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Políticas de governo, crescimento e desenvolvimento no Uruguai, 2005-2014Veiga, Pilar Leminski January 2017 (has links)
Orientador: Prof. Dr. Vitor Eduardo Schincariol / Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do ABC, Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais, 2017. / Este trabalho disserta sobre o processo de desenvolvimento uruguaio,
sob a ótica da teoria estruturalista, no período 2005-2014. Este período abarca
as duas primeiras administrações frenteamplistas na presidência do país:
Tabaré Vázquez (2005-2010) e Pepe Mujica (2010-2015).
A Frente Amplio foi o primeiro partido de esquerda a chegar à
presidência em 170 anos de história e de bipartidarismo no Uruguai. O período
precedente foi marcado pela maior crise já enfrentada pelo país: entre 1998 e
2003 o Uruguai entra numa recessão profunda. No ápice, em 2002, o PIB
chega a retroceder 11%. Os níveis de pobreza e desemprego atingiram
recordes históricos. Os governos Sanguinetti e Lacalle, que atravessaram esse
período promoveram políticas restritivas tentando diminuir o déficit fiscal,
agravando e prolongando os efeitos da crise. Argumentamos que as causas da
recessão foram de natureza externa, com a crise asiática que se espalhou pelo
mundo e atingiu a América Latina na forma de crise financeira e bancária, e
interna, com uma seca prolongada e febre aftosa que atingiram a indústria da
carne, a mais importante do país.
Neste trabalho argumentamos que com a entrada da Frente Amplio
houve de fato uma ruptura na lógica de administração do Estado, porém muito
mais progressista no campo social do que no econômico. A equipe econômica
foi formada por conservadores com orientação neoliberal. O equilíbrio fiscal
passou ser a ser a meta principal da administração das contas do Estado,
migrando-se para um regime de metas de inflação e de superávit primário. Por
outro lado, o governo foi capaz de levar a cabo uma reforma tributária
progressiva, instaurando o Imposto de Renda de Pessoa Física e a
desoneração de diversos impostos menores sobre consumo. Quando a crise
de 2007-08 atingiu o país, o setor público inclusive aumentou seus gastos,
numa atitude keynesiana. Assim, apesar do conservadorismo econômico,
argumentamos que houve claras diferenças na gestão da política econômica
com relação aos governos anteriores. / This work discusses the process of economic development of Uruguay,
from the point of view of the structuralist theory, in the period 2005-2014. This
period includes the first two Frente Amplio administrations in front of the
presidency of the country: Tabaré Vázquez (2005-2010) and Pepe Mujica
(2010-2015).
Frente Amplio was the first left-wing party to reach the presidency in
170 years of history and bipartisanship in Uruguay. The preceding period was
marked by the greatest crisis the country ever faced: between 1998 and 2003,
Uruguay entered a deep recession. At the peak, in 2002, GDP declined 11%.
The levels of poverty and unemployment reached historic records. The
Sanguinetti and Lacalle governments, which went through this period, promoted
restrictive policies, trying to reduce the fiscal deficit, aggravating and prolonging
the effects of the crisis. The causes of the recession were of an external nature,
with the Asian crisis that spread throughout the world and reached Latin
America in the form of financial and banking crisis, and domestic, through a
prolonged drought and foot-and-mouth disease that hit the meat industry, the
most important in the country.
We argue in this work that with the entrance of the Frente Amplio there
was indeed a rupture regarding the administration of State, but much more
progressive in the social field than in the economic one. The economic team
was formed by conservatives with neoliberal orientation. The fiscal balance has
become the main target migrating to a regime of inflation targets and primary
surplus. On the other hand, the government was able to carry out a progressive
tax reform, instituting the Income Tax of Individuals and the exemption of
several minor taxes on consumption. When the crisis of 2007-08 reached the
country, the public sector even increased its spending, in a Keynesian attitude.
Thus, despite economic conservatism, we argue that that was clear differences
from previous governments.
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