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Educação escolar e formação de mulheres presasRamos, Ellen Taline de 20 March 2013 (has links)
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Previous issue date: 2013-03-20 / The theme of prisons and education is a field on the rise which is being studied more and
more and has been acquiring greater visibility. It is believed that including this research in the
list of studies about the incarcerated population can contribute to the understanding of this
site, as well as value the incarcerated individuals by emphasizing their humanity. In addition,
it is also believed to be extremely important to unveil the feminine universe present inside
these walls and behind these bars, giving a voice to women who are both oppressed and
discriminated against. In this way, the current research seeks to understand the specificities
of education inside correctional institutions; envisage how classes are organized, the
motivations women have for continuing their studies while inside the prison, and their
academic trajectories; and finally to verify, with the notions of resistance and adaptation as
parameters, these women s conceptions of education and identify aspects that can lead to
their development. In order to achieve its objectives, the research was carried out in two
different women s correctional facilities in the state of São Paulo using two distinct
procedures: one through field observation and field notes taken while visiting together with a
religious institution and the other realized after approval from the State Penitentiary
Administration s Ethics Committee, making use of field notes and audio recordings of 13
women. Information obtained through field notes and interview transcripts were used for
analysis and two categories for analysis were established. After analyzing the results, it could
be perceived that school, as it is organized within the women s penitentiaries studied,
occupies a marginalized position with few investments, lacking teaching materials, adequate
spaces and prepared teachers. In addition, another critical point is that a prison education
has a lighter course load. In this way, the lack of motivation that women feel towards going to
school can be related to their life histories, where education has occupied a peripheral
position, generating little meaning for them, with work being historically more highly valued,
and it can be inferred that the prison contributes to this lack of academic motivation due to its
precarious infrastructure and the possibility for redemption which is still incipient and
disorganized . It was possible to verify that these women continue to be alienated at all
times, demonstrating their objectives as being fiscal freedom instead of autonomy and
emancipation. In this way, it is possible to note that the women only adapt to the ways of the
prison without showing signs of resistance; what can clearly be seen in all of the women is a
strong motivation to leave the prison and return to their countries, in the case of foreigners,
and their families. Following this logic, work and education present themselves as being the
main instruments for fighting against idleness. Finally, it can be perceived that a location
destined for punishment cannot provide individuals with the possibility for
readaptation / resocialization , but instead is a place for the promotion of prejudices and
barbarities, which, in the case of women, is potentized by the position women have
historically occupied: they should be affable, docile and, above all, submissive. In this way, it
can be verified that the identity of the imprisoned women is tangled up in their own and
society s prejudices, since they are considered incapable of carrying out their duties (as
mothers, women, wives). Their identities continue to be marked by the replication of the
traditional, chauvinistic culture, accentuated by these women s attitudes towards life and the
drug trade. / Considerando a temática educação e prisão como uma área em ascensão que vem sendo
cada vez mais estudada e adquirindo maior visibilidade, esta pesquisa se somar ao rol de
estudos voltados para a população carcerária. Contribui para a compreensão do que ocorre
nesse ambiente, bem como para entendimento do indivíduo encarcerado a fim de salientar
sua humanidade e sua experiência na prisão. Além disso, postula-se ser de extrema
importância desvelar o universo feminino presente entre os muros e grades e dar voz a
essas mulheres oprimidas e discriminadas. Dessa forma, a presente pesquisa tem por
finalidade: compreender as especificidades da educação dentro da instituição prisional,
assim como a organização das aulas; identificar a motivação das mulheres para prosseguir
no estudo dentro da prisão e analisar suas trajetórias escolares; e, por fim, examinar as
concepções de educação para essas mulheres, identificando, assim, aspectos que possam
ser remetidos à formação, tendo como parâmetros as noções de resistência e adaptação,
propugnada por Adorno. Buscando atingir os objetivos propostos, a pesquisa foi realizada
em duas unidades prisionais femininas do Estado de São Paulo, por meio de dois
procedimentos distintos: um realizado via observação e registro em diário de campo, a partir
das visitas realizadas com determinada instituição religiosa, e outro realizado após
aprovação do Comitê de Ética da Secretaria de Administração Penitenciária, utilizando diário
de campo e entrevistas áudio gravadas com 13 mulheres. Utilizou-se para análise as
informações colhidas via diários de campo e transcrições das entrevistas. O que permitiu
elaborar categorias de análise. Após a análise dos resultados, foi possível perceber que a
escola como está organizada nas penitenciárias femininas estudadas, ocupa um lugar
marginalizado e que não há muito investimento, faltando matérias didáticos, local apropriado
e ausência de professores preparados e, além disso, outro ponto crítico da educação
prisional é a carga horária reduzida. Assim, considera-se que a desmotivação das mulheres
para irem à escola na prisão pode relacionar-se com suas histórias de vida, nas quais a
educação ocupou um local periférico, gerando pouco significado para elas. O trabalho
historicamente é mais valorizado, mas, somado a isso, infere-se que a prisão contribui para
a desmotivação escolar por sua estrutura precária e pelo fato da remição ser ainda
incipiente e desorganizada. Foi possível verificar também que essas mulheres se mantêm
alienadas o tempo todo, apresentando como objetivos não sua autonomia e emancipação,
mas apenas sua liberdade física. Dessa maneira, nota-se que as mulheres apenas se
adaptam ao meio carcerário sem apresentar noções de resistência; o que se vê claramente
em todas é uma motivação afetiva para saírem da prisão e voltarem aos seus países, no
caso das estrangeiras, e ao convívio com seus familiares. Nessa lógica, trabalho e
educação apresentam-se como instrumento principal no combate à ociosidade. Por fim,
percebe-se que um local destinado a punição não possibilita aos indivíduos a
readaptação / ressocialização , mas sim a reprodução e promoção do preconceito e
violência, o que, no caso das mulheres, é potencializado pela posição histórica ocupada por
elas: devem ser amáveis, dóceis e, sobretudo, submissas. Dessa forma, verificou-se que a
identidade da mulher presa encontra-se emaranhada na discriminação social e de si própria,
por ser considerada não capaz de cumprir suas funções (mãe, mulher, esposa). Sendo
assim, sua identidade continua marcada pela reprodução da cultura tradicional machista, o
que pode ser confirmado pelo lugar que ocupam na criminalidade e, principalmente, no
tráfico de drogas, principal atividade em que estavam envolvidas
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