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O boto na verbalização de estudantes ribeirinhos: uma visão etnobiológicaRODRIGUES, Angélica Lúcia Figueiredo January 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008 / CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O presente estudo apresenta uma investigação sobre o conhecimento de estudantes ribeirinhos acerca dos botos, em duas instituições formais de ensino de duas diferentes regiões insulares do Estado do Pará. Uma dessas escolas se localiza no município de Soure, na Ilha do Marajó e a outra, no rio Sapucajuba em Abaetetuba. Fizeram parte da pesquisa 80 estudantes, todos, filhos de pescadores, com idades entre 11 e 14 anos. As escolas localizam-se em duas regiões do Estado do Pará, uma delas localizada no município de Soure, na Ilha de Marajó e a outra, no rio Sapucajuba em Abaetetuba. A pesquisa foi realizada em duas fases distintas e complementares: (1) utilização de estórias sobre o boto relatadas em formato de redações elaboradas por alunos da 53 e 63 séries e (2) aplicação de questionários. Sobre a importância dos animais do seu convívio, os peixes foram mais mencionados na opinião dos jovens de Soure (26%) e aves para os alunos de Sapucajuba (51%). O boto aparece logo atrás na escala de importância para a amostra de Soure (24%). Em se tratando de animais prejudiciais, as cobras lideram o ranking entre alunos do Sapucajuba (57%) e peixes com ferrões somam 52% segundo os jovens de Soure. Sobre os botos, meninos e meninas responderam que os vêem, geralmente, em localidades como praias, rios e igarapés. O sentimento "medo" em relação ao boto ocorreu 70% nas respostas dos alunos de Sapucajuba e 41 % entre alunos de Soure evidenciando o papel por ele exercido no imaginário dos ribeirinhos, em parte pela repercussão negativa da lenda entre os amazônidas. Quanto às etnoespécies, a citação do boto preto apareceu mais vezes entre alunos de Sapucajuba (32%), enquanto que, em Soure, os mais citados foram os botos malhado e rosa (37%). Mesmo com um percentual elevado de respostas que designam sentimentos negativos sobre o boto, 57% da amostra de Soure e 82% de Sapucajuba, acreditam na chance de conservá-los, usando como justificativa o fato desses animais fazerem parte da natureza. As análises das redações comprovaram que o conhecimento adquirido pelos alunos é conciso e coerente com a literatura científica quanto ao comportamento ecológico dos botos. Alusões a lendas foram freqüentes nas verbalizações da população pesquisada. Esses dados podem fornecer subsídios para pesquisas científicas objetivando o desenvolvimento da percepção ambiental das comunidades envolvidas, além de mitigarem possíveis ameaças à conservação dos cetáceos.
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