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A família de construções de argumento cindido no português do BrasilSampaio, Thais Fernandes 06 April 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-04-06 / FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais / Assumindo a perspectiva da Gramática das Construções Baseada no Uso (GOLDBERG, 1995; 2006; TOMASELLO, 2006), o presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar a Construção de Estrutura Argumental do Português do Brasil, que licencia enunciados do tipo: (i) O estudante quebrou o braço; (ii) Meu tênis descolou o solado; (iii) Rubinho quebrou o carro; (iv) O combustível subiu o preço. Nossa proposta de análise deste fenômeno assume que esta Construção constitui um caso de desencontro (ou mismatch, nos termos de FRANCIS; MICHAELIS, 2000; MICHAELIS, 2004; TRAUGOTT, 2007) no número de papéis sintáticos e semânticos. Semanticamente, as sentenças destacadas acima possuem um único argumento – a entidade afetada – e, de fato, há no Português do Brasil (PB) o que poderíamos chamar de uma Construção Ergativa Canônica, que exemplifica um encontro perfeito entre a sintaxe da construção e a semântica do verbo: (v) O braço do estudante quebrou; (vi) O solado do meu tênis descolou; (vii) O carro do Rubinho quebrou; (viii) O preço do combustível subiu. Entretanto, aquela que nomeamos Construção de Argumento Cindido (CAC), apesar do seu único argumento semântico, apresenta dois argumentos sintáticos – um sujeito e um objeto direto. O sujeito da CAC corresponde ao elemento que, na Ergativa Canônica, é expresso como um adjunto nominal; e o núcleo do sujeito da Ergativa Canônica vira objeto direto na Construção de Argumento Cindido. Do ponto de vista semântico, o sujeito da CAC representa o TODO da entidade afetada e seu objeto corresponde a uma PARTE específica desta entidade. Nossa análise da semântica da construção será proposta com base na Semântica de Frames (FILLMORE, 1977; FILLMORE; JOHNSON; PETRUCK, 2003). Apesar das características – sintáticas, semânticas e discursivas – comuns, que nos levam a identificar a mesma Construção de Estrutura Argumental recobrindo todos os enunciados em (i) - (iv), é possível reconhecer neste conjunto quatro subgrupos. No primeiro, exemplo (i), temos usos linguísticos que se identificam diretamente com o que ficou conhecido na literatura como Possessor Raising. Nesse caso, há uma relação de posse inalienável, envolvendo um possuidor humano e uma das partes do seu corpo. No segundo subgrupo, representado por (ii), a relação, ainda de posse inalienável, se estabelece entre um artefato e uma de suas partes. No terceiro grupo, exemplo (iii), verificamos uma relação entre um possuidor humano e um objeto possuído; nesse caso, uma relação de posse alienável. Finalmente, no quarto grupo, enunciado (iv), se estabelece uma relação entre um item e uma de suas propriedades. Utilizando dados reais de uso lingüístico, nosso estudo descreve e analisa cada um desses subgrupos, reunindo evidências a favor da idéia de que a CAC é uma Construção de Estrutura Argumental do Português, pragmaticamente motivada. Considerando os resultados da análise, apresentamos uma proposta de formalização da CAC, nos termos da Sign-Based Construction Grammar (SAG, 2010; MICHAELLIS, 2009). / Adopting the perspective of Usage-Based Construction Grammar (GOLDBERG, 1995; 2006; TOMASELLO, 2006), this study aims to describe and analyze the Argument Structure Construction in Brazilian Portuguese, which allows sentences such as: (i) O estudante quebrou o braço; (ii) Meu tênis descolou o solado; (iii) Rubinho quebrou o carro; (iv) O combustível subiu o preço. Our analysis of this phenomenon assumes that this Construction illustrates a case of mismatch (FRANCIS; MICHAELIS, 2000; MICHAELIS, 2004; TRAUGOTT, 2007) between the number of syntactic and semantic roles. Semantically, the highlighted sentences above have only one argument – the affected entity – and, in fact, in Brazilian Portuguese (BP) there is a socalled ‘Canonical Ergative Construction’ which exemplifies a perfect match between the construction’s syntax and the verb’s semantics: (v) O braço do estudante quebrou; (vi) O solado do meu tênis descolou; (vii) O carro do Rubinho quebrou; (viii) O preço do combustível subiu. However, the construction we have named Split Argument Construction (SAC), in spite of its single semantic argument, presents two syntatic arguments – a subject and a direct object. The subject of SAC corresponds to the element which, in the Canonical Ergative, is syntatically expressed as a nominal adjunct; and the head of Ergative Canonical subject appears as the direct object in the Split Argument Construction. Semantically, the subject of SAC represents the WHOLE of the affected entity and a specific PART of this entity is expressed, in the syntax, as a direct object. The analysis of the semantic aspects of this construction will be based on Frame Semantics (FILLMORE, 1977; FILLMORE; JOHNSON; PETRUCK, 2003). Despite the shared syntactic, semantic and discursive properties, which have lead us to identify the same Argument Structure Construction covering all the statements in (i) - (iv), four sub-types become recognizable. The first, illustrated by (i), can be directly related to what has been referred to in the literature as Possessor Raising. In this case, there is an inalienable relation of possession between a human possessor and the parts of his body. In the second sub-type, represented by (ii), the relation – still one of inalienable possession – is established between a device and one of its parts. In the third group, example (iii), there is a relation between a human possessor and a possessed object; in this case, an alienable relation of possession. Finally, sentences of the fourth sub-type establish a relation between an item and one of its properties. Based on authentic usage data, this study describes and analyses each one of these sub-types, providing evidence to support the claim that SAC is an Argument Structure Construction, pragmatically motivated. Considering the results of the analysis, we present a proposal to formalize SAC, in accordance with the terms of Sign-Based Construction Grammar (SAG, 2010; MICHAELLIS, 2009).
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