMPP) in Piagaçu-Purus Sustainable Development Reserve (RDS-PP), Amazonas. We observed that in CMPP communities there is a gradual evolution on local participation and understanding of co-management system. In this case, we could see a continuity of thought and collective behavior favorable to the system, ensuring compliance with local laws and regulations. In contrast, in SMPP communities, which access the benefits without sharing the system requirements (“free riders”), residents know their assignments, although in practice they do not recognize them. As consequence, we identified mismatches between residents and community leaders concern opinions and understandings. Between CMPP communities, these mismatches can also be seen, as well as the weakening of cultural concepts and informal institutions. We note that in both areas are occurring erosion of informal community management systems, rather than its continuity as a cooperative regulatory system for co-management. The greater the degree of knowledge about the formal rules, the lower the cultural competence over the informal rules. In all communities, Arapaima’s fishing economically important and guarantees local livelihoods as well as access to goods, through the dependent relationships between "patron-client". We believe that understanding and community empowerment to co-management system are extremely important for modifying the perception of the RDS-PP, as well as local participation and direct access to the benefits arising from the system. There are limitations in the process, which alerts the need to value and consider local knowledge in the different regulatory spheres. In addition another issue that may explain the phrase adopted to compose the title "Only live with fish, just like heron” affirmed by a research participant, portrays the importance of being stimulated other economic activities in order to reduce their dependence on one resource. Thus it is necessary to extend the action to other communities that are not involved in the co-management system, respecting the weight of Arapaima fishing for the Community, which as a traditional activity, presents meanings that go beyond the economic sphere. However, they are also considered and evaluated new sources of income as possible to ensure the continuity of the system and its perpetuation. Finally, the adoption of multilateral actions, integrated and collaborative involving the community and institutions are important to ensure not only the conservation of the resource, but also the knowledge and use of tradition as well as the transmission of knowledge, an assessment is needed periodic system, considering each context and local perspectives. / A comercialização e captura do pirarucu foram proibidas para toda a Amazônia por causa da drástica situação na qual suas populações se encontravam. Atualmente, a pesca só é permitida em um sistema de manejo formal, ainda que a pesca informal persista. Muitas lacunas existem em relação à participação das populações ribeirinhas e ao sucesso dos sistemas de manejo comunitário a curto e longo prazos. Desse modo, o objetivo desse estudo foi comparar a percepção, compreensão e os aspectos cognitivos do conhecimento local acerca da pesca do pirarucu e das instituições socias que interagem no sistema, entre os moradores de comunidades que implementaram o sistema de manejo do pirarucu (CMPP) e comunidades que não o implementaram (SMPP) na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piaguaçu-Purus (RDS-PP), Amazonas. Para tal, foram utilizados métodos comparativos fundamentados em entrevistas com 83 moradores, 65 nas CMPP e 18 nas SMPP. Observou-se que nas comunidades CMPP há uma evolução gradativa, quanto à participação local e compreensão do sistema de co-manejo, assim há uma continuidade do pensamento e comportamento coletivo favorável ao sistema, garantindo o cumprimento das normas locais e leis. Já nas comunidades SMPP, que acessam aos benefícios sem compartilharem com as obrigações do sistema (free riders), os moradores conhecem as suas atribuições, embora na prática não as reconheçam e assim são identificados desajustes nas compreensões e posicionamentos entre moradores e liderança. Esses desajustes também podem ser vistos entre as comunidades CMPP, bem como o enfraquecimento de conceitos culturais e instituições informais. Notamos que em ambas as áreas, estão ocorrendo processos de erosão dos sistemas informais de manejo comunitário, ao invés da sua continuidade como um sistema regulamentador cooperativo para a co-gestão. Quanto maior é o grau de conhecimento acerca das regras formais, menor é a competência cultural sobre as regras informais. Em todas as comunidades, a pesca do pirarucu é extremamente importante economicamente, garantido o sustento local e também o acesso às mercadorias, através das relações de dependência entre “patrão-freguês”. Consideramos que a compreensão e o empoderamento dos comunitários frente ao sistema de co-manejo são de extrema importância para a modificação da percepção acerca da RDS-PP, participação local e acesso direto aos benefícios advindos do sistema. Ainda existem limitações nesse processo, o que sinaliza a necessidade de valorizar e considerar os conhecimentos locais nas diferentes esferas regulamentadoras. É importante fomentar o diálogo e troca de saberes entre os comunitários, independente da presença do co-manejo, para que haja uma compreensão mais integral do sistema. Adicionalmente outra questão que pode explicar a frase adotada para compor o título “Só viver de peixe que nem garça” afirmada por um participante da pesquisa, retrata a importância de serem incentivadas outras atividades econômicas, a fim de reduzir a dependência destes sobre um só recurso. Dessa forma é necessário ampliar as ações para as demais comunidades que não estão envolvidas no sistema de co-manejo, respeitando a importância da pesca do pirarucu para os comunitários, que enquanto uma atividade tradicional, apresenta significados que vão além do âmbito econômico, mas que sejam consideradas as necessidades e possibilidades de inserção de novas alternativas e fontes de renda, como forma de garantir a continuidade do sistema e sua perpetuação. Por último, a adoção de ações multilaterais, integradas e colaborativas envolvendo os comunitários e as instituições são importante para garantir não apenas a conservação do recurso, mas também do conhecimento e da tradição de uso, bem como da transmissão desses conhecimentos, sendo necessário uma avaliação periódica do sistema, considerando cada contexto e as perspectivas locais.
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