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Sistema porta hepático do bagre africano Clarias gariepinus Burchell, 1822 (Clariidae, Siluriformes, Ostariophysii) / Hepatic portal system of the African catfish Clarias gariepinus Burchell, 1822 (Clariidae, Siluriformes, Ostariophysii)

Palhares, Gerson Lopes 29 November 2004 (has links)
Estudou-se o sistema porta hepático do bagre africano Clarias gariepinus Burchell, 1822, sob o ponto de vista da anatomia macroscópica e microscópica, utilizando-se várias técnicas anatômicas, que envolveram anestesia, injeção de substâncias recomendadas ao estudo do sistema vascular (látex, nanquim, cloreto de polivinil e substância radiopaca), dissecação, corrosão ou radiografia, conforme a exigência de cada técnica, como meio de compreensão da anatomia vascular do fígado deste peixe. Foram utilizados 16 exemplares do sexo feminino, com comprimento total entre 45 e 53,5 centímetros e massa corpórea entre 575 e 1068 gramas. Para a execução dessas técnicas, os peixes foram devidamente anestesiados com benzocaína, garantindo a narcose profunda e evitando qualquer tipo de sofrimento a eles. Os resultados obtidos com essas técnicas mostram que o fígado de Clarias gariepinus ocupa a cavidade abdominal cranial e apresenta uma lobação bem definida, sendo constituído por dois grandes lobos, denominados direito e esquerdo, conectados cranialmente por uma ponte dorsal à transição entre o esôfago e o estômago. O lobo esquerdo apresenta-se ligeiramente maior que o contralateral. Em suas extremidades caudais, os lobos esquerdo e direito formam um ápice pontiagudo, de formato triangular, que continua tenuemente através de um istmo eminentemente vascular que liga esses ápices a dois outros lobos, chamados acessórios direito e esquerdo, bem menores que os demais, e que ficam seqüestrados em um recesso peritoneal, lateral à cavidade abdominal. Os resultados indicam ainda que o sistema porta hepático de Clarias gariepinus está representado por duas veias portas principais denominadas direita e esquerda, levemente assimétricas em diâmetro, que drenam o sangue das vísceras abdominais (baço, estômago, vesícula biliar, intestino e gônadas) através dos tributários viscerais desse sistema. Ainda, devido a uma situação peculiar dos lobos acessórios, definem-se mais duas veias portas secundárias ligadas às principais e designadas igualmente por acessórias, uma esquerda e outra direita. Ambas as vv. portas principais se ramificam, atingindo o hilo da face visceral, enquanto que as vv. acessórias penetram por uma região restrita do lobo. Através de ramos interlobares, ambas as vv. portas principais se anastomosam no parênquima hepático. A v. porta esquerda, com discreto aumento de diâmetro, forma-se pela terminação da v. intestinal, concomitante à desembocadura da v. gastrointestinal e da v. porta acessória esquerda. A v. porta direita se define pela terminação da v. intestinal cranial, simultaneamente à chegada da v. porta acessória ipsilateral, drenando sangue do intestino médio, estômago e vesícula biliar. Nessa espécie, também estão caracterizados dois sítios de comunicação entre o sistema porta hepático e o sistema porta renal através de anastomoses em cada v. porta. Sob as condições em que o trabalho foi desenvolvido e considerando-se a metodologia proposta e a análise dos resultados, conclui-se que todos os métodos foram adequados ao estudo do aparelho circulatório de Clarias gariepinus, sendo recomendados para experimentos futuros sobre o mesmo assunto em outras espécies piscícolas; porém, dentre as três metodologias utilizadas para análises macroscópicas, a injeção de cloreto de polivinil seguida de corrosão das peças e subseqüente obtenção de moldes vasculares mostrou-se mais eficiente na marcação e identificação dos vasos que compõem o sistema porta hepático deste peixe. Conclui-se também que, devido à presença dos lobos acessórios, a lobação hepática é peculiar nesta espécie, em virtude da posição ocupada por estes lobos, assim como a circulação porta, em função das duas veias porta acessórias, e ainda a anastomose entre as duas veias porta principais, característica que deve ser considerada em trabalhos que envolvam cirurgia hepática no bagre africano / The hepatic portal system of the African catfish Clarias gariepinus Burchell, 1822, was studied considering the macroscopic and microscopic anatomy, by means of several anatomic techniques, including anesthesia, injection of substances recommended to the study of the vascular system (latex, Indian ink, polyvinyl chloride and radiopaque substance), dissection, corrosion or radiography, according to the requirement of each technique, as a way of understanding the hepatic circulatory pathway in the African catfish. Sixteen female specimen were used, being the entire length between 45 and 53.5 centimeters and the corporal mass between 575 and 1068 grams. To perform these techniques, the fishes were adequately anesthetized with benzocaine, assuring the deep narcosis and preventing them from any suffering. The results obtained through such techniques show that the liver of Clarias gariepinus occupies the cranial abdominal cavity and shows a clear lobation, the liver consisting of two large lobes, called right and left, cranially connected by a bridge dorsal to the transition between the esophagus and the stomach. The left lobe is slightly larger than the contralateral lobe. At their