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Análise da Incidência de Mutações no Gene HEXA na População Judaica Brasileira - Avaliação da Importância de um Programa Preventivo da Doença de Tay-Sachs / Frequency of HEXA mutations among the Brazilian Ashkenazi Jewish population - Evaluation of the importance of a screening program for Tay-Sachs diseaseRozenberg, Roberto 19 December 2000 (has links)
A doença de Tay-Sachs (DTS) é uma doença neurodegenerativa, de herança autossômica recessiva, que se manifesta a partir do sexto mês de vida. Crianças afetadas desenvolvem degeneração física e mental intensa, levando à morte até os 5 anos de idade. Não há atualmente cura ou tratamento disponível. Na população judaica, 1 em cada 31 indivíduos é portador da DTS, e a incidência da doença (aproximadamente 1 em cada 4.000 nascimentos) é cerca de 100 vezes maior nesta do que em outras populações. O advento do diagnóstico pré-natal para a DTS e o concomitante desenvolvimento de programas de detecção e orientação de heterozigotos da DTS em populações de judeus Ashkenazitas, iniciados em massa desde 1970, levaram a uma diminuição de 90% da incidência da doença nesta população. Estes programas são realizados em Israel, EUA e no Canadá, na população francocanadense. Três mutações no gene HEXA, codificador da sub-unidade ? da enzima hexosaminidase A, são responsáveis por 98% dos casos da DTS na população judaica Ashkenazita. Esse fato possibilita a utilização de um teste de DNA para a identificação de portadores da DTS nesta população. Segundo o censo do IBGE de 1991, a população judaica no Brasil é de 86.416 indivíduos. Este trabalho visou analisar a necessidade e a aceitação de um programa de detecção e orientação de portadores da DTS nesta população. Em particular, procurou-se (1) estabelecer a freqüência das 3 principais mutações causadoras da DTS na população judaica brasileira; (2) avaliar a reação de indivíduos desta população à proposta de um programa de triagem de portadores da DTS, com o objetivo de orientação para casais em risco de terem crianças afetadas. Este estudo foi realizado em escolas judaicas de ensino médio, em São Paulo e no Rio de Janeiro, seguindo o modelo canadense. Dentre 581 alunos (>=16 anos) que assistiram palestras informativas, 404 participaram da pesquisa, indicando uma taxa de participação de 70%. De acordo com os dados dos formulários de consentimento, aproximadamente 65% dos cromossomos analisados eram de origem judaica Ashkenazita. A análise das 3 mutações comuns no gene HEXA nestes 404 indivíduos detectou 8 portadores da DTS (7 da mutação InsTATC1278 e 1 de IVS12+1). Assim, a freqüência de portadores na amostra foi de 1 em cada 51 indivíduos. Considerando somente os cromossomos de origem judaica Ashkenazita, nossos dados indicam que a freqüência de portadores da DTS na amostra é de 1 em cada 33 indivíduos. As freqüências encontradas são equivalentes àquelas descritas em outras populações judaicas (P>0,05). Baseando-se nestes dados, concluí-se que justifica-se a implementação de um programa de identificação e orientação de portadores da DTS na população judaica brasileira. A contemplação dos diversos aspectos éticos envolvidos são parte essencial deste programa. / Tay-Sachs disease (TSD) is an autossomal recessive disease of lysossome storage characterized by progressive nervous degeneration. Children affected by TSD manifest first symptoms around 6 months and die before 5 years of age. TSD is caused by mutations in the HEXA gene, coding for the ? subunit of the hexosaminidase A enzyme. In the absence of the enzyme, its substrate, GM2 ganglioside, accumulates in the neurons of the central nervous cortex. Late onset TSD (chronic form) is a rare variant phenotype with appearance of first symptoms during the second or third decade of life. In the Ashkenazi jewish population, 1 in every 31 individuals is a TSD carrier. The disease incidence (1 in every 4.000 newborns) is 100 times higher in this population. The advent of pre-natal diagnosis for TSD and the development of preventive screening programs massively adopted by Ashkenazi jewish populations led to a 90% decrease in the disease incidence in this group. Three mutations in the HEXA gene are responsible for 98% of the disease incidence in Ashkenazi jews. This lead to the establishment of a DNA test for detection of TSD carriers in this population. The brazilian Ashkenazi jewish populations is around 100.000 individuals. This work aimed to establish the need and the acceptance of a screening program for this population. Specifically, it established the frequency of the 3 most common TSD mutations in a sample of the brazilian jewish population and evaluated the reaction of the community to the offer of a preventive program. This work was undertaken in jewish senior high-school students, in São Paulo and Rio de Janeiro, following the canadian preventive model. From 581 students (>=16 years old) that attended educational sessions, 404 volunteered to the test, indicating a 70% participation rate. According to the data of the consent form, approximately 65% of the chromosomes were associated to Ashkenazi jewish ancestry. The molecular analysis of the 3 most common mutations in the HEXA gene from the 404 participants detected 8 carriers (7 of InsTATC1278 and 1 of IVS12+1), thus indicating a carrier frequency of 1/51. In the Ashkenazi fraction, the estimated carrier frequency is 1 in 33 individuals. Both frequencies are similar to those described for other jewish communities (P>0,05). Based in this findings, it was concluded that the implementation of a screening program for TSD in the brazilian jewish population is feasible. The ethical aspects involved are an essential part of such a program.
