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Intenção e desejo

Santos, Valéria Cunha dos January 2015 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2015. / Made available in DSpace on 2016-05-24T17:33:30Z (GMT). No. of bitstreams: 1 338149.pdf: 1288920 bytes, checksum: fa275729ec5ffb75b5d8fc179b87bc33 (MD5) Previous issue date: 2015 / Com base em estudos sobre as categorias tempo, aspecto e modalidade (PALMER, 1986; BYBEE; PAGLIUCA; PERKINS, 1991; 1994; GIVà N, 2001; SWEETSER, 2001), destacamos o processo de gramaticalização de marcadores de futuro em algumas línguas, envolvendo implicaturas (CHIERCHIA, 2003; LEVINSON, 2007; PINKER, 2008) e atos de fala (SEARLE, 1995). Para compreender o uso similar dessa marcação de tempo em português brasileiro (PB), observamos a implicatura de futuridade a partir de usos em que o verbo de volição querer atua como auxiliar. Como referencial teórico foram utilizados estudos sobre a gramaticalização de itens lexicais que denotavam desejo, vontade e necessidade e se tornaram marcadores de futuro, como will em inglês. Tomando o futuro como uma previsão feita pelo falante de que a situação colocada na proposição, que se refere a um evento localizado após o momento da fala, irá se realizar, avaliamos se as implicaturas associadas à expressão de intenção ou desejo levam ao futuro nas ocorrências em primeira pessoa acompanhadas de auxiliar/verbo de volição ([eu/nós/a gente] + querer + verbo). Verificamos, a partir da análise das ocorrências, quais contextos o uso de querer como auxiliar é mais modal ou mais temporal (a partir da implicatura gerada). Sugerimos que está ocorrendo em PB o mesmo processo ocorrido em outras línguas: marcas de volição tornam-se marcas de futuridade. Tendo como corpus o C-ORAL-BRASIL I (RASO; MELLO, 2012), composto por amostras de fala espontânea, com diálogos, monólogos e conversações, em contextos públicos e privados, destacamos os atos de fala compromissivos e a atitude dos participantes da comunicação em relação às proposições. Nossa abordagem partiu da análise da conversa, ressaltando o contexto extralinguístico de cada registro. Foram analisadas 105 gravações em contexto privado e 34 em contexto público, que somam 759 usos do verbo querer. Desse número, destacamos as 55 ocorrências como auxiliar em primeira pessoa que disparam implicatura de futuridade, atuando como perífrase de futuro nesses casos.<br> / Abstract : Based on studies on the categories of tense, aspect and modality (PALMER, 1986; BYBEE; PAGLIUCA; PERKINS, 1991; 1994; GIVà N, 2001; SWEETSER, 2001), we highlighted the grammaticalization process of future markers in some languages. Such a process involves implicatures (CHIERCHIA, 2003; LEVINSON, 2007; PINKER, 2008) and speech acts (SEARLE, 1995). To understand the similar use of that tense marking in Brazilian Portuguese (PB), we observed the implicature of futurity from uses in which the volition verb (querer) operates as an auxiliary. As a theoretical background, we used previous studies on the grammaticalization of lexical items that denoted desire, will and necessity and became future markers such as will in English. Taking the future as a speaker made prediction that the situation placed on the proposition, that refers to an event located after the speech time will happen, we evaluated whether implicatures associated with the expression of intent or desire leads us to future in sentences exhibiting the first person with an auxiliary/volition verb ([eu/ nós/ a gente] + querer + verbo). Our hypothesis is that PB may be going through the same process occurred in other languages: volition markers become marks of futurity. The corpus we used was C-ORAL-BRASIL I (RASO; MELLO, 2012), which is composed of samples of spontaneous speech, with dialogues, monologues and conversations in public and private context. Using this we highlighted the commissive speech acts and the attitudes of communication participants in relation to propositions. Our approach started from conversation analysis, enphasizing the extra-linguistic context of each record. We analyzed 105 recordings in a private context and 34 in a public one, all of which add up to a sum of 759 uses of the verb querer. Among those, we highlighted 55 occurrences in which the item appears as a first person auxiliary that gives rise to a futurity implicature, acting, in such cases, as a future periphrasis.

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