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Diagonais do afeto: teorias do intercâmbio cultural nos estudos da diáspora africana / Diagonals of affection: theories of cultural exchange in the studies of the African diasporaMarcussi, Alexandre Almeida 30 June 2010 (has links)
Esta pesquisa analisa a historiografia que abordou a formação das culturas afro-americanas e os intercâmbios culturais entre africanos e euro-americanos, mostrando como ela tem sido marcada por uma coexistência contraditória de premissas universalistas e particularistas a respeito da natureza da cultura. Tais contradições já podem ser observadas na antropologia culturalista de Franz Boas, que desliza entre duas definições de cultura por um lado, como um espírito orgânico e estável e, por outro, como um agregado histórico e dinâmico de costumes e ideias , apontando a permanência e a mudança como aspectos simultâneos dos contatos culturais. Melville Herskovits fundamentou-se na obra boasiana e herdou essas contradições ao realizar seu estudo sobre as culturas afro-americanas, representando-as simultaneamente como uma aculturação, na chave da descontinuidade com o passado, e como uma preservação de africanismos, na chave da continuidade com as culturas africanas. Tais dificuldades desdobram-se até o debate contemporâneo em torno do conceito de crioulização e da obra de Mintz e Price, que descreve das culturas afro-americanas ressaltando ao mesmo tempo a criatividade e a sobrevivência de estruturas africanas. Autores filiados à chamada corrente afrocêntrica tentaram resolver esses impasses minimizando a transformação e privilegiando a continuidade com o passado, no que intensificaram o dualismo implícito na vertente particularista de análises anteriores. Uma outra tradição de estudos sobre os intercâmbios culturais em sociedades coloniais incluindo autores como Gilberto Freyre, Fernando Ortiz e outros associados ao pensamento pós-colonial desenvolveu um modelo conceitual distinto, centrando-se nas ambivalências e inversões presentes na dimensão afetiva dos contatos culturais. Com isso, esses autores compreenderam o intercâmbio cultural a partir de uma lógica dialética, desconstruindo raciocínios dualistas, abraçando o caráter autocontraditório dos fenômenos e propondo, assim, uma alternativa teórica aos modelos herdados do culturalismo antropológico. / This work analyses the historiography which has studied the formation of African-American cultures and the cultural exchange between Africans and Euro-Americans, sustaining that it has been characterized by a contradictory coexistence of universalistic and particularistic presuppositions about the nature of culture. These contradictions can already be observed in Franz Boass Anthropological culturalism, which moves between two definitions of culture on the one hand, as an organic and stable spirit and, on the other hand, as a historical and dynamic aggregate of customs and ideas , indicating permanence and transformation as simultaneous aspects of cultural contact. Melville Herskovits was grounded on Boass ideas and inherited these contradictions when he studied African-American cultures, representing them simultaneously as an acculturation, focusing a discontinuous relation with the past, and as a preservation of africanisms, stressing a continuous relation with African cultures. These difficulties have unfolded themselves up to the contemporary debate about the concept of creolization and Mintz and Prices work, which describes African-American cultures focusing cultural creativity and the survival of African structures at the same time. Authors of the so-called afrocentric perspective have tried to solve this impasse by minimizing transformations and stressing continuity with the past. By doing so, they have intensified the dualism implicit on the particularistic arguments of previous analyses. Another tradition of studies about cultural exchange in colonial societies including authors such as Gilberto Freyre, Fernando Ortiz and others associated to post-colonial thought has developed a different conceptual model, which focuses on the ambivalences and inversions that can be observed on the affective dimensions of cultural contacts. These authors have interpreted cultural exchange through a dialectical logic, deconstructing dualistic thoughts, embracing the self-contradictory nature of the fenomena, and thus indicating a theorical alternative to the models inherited from anthropological culturalism.