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Análise da Incidência de Mutações no Gene HEXA na População Judaica Brasileira - Avaliação da Importância de um Programa Preventivo da Doença de Tay-Sachs / Frequency of HEXA mutations among the Brazilian Ashkenazi Jewish population - Evaluation of the importance of a screening program for Tay-Sachs diseaseRoberto Rozenberg 19 December 2000 (has links)
A doença de Tay-Sachs (DTS) é uma doença neurodegenerativa, de herança autossômica recessiva, que se manifesta a partir do sexto mês de vida. Crianças afetadas desenvolvem degeneração física e mental intensa, levando à morte até os 5 anos de idade. Não há atualmente cura ou tratamento disponível. Na população judaica, 1 em cada 31 indivíduos é portador da DTS, e a incidência da doença (aproximadamente 1 em cada 4.000 nascimentos) é cerca de 100 vezes maior nesta do que em outras populações. O advento do diagnóstico pré-natal para a DTS e o concomitante desenvolvimento de programas de detecção e orientação de heterozigotos da DTS em populações de judeus Ashkenazitas, iniciados em massa desde 1970, levaram a uma diminuição de 90% da incidência da doença nesta população. Estes programas são realizados em Israel, EUA e no Canadá, na população francocanadense. Três mutações no gene HEXA, codificador da sub-unidade ? da enzima hexosaminidase A, são responsáveis por 98% dos casos da DTS na população judaica Ashkenazita. Esse fato possibilita a utilização de um teste de DNA para a identificação de portadores da DTS nesta população. Segundo o censo do IBGE de 1991, a população judaica no Brasil é de 86.416 indivíduos. Este trabalho visou analisar a necessidade e a aceitação de um programa de detecção e orientação de portadores da DTS nesta população. Em particular, procurou-se (1) estabelecer a freqüência das 3 principais mutações causadoras da DTS na população judaica brasileira; (2) avaliar a reação de indivíduos desta população à proposta de um programa de triagem de portadores da DTS, com o objetivo de orientação para casais em risco de terem crianças afetadas. Este estudo foi realizado em escolas judaicas de ensino médio, em São Paulo e no Rio de Janeiro, seguindo o modelo canadense. Dentre 581 alunos (>=16 anos) que assistiram palestras informativas, 404 participaram da pesquisa, indicando uma taxa de participação de 70%. De acordo com os dados dos formulários de consentimento, aproximadamente 65% dos cromossomos analisados eram de origem judaica Ashkenazita. A análise das 3 mutações comuns no gene HEXA nestes 404 indivíduos detectou 8 portadores da DTS (7 da mutação InsTATC1278 e 1 de IVS12+1). Assim, a freqüência de portadores na amostra foi de 1 em cada 51 indivíduos. Considerando somente os cromossomos de origem judaica Ashkenazita, nossos dados indicam que a freqüência de portadores da DTS na amostra é de 1 em cada 33 indivíduos. As freqüências encontradas são equivalentes àquelas descritas em outras populações judaicas (P>0,05). Baseando-se nestes dados, concluí-se que justifica-se a implementação de um programa de identificação e orientação de portadores da DTS na população judaica brasileira. A contemplação dos diversos aspectos éticos envolvidos são parte essencial deste programa. / Tay-Sachs disease (TSD) is an autossomal recessive disease of lysossome storage characterized by progressive nervous degeneration. Children affected by TSD manifest first symptoms around 6 months and die before 5 years of age. TSD is caused by mutations in the HEXA gene, coding for the ? subunit of the hexosaminidase A enzyme. In the absence of the enzyme, its substrate, GM2 ganglioside, accumulates in the neurons of the central nervous cortex. Late onset TSD (chronic form) is a rare variant phenotype with appearance of first symptoms during the second or third decade of life. In the Ashkenazi jewish population, 1 in every 31 individuals is a TSD carrier. The disease incidence (1 in every 4.000 newborns) is 100 times higher in this population. The advent of pre-natal diagnosis for TSD and the development of preventive screening programs massively adopted by Ashkenazi jewish populations led to a 90% decrease in the disease incidence in this group. Three mutations in the HEXA gene are responsible for 98% of the disease incidence in Ashkenazi jews. This lead to the establishment of a DNA test for detection of TSD carriers in this population. The brazilian Ashkenazi jewish populations is around 100.000 individuals. This work aimed to establish the need and the acceptance of a screening program for this population. Specifically, it established the frequency of the 3 most common TSD mutations in a sample of the brazilian jewish population and evaluated the reaction of the community to the offer of a preventive program. This work was undertaken in jewish senior high-school students, in São Paulo and Rio de Janeiro, following the canadian preventive model. From 581 students (>=16 years old) that attended educational sessions, 404 volunteered to the test, indicating a 70% participation rate. According to the data of the consent form, approximately 65% of the chromosomes were associated to Ashkenazi jewish ancestry. The molecular analysis of the 3 most common mutations in the HEXA gene from the 404 participants detected 8 carriers (7 of InsTATC1278 and 1 of IVS12+1), thus indicating a carrier frequency of 1/51. In the Ashkenazi fraction, the estimated carrier frequency is 1 in 33 individuals. Both frequencies are similar to those described for other jewish communities (P>0,05). Based in this findings, it was concluded that the implementation of a screening program for TSD in the brazilian jewish population is feasible. The ethical aspects involved are an essential part of such a program.
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