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Práticas de letramentos acadêmicos na escrita da monografia: relações de poder na academiaBotelho, Laura Silveira 01 June 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-06-01 / CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Com o crescente aumento do número de vagas nas universidades do país, as discussões sobre a escrita e a leitura dos discentes no ensino superior ganharam certa visibilidade. Não é pouco comum ouvir professores reclamarem que seus alunos não sabem ler e escrever. Infelizmente, tornou-se quase um senso comum a ideia de que bastaria o fato de o aluno ser aprovado em processos seletivos para que as habilidades de leitura e escrita já estivessem suficientemente desenvolvidas, como se ler e escrever fossem atividades aprendidas apenas em uma etapa pontual da escolarização. Acreditamos que as diferentes capacidades de linguagem (BRONCKART, 1999) devem ser desenvolvidas, por meio dos gêneros, não só na etapa escolar do aluno, mas, também, quando esse aprendiz está no ensino superior, diante do desafio de usar adequadamente determinados gêneros que são fundamentais para a sua vida acadêmica, mas que, na verdade, não lhe são familiares ou nunca foram objeto de estudos antes. Nessa perspectiva, o objetivo central deste trabalho, inserido no campo da Linguística Aplicada, é investigar a natureza das dificuldades apresentadas pelos alunos de uma faculdade particular no processo de escrita da monografia como trabalho de conclusão do curso de Pedagogia. Para cumprir esse objetivo, realizamos uma pesquisa qualitativa interpretativista de cunho etnográfico (ERICKSON, 2003; ANDRÉ, 2008). Como objetivos subjacentes, temos: a) identificar as dimensões escondidas no processo de construção da monografia; b) verificar como é feita a inserção de vozes e do ponto de vista na monografia; c) discutir as relações de poder presentes na escrita desse gênero em uma dada comunidade discursiva. O embasamento teórico apoia-se nos pressupostos do grupo de Novos Estudos de Letramento (STREET, 2003, 2007, 2010; LILLIS; SCOTT, 2008) e sua vertente teórica conhecida como Letramentos Acadêmicos (LEA, 2006; LILLIS, 1999; LEA, STREET, 2014; IVANIC, 1998), que compreende o letramento não meramente como uma habilidade técnica e neutra, mas uma prática de cunho social, sempre envolta em princípios epistemológicos socialmente construídos. Também, adotamos a perspectiva dialógica de linguagem de Bakhtin (2010) ao defendermos a relevância da dimensão social do gênero. O Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2009), por meio de seu viés didático, contribui com o conceito de capacidades de linguagem na proposta de construção de uma definição do gênero monografia (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, CRISTOVÃO; STUTZ, 2011). Com a coleta de dados (gravação em áudio), que foi realizada durante as aulas da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, buscamos encontrar categorias que mapeassem as dificuldades dos alunos em relação ao gênero pesquisado. Além disso, analisamos partes de uma das monografias e entrevistamos alunos e professores de modo a triangular melhor os dados. Os resultados sinalizam que as dificuldades no processo de produção estão mais relacionadas aos aspectos sociodiscursivos (por exemplo, falta de apropriação de elementos relativos à pesquisa, relações de poder na Academia, processo de construção de identidade por meio da escrita) do que propriamente linguísticos e textuais (como questões formais e organização do plano global do texto). / With the rise in the number of vacancies in Brazilian universities, discussions about students‟ reading and writing skills in higher education seem to gain visibility. It is common to perceive teachers complain about students who do not know how to read and write. Unfortunately, it almost has become common sense the idea that students‟ approval in exams would suffice as far as the development of their skills is concerned, as if reading and writing were learned in just one step of schooling. We believe that different language capabilities (BRONCKART, 1999) should be developed through genres, not just in schooling period, but also when the learner is in higher education facing the challenge of using certain genres accordingly, which is imperative for his academic life. Such genres are actually unfamiliar or have never been studied. From this perspective, our main goal is to investigate the nature of writing difficulties experienced by students who go to a private university, upon producing a monograph as an end-of-course Pedagogy paper. For this, we conducted qualitative, interpretive, and ethnographic research (ERICKSON, 2003; ANDRÉ, 2008). As subgoals, we intend to: a) identify hidden dimensions in a monograph‟s writing process; b) investigate how the insertion of voices and point of view is performed in the monograph; c) discuss power relations found in the production of this genre in a given discursive community. Our theoretical basis is supported by the New Literacy Studies (STREET, 2003, 2007, 2010; LILLIS; SCOTT, 2008) and by its Academic Literacies (LEA, 2006; LILLIS, 1999; LEA, STREET, 2014; IVANIC, 1998), which encompasses literacy not as merely a technical and neutral ability, but as a social practice, always involved by socially constructed epistemological principles. We, too, adopted the dialogical perspective of language (BAKHTIN, 2010), upon defending the social dimension of text genres. The Sociodiscursive Interactionism‟s contribution (BRONCKART, 2009), through its didactic vein, concerns the concept of language capacities in the proposal of a definition of the genre monograph (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, CRISTOVÃO; STUTZ, 2011). After data collection (audio recordings), done in classes of a discipline named “End-of-course Paper”, we sought for categories that mapped students‟ difficulties as far as the genre monograph is concerned. Besides that, we analyzed sections of those monograps and interviewed students and professors in order to triangulate data. The results have signaled that the difficulties in the production process are more related to sociodiscursive aspects (e. g. lack of appropriation of elements concerning research, power relations in the academia, identity building through writing) than to, strictly speaking, linguistic and textual matters (e.g. in regards to form and to overall textual organization).
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