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A ocupação pré-colonial do alto Rio Uruguai, SC: contatos culturais na Volta do Uvá / Pre-colonial occupation of the upper Uruguay River, SC: cultural contacts at Volta do UváCarbonera, Mirian 12 March 2015 (has links)
No alto rio Uruguai, pesquisas arqueológicas são realizadas desde 1950 e apontam a importância desse rio para os povoamentos pré-históricos. A variabilidade artefatual arqueológica encontrada nessa região, como ocorreu para outras áreas brasileiras, foi inicialmente organizada em fases e tradições, no âmbito da Ecologia Cultural. Nas últimas décadas, as pesquisas têm levantado novas informações sobre os caçadores-coletores relacionados à tradição Umbu e seus sistemas técnicos, que ocuparam a região na passagem Pleistoceno-Holoceno e sobre as sociedades ceramistas, Guarani e Itararé-Taquara, que colonizaram o alto Uruguai no último milênio. Com esta pesquisa, procuro trazer novos elementos sobre os contatos culturais estabelecidos entre as sociedades de agricultores ceramistas Guarani e Itararé-Taquara, que ocuparam a Volta do Uvá (alto rio Uruguai), durante o Holoceno tardio. O contato cultural é entendido aqui não somente como mecanismo de intercâmbio de bens já manufaturados, mas também de métodos e técnicas para elaborar a cerâmica. As análises tecnológicas e estilísticas realizadas nos conjuntos cerâmicos Guarani e Itararé-Taquara, evidenciam duas tradições culturais bem diferenciadas que, mesmo ocupando a região num mesmo bloco espaço-temporal, parecem ter tido um baixo grau de interação cultural, ao menos no que se refere aos conjuntos cerâmicos. / In the region Alto Uruguai River, archeological research have been deveolped since 1950 and reinforce the importance of that river for the pre-historical people. The archeological artifactual variability found in that region, as it had occurred to other Brazilian areas, was initially organized in phases and traditions, according to Cultural Ecology field. Over the last decades, research has been raising new information about the collector-hunters related to Umbu tradition and their technical systems, which had occupied the region in the passage Pleistocene-Holocene and about the ceramist societies, Guarani and Itararé-Taquara, which colonized the region Alto Uruguai in the last millennium. By doing this research, it is aimed to suggest new elements on the cultural contacts established beteween the agricultural ceramist societies Guarani and Itararé-Taquara, that occupied the Volta do Uvá (Alto Uruguai River), during Late Holocene. The cultural contact is understood hereby, not only as mecanism for interchange of manufactured goods, but also methods and techniques to elaborate the ceramic. The technological and stylistic analysis performed in the ceramic sets Guarani and Itararé-Taquara, left evident two of the cultural traditions differenciated, which even occupying the region in the same space-time block, they seem to have had a low degree of cultural interaction, at least related to ceramic sets.
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Diagonais do afeto: teorias do intercâmbio cultural nos estudos da diáspora africana / Diagonals of affection: theories of cultural exchange in the studies of the African diasporaAlexandre Almeida Marcussi 30 June 2010 (has links)
Esta pesquisa analisa a historiografia que abordou a formação das culturas afro-americanas e os intercâmbios culturais entre africanos e euro-americanos, mostrando como ela tem sido marcada por uma coexistência contraditória de premissas universalistas e particularistas a respeito da natureza da cultura. Tais contradições já podem ser observadas na antropologia culturalista de Franz Boas, que desliza entre duas definições de cultura por um lado, como um espírito orgânico e estável e, por outro, como um agregado histórico e dinâmico de costumes e ideias , apontando a permanência e a mudança como aspectos simultâneos dos contatos culturais. Melville Herskovits fundamentou-se na obra boasiana e herdou essas contradições ao realizar seu estudo sobre as culturas afro-americanas, representando-as simultaneamente como uma aculturação, na chave da descontinuidade com o passado, e como uma preservação de africanismos, na chave da continuidade com as culturas africanas. Tais dificuldades desdobram-se até o debate contemporâneo em torno do conceito de crioulização e da obra de Mintz e Price, que descreve das culturas afro-americanas ressaltando ao mesmo tempo a criatividade e a sobrevivência de estruturas africanas. Autores filiados à chamada corrente afrocêntrica tentaram resolver esses impasses minimizando a transformação e privilegiando a continuidade com o passado, no que intensificaram o dualismo implícito na vertente particularista de análises anteriores. Uma outra tradição de estudos sobre os intercâmbios culturais em sociedades coloniais incluindo autores como Gilberto Freyre, Fernando Ortiz e outros associados ao pensamento pós-colonial desenvolveu um modelo conceitual distinto, centrando-se nas ambivalências e inversões presentes na dimensão afetiva dos contatos culturais. Com isso, esses autores compreenderam o intercâmbio cultural a partir de uma lógica dialética, desconstruindo raciocínios dualistas, abraçando o caráter autocontraditório dos fenômenos e