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Travessias entre a sala de aula e o consultório: trajetórias docentes, adoecimento e narrativas de sofrimento psíquico de professores / Passages entre la classe et le bureau: chemins enseignants, la maladie et narrative de la souffrance psychique des enseignantsSilva, Selma Gomes da January 2017 (has links)
SILVA, Selma Gomes da. Travessias entre a sala de aula e o consultório: trajetórias docentes, adoecimento e narrativas de sofrimento psíquico de professores. 2017. 489f. – Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Fortaleza (CE), 2017. / Submitted by Gustavo Daher (gdaherufc@hotmail.com) on 2017-04-03T12:30:22Z
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Previous issue date: 2017 / Nesta Tese o objetivo é discutir possíveis relações e conexões de sentido entre trajetórias docentes e histórias de adoecimento psíquico vivenciado por professores e professoras que recorrem ao Núcleo de Atenção à Saúde do Professor - “Casa do Professor”, dispositivo vinculado à Secretaria de Educação do Estado do Amapá (SEED-AP). As questões fundamentais da Tese são: Quem são os professores que procuram a Casa do Professor e como esse aparelho de atenção psicossocial mobiliza suas ações para operar cuidados aos docentes “adoecidos”? Quais as possíveis conexões e “afinidades eletivas” entre suas trajetórias docentes e histórias de adoecimento? De que modo, as histórias de adoecimento e as narrativas dos docentes entrevistados revelam as ambivalências vivenciadas em suas trajetórias docentes? Quais e como as queixas são captadas pelo dispositivo médico, em torno da atenção psicossocial, e como essa “captura” repercute na trajetória docente? Quais as negociações feitas com os diagnósticos clínicos, como são incorporados pelos sujeitos e que tipo de agência essas classificações médicas trazem para os docentes? De que modo o tratamento psicossocial (in) viabiliza a “reinserção” no exercício da docência? Para dar conta de tal problematização, dialoga-se com autores da sociologia/antropologia da saúde e da doença e com autores que discutem trabalho e doença; precarização do trabalho docente; captura da subjetividade através dos modelos contemporâneos de gestão do trabalho e suas repercussões nos processos de subjetivação e do adoecimento do trabalhador e, mais especificamente, do profissional docente. Trata-se de uma abordagem qualitativa, com um dispositivo metodológico plural, no qual se lança mão de prontuários, documentos, observação, relatos e entrevistas em profundidade com professores, profissionais da Casa do Professor e gestores em educação. Como forma de aproximação do objeto investigado, inicialmente foi realizado um mapeamento a partir da consulta de prontuários clínicos, no intuito de obter informações sobre as subjetividades docentes, suas queixas e tipos de adoecimento mais recorrentes. Além da consulta aos prontuários clínicos, considerando-se a heterogeneidade dos sujeitos, foram entrevistados diferentes atores: docentes, “especialistas” da equipe multidisciplinar, coordenadores e gestores escolares para tentar compreender, através dos relatos, as percepções, os ritos e percursos, as formas de encaminhamento, tipos de adoecimentos (pathos docente), a relação entre tratamento médico-psicológico e a reinserção dos (as) professores(as) “adoecido(a)s” no exercício da docência. A partir da elaboração de dados foram identificadas distintas formas de adoecimento sob múltiplas classificações médicas. Para facilitar o entendimento, os tipos de sofrimento e adoecimento, mais recorrentes encontrados foram assim classificados: adoecimentos relacionados ao corpo (fibromialgia e outras doenças); ao pensamento (transtornos psicóticos, esquizofrenia); ao humor (depressão, ansiedade e pânico); à dependência química (álcool e outras drogas) e aos conflitos de relação (trabalho, escola e família). Além dessas formas de adoecimento são mencionadas, nas narrativas e nas histórias de adoecimento apresentadas e discutidas no corpo do estudo, outras modalidades de sofrimento psíquico: condições de trabalho precárias, rebaixamento da imagem social do docente, relações desgastadas com a gestão, percepções da doença do professor, falta de reconhecimento, contradições entre exigências profissionais e realidade de trabalho, sentimentos de frustrações entre a idealização do trabalho docente e suas reais condições de realização. Esse conjunto de fatores citados nos relatos docentes, imbricados nas vivências sociais, subjetivas e familiares aparecem como prováveis dimensões desencadeantes de sofrimento e de adoecimento para os docentes investigados.
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