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Itinerância crítica: o ensaísmo de Flora Süssekind / Critical roaming: essayism of Flora SüssekindSilva, Andrea Catropa da 14 June 2013 (has links)
Flora Süssekind constitui um exemplo ímpar na prática do nosso ensaísmo crítico, destacando-se como uma pesquisadora cujos vínculos com a Universidade, com a imprensa e com instituições de pesquisa resultaramem colaborações de natureza diversa, como artigos, resenhas e livros, entre outros. A sua reflexão -impulsionada por obras de diferentes gêneros e produzidas em épocas distintas -vem sendo constante nas últimas décadas, trazendo aos seus leitores uma visada crítica bastante particular sobre autores representativos do Romantismo, do Naturalismo, do Modernismo, da poesia concreta, da poesia marginal da década de 70 e de tantos outros fenômenos literários do país. Dentre um universo profícuo de ensaios muitos deles produzidos em um curto intervalo de tempo, sobretudo durante a década de 1980 abordaremos nesta tese aqueles que, sob nosso ponto de vista, permitirão apontar os elementos de destaque em seu percurso, sob uma perspectiva do estabelecimento de uma voz crítica singular que ainda está em plena atividade e, portanto, em constante processo de construção e mudança. O contato aprofundado com essa produção (englobando seus objetos, seus referenciais teóricos e suas reflexões) permitiu a elaboração da hipótese inicial de que Flora Süssekind não descarta a tradição que busca pensar as particularidades da literatura nacional, aproveitando-a, no entanto, de maneira cautelosa, rejeitando a ideia de origem de uma brasilidade unificadora das expressões culturais de um povo e, consequentemente, de uma literatura. Repercute insistentemente em sua obra, assim, uma questão de fundo: a maneira como uma determinada ideia de nacionalidade conforma a representação artística brasileira, dando destaque (por parte da crítica e dos próprios artistas) aos trabalhos que privilegiem um enfrentamento mais direto e menos transfigurador de fatoscorrentes no cotidiano problemático do país. Assim, com sua prática, defenderá caminhos teóricos que se contraponham a esse paradigma que identifica como sendo dominante em nossa literatura, de extração mimética (não no sentido de expressividade artística, mas de cópia). Acreditamos, portanto, que seu trabalho dê um sentido específico à concepção do intelectual atento à realidade local, privilegiando obras que não se circunscrevam a tal paradigma ou, ainda, que forneçam aportes para um recorte crítico quedeixe aparentes as engrenagens do aparelho reprodutor desse modelo. Para tanto, as suas referências teóricas são variadas, compreendendo a pesquisa de autores brasileiros do século XIX, da nossa tradição sociológica do século XX (em autores como Antonio Candido ou Roberto Schwarz), da teoria francesa que se projetou, sobretudo, a partir dos anos 1960 (com exemplos como Michel Foucault e Gilles Deleuze) e também intelectuais cuja relação com o marxismo se dê por vias mais reconhecidas (como Fredric Jameson e Theodor Adorno). Interpretamos esse gesto de constante pesquisa e inquietação teórica como uma disponiblidade de acompanhar o objeto, um desejo de persegui-lo para poder comentá-lo mais adequadamente e de forma mais aprofundada, recusando-se a observá-lo de maneira distante e inflexível. O percurso e a perseguição tornam-se, nesse viés, mais importantes do que a estabilidade do ensaísta, o que nos levou a denominar esse método praticado por Flora Süssekind de itinerância crítica. / Flora Süssekind is a unique example in Brazilian literary criticism, especially as a researcher whose bonds with the University, the press and the research institutions resulted in a vast array of collaborations, such as articles, reviews and books, among others. Her reflection on criticism in recent decades - improved by works produced in different genres and about distinct epochs - has been bringing her readers a very particular critical point of view about representative works from Romanticism, Naturalism, Modernism, concrete poetry, 1970\'s poesia marginal (marginal poetry) among many other Brazilian literary movements. Among a prolific universe of essays wrote by Süssekind - many of them produced in a short period of time, especially during the 1980\'s - this thesis will cover the texts that, in our opinion, point out the major elements of her career, considering