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Sujeitos rurais e organizações do cooperativismo de crédito rural solidário: (Des)Caminhos, (Im)Possibilidades e (Re)Invenções / Rural subjects and organizations of rural solidarity credit cooperatives: (Back)way, (Im)possibilities and (Re)inventionsMartins, Márcia Eliana 21 November 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-11-21 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A pesquisa que deu origem a esta tese foi realizada com os agricultores que formam a Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária de Tombos (Cresol Tombos) e as seis unidades de atendimento a ela vinculadas juridicamente. Nossa proposta de pesquisa foi motivada pelos questionamentos que emergiram dos resultados e reflexões da experiência anterior com estas organizações durante o mestrado, período em que havia uma discussão interna nestas cooperativas sobre a necessidade de padronizar suas práticas organizacionais, de acordo com as exigências do Sistema Financeiro Nacional sem, no entanto, deixar de ser uma organização baseada em valores como a solidariedade, a cooperação e a ajuda mútua. Nesta época, as cooperativas estavam vinculadas ao Sistema de Cooperativas de Crédito da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Sistema Ecosol). Contudo, dadas as dificuldades operacionais e as exigências legais, em meados de 2012, este Sistema foi incorporado pelo Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária (Sistema Cresol). É exatamente neste ponto, entre as discussões sobre o futuro das cooperativas de crédito rural solidárias e a legitimidade (ou necessidade) das incorporações, que se situa o objetivo desta tese: compreender a inserção e a influência de novas formas institucionais nas interações dos associados à Cresol Tombos e suas unidades. Para tanto, foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a pesquisa documental e bibliográfica, a observação de determinados momentos coletivos, a entrevista semiestruturada, o diário de campo e as fotos. Os dados foram coletados em dois períodos distintos: em março de 2015, através da observação das pré-assembleias, da Assembleia Geral Ordinária e a busca de documentos como Estatuto e Ata da Assembleia Geral. E entre junho e julho de 2015, por meio da observação de outros momentos coletivos (cursos, formações, encontros e uma fase do planejamento estratégico) e da realização de vinte e duas entrevistas, divididas entre diretores e associados. Tanto para a realização da coleta de dados quanto para a análise dos resultados e composição dos capítulos, esta tese se orientou por uma abordagem metodológica, segundo a qual nosso intuito, ao caminhar entre os sujeitos da pesquisa e suas organizações, não foi acumular dados e informações, mas procurar histórias e significados para fatos cotidianos que poderiam tecer relações e interações ao longo do tempo. Neste sentido, entendendo as cooperativas como sistemas autopoiéticos de terceira ordem (sistemas sociais), os dados resultantes da pesquisa nos permitem afirmar que as mudanças estruturais nestas cooperativas partem, sobretudo, da interação de seus diretores com outras organizações e associações representativas, além do contato mais próximo com órgãos estatais de regulação, os quais incentivam a padronização e uniformização dos Sistemas. Tais mudanças contribuem para o obscurecimento da criatividade e diversidade características deste tipo de cooperativa, levando à diminuição/eliminação de sua capacidade autopoiética. Neste ínterim, emergem formas de instrumentalização dos discursos da cooperação no âmbito organizacional, enfatizando-a como estratégia de reprodução das cooperativas como meras instituições financeiras comerciais. Contudo, ainda que a cooperação instrumentalizada figure como um significante vazio no discurso formal da organização, os discursos que emergem na organização acerca de seu significado trazem em seu escopo as diferentes maneiras que os sujeitos encontram para lidar com um modelo normativo que não corresponde, necessariamente, às suas práticas cotidianas. Portanto, no contexto da Cresol Tombos e suas unidades, percebemos o cotidiano como o espaço de expressão das sociabilidades entre os sujeitos, o que nos proporcionou observar o modo como táticas e “astúcias” de sujeitos que não detém o poder, se manifestam na lida cotidiana com essas instituições. Assim, é possível, enfim, afirmarmos que a dinâmica de cooperação, no contexto pesquisado, é permeada por imposições e inconsistências que lhe conferem uma natureza conflituosa, materializada na prática organizacional de um Sistema, cujas ações nem sempre são orientadas ao comportamento cooperativo entre os sujeitos. Assim, o que a prática do cooperativismo, nestas cooperativas de crédito rural solidárias, pode trazer para os sujeitos rurais que as formam vai muito além do conteúdo oferecido nas formações, cursos e capacitações. A inserção em uma cooperativa oportuniza