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Economia solidÃria, o novo espÃrito do capitalismo e o governo das subjetividades: uma anÃlise do discurso dos trabalhadores do assentamento Coqueirinho / Solidarity economy, the new spirit of capitalism and the government of subjectivities: a discourse analysis of the Coqueirinho settlement workers.

Camila Moreira Maia 16 July 2013 (has links)
CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de NÃvel Superior / Este trabalho visa a compreender de que forma discursos de trabalhadores de empreendimentos coletivos solidÃrios ajudam a reproduzir a ordem social caracterÃstica do Ãltimo capitalismo (a partir de 1970). Segundo a Nova Sociologia do Capitalismo, cada versÃo do modelo de produÃÃo capitalista tem sido acompanhada por uma ideologia que o justifica. Essa ideologia, denominada de âespÃrito do capitalismoâ, transforma-se ao sabor das crÃticas que lhe sÃo empreendidas. Um novo espÃrito surge, entÃo, como resultado da articulaÃÃo entre espÃrito anterior e crÃtica que Ã, atendida, apenas, parcialmente, perdendo seu poder de reivindicaÃÃo. O novo espÃrito do capitalismo surge em respostas Ãs crÃticas das dÃcadas de 1960 e fundamenta-se pelo funcionamento em redes, pela flexibilidade e pelo incentivo à autonomizaÃÃo dos sujeitos. Sob a perspectiva da AnÃlise CrÃtica do Discurso, o novo espÃrito do capitalismo trata-se de uma ordem de discurso que, ao mesmo tempo em que constrange o discurso de atores sociais, à constrangida por eles. Essa ordem de discurso, entÃo, pode ser incorporada ao discurso dos sujeitos em suas diversas funÃÃes, seja de representaÃÃo, de inter(aÃÃo) ou de identificaÃÃo e isso, à o que permite sua reproduÃÃo. A Economia SolidÃria tem sido adotada nos Ãltimos governos (2002 â 2013) como estratÃgia de resoluÃÃo da âquestÃo socialâ. Considerando a Ãntima relaÃÃo entre Estado e manutenÃÃo de ordens hegemÃnicas, percebe-se que esses incentivos do Governo Federal a empreendimentos coletivos solidÃrios tÃm-se apresentado como uma das manifestaÃÃes da incorporaÃÃo de elementos da crÃtica que favorece Ãs reestruturaÃÃes capitalistas. Nossa argumentaÃÃo reside na resposta a trÃs hipÃteses de trabalho: a primeira diz respeito à correspondÃncia entre o discurso da ES com a crÃtica ao segundo espÃrito do capitalismo, uma vez que partilham das reivindicaÃÃes desenvolvidas tanto pelos movimentos operÃrios do sÃculo XIX, como pelos movimentos sociais da dÃcada de 1960. A segunda defende a aproximaÃÃo do discurso de trabalhadores de ES Ãs ideologias que tem justificado o novo espÃrito do capitalismo e a terceira consiste no entendimento da ES como uma estratÃgia de governo das subjetividades, uma vez que engendram um sentimento de empoderamento no trabalhador solidÃrio que cessa sua motivaÃÃo para a crÃtica. Realizamos uma aproximaÃÃo etnogrÃfica a uma associaÃÃo de agricultores assentados do interior do Estado do Cearà que funciona nos moldes da Economia SolidÃria. O corpus de pesquisa foi obtido atravÃs de diÃrios de campo, construÃdos a partir de observaÃÃo participante e de entrevistas individuais, e analisado à luz da AnÃlise de Discurso CrÃtica. Concluiu-se que: o Estado se compromete ambiguamente com a superaÃÃo da pobreza e do desemprego e com formas neoliberais de gestÃo que sÃo, elas prÃprias, geradoras de desigualdade; a relaÃÃo entre o trabalhador solidÃrio e o Estado à contraditÃria, pois, ao mesmo tempo em que aquele desenvolve atividades produtivas que visam à autonomia em relaÃÃo a este, seu discurso aponta para a dependÃncia dos incentivos concedidos pelo mesmo; por fim, hà uma incoerÃncia entre a condiÃÃo precÃria do trabalhador e o seu sentimento de autonomia, de liberdade e de seguranÃa. / This work aims to understand how discourses of workers of solidarity collective enterprises help reproduce the social order characteristic of the last capitalism (since 1970). According to the New Sociology of Capitalism, each version of the model of capitalist production has been accompanied by an ideology that justifies it. This ideology, called the "spirit of capitalism", is transformed by the criticisms that it receives. A new spirit, then, arises, as a result of the relationship between the former spirit and the criticism that is only partially met, and, hence, loses its demanding power. The new spirit of capitalism arises in response to criticism from the 1960s and is based on networking, flexibility and the incentive for the empowerment of individuals. From the perspective of Critical Discourse Analysis, the new spirit of capitalism is an order of discourse that constrains the discourse of social actors whilst being constrained by it. This order of discourse can, thus, be incorporated into the discourse of the subjects in its various roles, be it of representation, of inter(action) or identification, and this is what allows its reproduction. Solidarity Economy has been adopted by the last governments (2002 - 2013) as a strategy for solving the "social issue". Considering the close link between the State and the maintenance of hegemonic orders, it is clear that these incentives from the Federal Government to solidarity collective enterprises have been presented as one of the manifestations of the incorporation of elements of criticism that benefit capitalist restructuring. Our argument lies in the response to three working hypotheses: the first concerns the correspondence between the discourse of Solidarity Economy and the criticism to the second spirit of capitalism, since they share the claims developed by both the labor movements of the nineteenth century and the social movements of the 1960s; the second advocates the closeness between the speech of solidarity economy workers and the ideologies that have justified the new spirit of capitalism; and the third consists in the understanding of Solidarity Economy as a strategy for the government of subjectivities, once it promotes the feeling of empowerment in the solidarity worker that ceases his motivation for criticism. We conducted an ethnographic approach in an association of farmers settled in the state of CearÃ, which functions along the lines of Solidarity Economy. The research corpus was obtained from field diaries, made from participant observation and interviews, and analyzed through Critical Discourse Analysis. It was concluded that the State ambiguously engages in overcoming poverty and unemployment and in neoliberal forms of management that generate inequality. The relationship between the solidarity worker and the State is contradictory because, while the first develops productive activities aimed at autonomy regarding the latter, their speech points to the dependence on the incentives granted by it. Lastly, there is inconsistency between the workersâ precarious condition and their feelings of autonomy, freedom and security.

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