the perspective of a singular critical voice that is still active and, therefore, has been under construction. The study of these essays (encompassing its objects, theoretical frames of references and reflections) support our initial hypothesis that Flora Süssekind does not put away the tradition of thinking about the particularities of a national literature, taking advantage of it. However, Süssekind cautiously rejects the idea of an original Brazilian cultural expression and does not support the concept of a unifying national literature. Therefore, it resonates strongly in her work a fundamental question: how can a certain frame of nationality shape the Brazilian artistic representation? This can be highlighted (by the critics and by the artists themselves) in works that emphasize a confrontation more direct and less transfiguring of Brazilian problematic daily events. Thereby, Süssekind will defend theoretical paths that defy the paradigm she identifies as dominant in Brazilian literature: the paradigm of mimetic extraction (not in the sense of 8 artistic expression, but mere copy). We believe, therefore, that her work gives a specific meaning to the concept of intellectual attention to local realities, favoring works that do not confine themselves to such a paradigm or even to provide critical inputs for a framework that leaves apparent the gears of the reproductive system of this model. We can also state that she applies theories of heterogeneous lines, comprising research by Brazilian authors of the nineteenth century, the sociological tradition of the twentieth century (in essayists such as Antonio Candido and Roberto Schwarz), the French theory from the 1960\'s (such as Michel Foucault and Gilles Deleuze) and Marxist intellectuals (as Fredric Jameson and Theodor Adorno). We interpret this gesture of restlessness as a theoretical availability to follow the object, a desire to pursue it in order to properly comment more and more thoroughly, refusing to observe it in an inflexible manner. The route and pursuit become more important than the stability of the essayist, which led us to call this method practiced by Flora Süssekind as critical roaming.
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Itinerância crítica: o ensaísmo de Flora Süssekind / Critical roaming: essayism of Flora SüssekindAndrea Catropa da Silva 14 June 2013 (has links)
Flora Süssekind constitui um exemplo ímpar na prática do nosso ensaísmo crítico, destacando-se como uma pesquisadora cujos vínculos com a Universidade, com a imprensa e com instituições de pesquisa resultaramem colaborações de natureza diversa, como artigos, resenhas e livros, entre outros. A sua reflexão -impulsionada por obras de diferentes gêneros e produzidas em épocas distintas -vem sendo constante nas últimas décadas, trazendo aos seus leitores uma visada crítica bastante particular sobre autores representativos do Romantismo, do Naturalismo, do Modernismo, da poesia concreta, da poesia marginal da década de 70 e de tantos outros fenômenos literários do país. Dentre um universo profícuo de ensaios muitos deles produzidos em um curto intervalo de tempo, sobretudo durante a década de 1980 abordaremos nesta tese aqueles que, sob nosso ponto de vista, permitirão apontar os elementos de destaque em seu percurso, sob uma perspectiva do estabelecimento de uma voz crítica singular que ainda está em plena atividade e, portanto, em constante processo de construção e mudança. O contato aprofundado com essa produção (englobando seus objetos, seus referenciais teóricos e suas reflexões) permitiu a elaboração da hipótese inicial de que Flora Süssekind não descarta a tradição que busca pensar as particularidades da literatura nacional, aproveitando-a, no entanto, de maneira cautelosa, rejeitando a ideia de origem de uma brasilidade unificadora das expressões culturais de um povo e, consequentemente, de uma literatura. Repercute insistentemente em sua obra, assim, uma questão de fundo: a maneira como uma determinada ideia de nacionalidade conforma a representação artística brasileira, dando destaque (por parte da crítica e dos próprios artistas) aos trabalhos que privilegiem um enfrentamento mais direto e menos transfigurador de fatoscorrentes no cotidiano problemático do país. Assim, com sua prática, defenderá caminhos teóricos que se contraponham a esse paradigma que identifica como sendo dominante em nossa literatura, de