a estes sujeitos uma experiência em relação à cooperação, que os torna pouco a pouco aptos a lidar com os (des)caminhos e com as (im)possibilidades da prática cooperativista e que vai além, possibilitando que desenvolvam táticas capazes de auxiliá-los a inserirem-se e manterem- se nas redes organizacionais em que a cooperação do “tipo exigente” é um imperativo. / This thesis is a result of our research developed with farmers that form part of the rural credit with Solidarity Interaction Tombos (Cresol Tombos) and its’ liked six service units. Our research proposal was prompted by questions emerging from the results and reflections of previous experience with these organizations during the Masters, period which there was an internal discussion in these unions on the need to standardize their organizational practices, in accordance with the requirements of the Financial System National without, however, ceasing to be an organization based on values such as solidarity, cooperation and mutual aid. At this time, cooperatives were linked to the system of Credit Unions of Family Agriculture and Solidarity Economy (Ecosol System). However, given the operational difficulties and legal requirements in mid-2012, this new system was legally incorporated by the Rural Credit Cooperatives System with Solidarity Interaction (Cresol System). The main purpose of the thesis is related to those discussions on the future of solidarity rural credit cooperatives and legitimacy (or need) of incorporations. The goal is to understand the insertion and the influence of new institutional forms in the interactions associated with Cresol Tombos and their units. Therefore, documentary and bibliographic research, observation of certain collective moments, the semi-structured interview, field diary and photos were used as instruments for data collection. Data were collected in two different periods: in March 2015, by observing the pre-meetings, the Annual General Meeting and the search for documents like Bylaws and Minutes of the General Assembly. And between June and July 2015 through the observation of other collective moments (courses, trainings, meetings and a phase of strategic planning) and realization of twenty-two interviews between directors and associates. Regarding as the methodological approach, instead of accumulating data and information; our goal consisted in observing stories and analyzing meanings for everyday facts that could weave relationships and interactions over time for the completion of data collection as well for the analysis of results and composition of the chapters. In this sense, understanding the cooperatives as autopoietic systems of third order (social systems), the data resulting from research allow us to state that the structural changes in these cooperatives run, especially the interaction of its directors with other organizations and associations, as well as contact closer with state regulatory bodies, which encourage the standardization and harmonization of systems. These changes contribute to the obscuring of the creativity and diversity characteristics of this type of cooperative, leading to a reduction / elimination of their autopoietic capacity. Meanwhile, the emerging forms of employment of the discourses of cooperation in the organizational context emphasize the reproduction strategy of cooperatives as mere commercial financial institutions. Although the used cooperation appears as an empty signifier in the formal discourse of the organization, emerging discourses in the organization about the meaning of cooperation brings in its scope the different ways that the subjects are to deal with a normative model that does not necessarily correspond, their daily practices. Therefore, in the context of Cresol Tombos and units, we see the everyday as space expression of sociability among the subjects, which gave us observe how tactics and "tricks" of subjects who did not have the power, manifest in deals everyday with these institutions. Thus it is possible, finally, to state that the dynamics of cooperation in the studied context is permeated by impositions and inconsistencies that give it a conflictual nature, embodied in the organizational practice of a system whose actions are not always oriented cooperative behavior among subjects. Thus, the cooperative practice of solidarity in these rural credit cooperatives can bring to rural subjects that form goes far beyond the content offered in training, courses and training. The insertion into a cooperative organization gives opportunity to these subjects an experience with regard to cooperation, which makes them gradually able to handle the (mis) direction and the (im) possibilities of cooperative practice and beyond, enabling them to develop tactics able to help them to integrate into the and remain in organizational networks in which the cooperation of "demanding type" is imperative.
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