propondo, assim, uma alternativa teórica aos modelos herdados do culturalismo antropológico. / This work analyses the historiography which has studied the formation of African-American cultures and the cultural exchange between Africans and Euro-Americans, sustaining that it has been characterized by a contradictory coexistence of universalistic and particularistic presuppositions about the nature of culture. These contradictions can already be observed in Franz Boass Anthropological culturalism, which moves between two definitions of culture on the one hand, as an organic and stable spirit and, on the other hand, as a historical and dynamic aggregate of customs and ideas , indicating permanence and transformation as simultaneous aspects of cultural contact. Melville Herskovits was grounded on Boass ideas and inherited these contradictions when he studied African-American cultures, representing them simultaneously as an acculturation, focusing a discontinuous relation with the past, and as a preservation of africanisms, stressing a continuous relation with African cultures. These difficulties have unfolded themselves up to the contemporary debate about the concept of creolization and Mintz and Prices work, which describes African-American cultures focusing cultural creativity and the survival of African structures at the same time. Authors of the so-called afrocentric perspective have tried to solve this impasse by minimizing transformations and stressing continuity with the past. By doing so, they have intensified the dualism implicit on the particularistic arguments of previous analyses. Another tradition of studies about cultural exchange in colonial societies including authors such as Gilberto Freyre, Fernando Ortiz and others associated to post-colonial thought has developed a different conceptual model, which focuses on the ambivalences and inversions that can be observed on the affective dimensions of cultural contacts. These authors have interpreted cultural exchange through a dialectical logic, deconstructing dualistic thoughts, embracing the self-contradictory nature of the fenomena, and thus indicating a theorical alternative to the models inherited from anthropological culturalism.
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A ocupação pré-colonial do alto Rio Uruguai, SC: contatos culturais na Volta do Uvá / Pre-colonial occupation of the upper Uruguay River, SC: cultural contacts at Volta do UváMirian Carbonera 12 March 2015 (has links)
No alto rio Uruguai, pesquisas arqueológicas são realizadas desde 1950 e apontam a importância desse rio para os povoamentos pré-históricos. A variabilidade artefatual arqueológica encontrada nessa região, como ocorreu para outras áreas brasileiras, foi inicialmente organizada em fases e tradições, no âmbito da Ecologia Cultural. Nas últimas décadas, as pesquisas têm levantado novas informações sobre os caçadores-coletores relacionados à tradição Umbu e seus sistemas técnicos, que ocuparam a região na passagem Pleistoceno-Holoceno e sobre as sociedades ceramistas, Guarani e Itararé-Taquara, que colonizaram o alto Uruguai no último milênio. Com esta pesquisa, procuro trazer novos elementos sobre os contatos culturais estabelecidos entre as sociedades de agricultores ceramistas Guarani e Itararé-Taquara, que ocuparam a Volta do Uvá (alto rio Uruguai), durante o Holoceno tardio. O contato cultural é entendido aqui não somente como mecanismo de intercâmbio de bens já manufaturados, mas também de métodos e técnicas para elaborar a cerâmica. As análises tecnológicas e estilísticas realizadas nos conjuntos cerâmicos Guarani e Itararé-Taquara, evidenciam duas tradições culturais bem diferenciadas que, mesmo ocupando a região num mesmo bloco espaço-temporal, parecem ter tido um baixo grau de interação cultural, ao menos no que se refere aos conjuntos cerâmicos. / In the region Alto Uruguai River, archeological research have been deveolped since 1950 and reinforce the importance of that river for the pre-historical people. The archeological artifactual variability found in that region, as it had occurred to other Brazilian areas, was initially organized in phases and traditions, according to Cultural Ecology field. Over the last decades, research has been raising new information about the collector-hunters related to Umbu tradition and their technical systems, which had occupied the region in the passage Pleistocene-Holocene and about the ceramist societies, Guarani and Itararé-Taquara, which colonized the region Alto Uruguai in the last millennium. By doing this research, it is aimed to suggest new elements on the cultural contacts established beteween the agricultural ceramist societies Guarani and Itararé-Taquara, that occupied the Volta do Uvá (Alto Uruguai River), during Late Holocene. The cultural contact is understood hereby, not only as mecanism for interchange of manufactured goods, but also methods and techniques to elaborate the ceramic. The technological and stylistic analysis performed in the ceramic sets Guarani and Itararé-Taquara, left evident two of the cultural traditions differenciated, which even occupying the region in the same space-time block, they seem to have had a low degree of cultural interaction, at least related to ceramic sets.
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