extração mimética (não no sentido de expressividade artística, mas de cópia). Acreditamos, portanto, que seu trabalho dê um sentido específico à concepção do intelectual atento à realidade local, privilegiando obras que não se circunscrevam a tal paradigma ou, ainda, que forneçam aportes para um recorte crítico quedeixe aparentes as engrenagens do aparelho reprodutor desse modelo. Para tanto, as suas referências teóricas são variadas, compreendendo a pesquisa de autores brasileiros do século XIX, da nossa tradição sociológica do século XX (em autores como Antonio Candido ou Roberto Schwarz), da teoria francesa que se projetou, sobretudo, a partir dos anos 1960 (com exemplos como Michel Foucault e Gilles Deleuze) e também intelectuais cuja relação com o marxismo se dê por vias mais reconhecidas (como Fredric Jameson e Theodor Adorno). Interpretamos esse gesto de constante pesquisa e inquietação teórica como uma disponiblidade de acompanhar o objeto, um desejo de persegui-lo para poder comentá-lo mais adequadamente e de forma mais aprofundada, recusando-se a observá-lo de maneira distante e inflexível. O percurso e a perseguição tornam-se, nesse viés, mais importantes do que a estabilidade do ensaísta, o que nos levou a denominar esse método praticado por Flora Süssekind de itinerância crítica. / Flora Süssekind is a unique example in Brazilian literary criticism, especially as a researcher whose bonds with the University, the press and the research institutions resulted in a vast array of collaborations, such as articles, reviews and books, among others. Her reflection on criticism in recent decades - improved by works produced in different genres and about distinct epochs - has been bringing her readers a very particular critical point of view about representative works from Romanticism, Naturalism, Modernism, concrete poetry, 1970\'s poesia marginal (marginal poetry) among many other Brazilian literary movements. Among a prolific universe of essays wrote by Süssekind - many of them produced in a short period of time, especially during the 1980\'s - this thesis will cover the texts that, in our opinion, point out the major elements of her career, considering the perspective of a singular critical voice that is still active and, therefore, has been under construction. The study of these essays (encompassing its objects, theoretical frames of references and reflections) support our initial hypothesis that Flora Süssekind does not put away the tradition of thinking about the particularities of a national literature, taking advantage of it. However, Süssekind cautiously rejects the idea of an original Brazilian cultural expression and does not support the concept of a unifying national literature. Therefore, it resonates strongly in her work a fundamental question: how can a certain frame of nationality shape the Brazilian artistic representation? This can be highlighted (by the critics and by the artists themselves) in works that emphasize a confrontation more direct and less transfiguring of Brazilian problematic daily events. Thereby, Süssekind will defend theoretical paths that defy the paradigm she identifies as dominant in Brazilian literature: the paradigm of mimetic extraction (not in the sense of 8 artistic expression, but mere copy). We believe, therefore, that her work gives a specific meaning to the concept of intellectual attention to local realities, favoring works that do not confine themselves to such a paradigm or even to provide critical inputs for a framework that leaves apparent the gears of the reproductive system of this model. We can also state that she applies theories of heterogeneous lines, comprising research by Brazilian authors of the nineteenth century, the sociological tradition of the twentieth century (in essayists such as Antonio Candido and Roberto Schwarz), the French theory from the 1960\'s (such as Michel Foucault and Gilles Deleuze) and Marxist intellectuals (as Fredric Jameson and Theodor Adorno). We interpret this gesture of restlessness as a theoretical availability to follow the object, a desire to pursue it in order to properly comment more and more thoroughly, refusing to observe it in an inflexible manner. The route and pursuit become more important than the stability of the essayist, which led us to call this method practiced by Flora Süssekind as critical roaming.
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