caudal ends, the left and the right lobes form a sharp triangle-like apex that tenuously passes through a strip eminently vascular that links these apexes with two other lobes, called right and left accessories, much smaller than the others, these lobes being wrapped in a peritoneal recess, situated at the side of the abdominal cavity. The results still show that the hepatic portal system of Clarias gariepinus is represented by two main portal veins named right and left, slightly asymmetric in diameter, that empty the blood out of the abdominal viscera (spleen, stomach, gall bladder, intestine and gonads) through the visceral tributaries of this system. Furthermore, due to a peculiar situation of the accessory lobes, two other secondary portal veins were defined; they are connected to the main veins and are equally called right and left accessories. Both the main portal veins branch, reaching the hilum of the visceral face, whereas the accessory veins go into a restricted region of the lobe. Through interlobar branches, both the main portal veins anastomose in the hepatic parenchyma. The left portal vein, with a slight increase in diameter, is formed by the terminatio of the intestinal vein, accompanying the discharge of the gastrointestinal vein and the accessory left portal vein. The right portal vein is defined by the terminatio of the cranial intestinal vein, simultaneously with the accessory ipsilateral portal vein, emptying the blood out of the medial intestine, stomach and gall bladder. In this species it is also possible to distinguish two connecting sites between the hepatic portal system and the renal portal system by means of anastomoses in each portal vein. Under the conditions in which the experiment was carried out and considering the methodology suggested and the analysis of the results, it is concluded that all the methods were suitable for the study of the circulatory system of Clarias gariepinus, being recommended for future tests on the same subject in other fish species; however, among the three methodologies used in the macroscopic analyses, the injection of polyvinyl chloride followed by the corrosion of pieces and subsequent getting of vascular moulds was believed to be more efficient at the marking and identification of the vessels that compose the hepatic portal system of this fish. It was also concluded that, due to the presence of the accessory lobes, the hepatic lobation is peculiar in this species because of the position occupied by these lobes, as well as the portal circulation, caused by the two accessory portal veins, in addition to the anastomose between the two main portal veins, a characteristic that must be thought of in studies of hepatic surgery in the African catfish
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Sistema porta hepático do bagre africano Clarias gariepinus Burchell, 1822 (Clariidae, Siluriformes, Ostariophysii) / Hepatic portal system of the African catfish Clarias gariepinus Burchell, 1822 (Clariidae, Siluriformes, Ostariophysii)

Gerson Lopes Palhares 29 November 2004 (has links)
Estudou-se o sistema porta hepático do bagre africano Clarias gariepinus Burchell, 1822, sob o ponto de vista da anatomia macroscópica e microscópica, utilizando-se várias técnicas anatômicas, que envolveram anestesia, injeção de substâncias recomendadas ao estudo do sistema vascular (látex, nanquim, cloreto de polivinil e substância radiopaca), dissecação, corrosão ou radiografia, conforme a exigência de cada técnica, como meio de compreensão da anatomia vascular do fígado deste peixe. Foram utilizados 16 exemplares do sexo feminino, com comprimento total entre 45 e 53,5 centímetros e massa corpórea entre 575 e 1068 gramas. Para a execução dessas técnicas, os peixes foram devidamente anestesiados com benzocaína, garantindo a narcose profunda e evitando qualquer tipo de sofrimento a eles. Os resultados obtidos com essas técnicas mostram que o fígado de Clarias gariepinus ocupa a cavidade abdominal cranial e apresenta uma lobação bem definida, sendo constituído por dois grandes lobos, denominados direito e esquerdo, conectados cranialmente por uma ponte dorsal à transição entre o esôfago e o estômago. O lobo esquerdo apresenta-se ligeiramente maior que o contralateral. Em suas extremidades caudais, os lobos esquerdo e direito formam um ápice pontiagudo, de formato triangular, que continua tenuemente através de um istmo eminentemente vascular que liga esses ápices a dois outros lobos, chamados acessórios direito e esquerdo, bem menores que os demais, e que ficam seqüestrados em um recesso peritoneal, lateral à cavidade abdominal. Os resultados indicam ainda que o sistema porta hepático de Clarias gariepinus está representado por duas veias portas principais denominadas direita e esquerda, levemente assimétricas em diâmetro, que drenam o sangue das vísceras abdominais (baço, estômago, vesícula biliar, intestino e gônadas) através dos tributários viscerais desse sistema. Ainda, devido a uma situação peculiar dos lobos acessórios, definem-se mais duas veias portas secundárias ligadas às principais e designadas igualmente por acessórias, uma esquerda e outra direita. Ambas as vv. portas principais se ramificam, atingindo o hilo da face visceral, enquanto que as vv. acessórias penetram por uma região restrita do lobo. Através de ramos interlobares, ambas as vv. portas principais se anastomosam no parênquima hepático. A v. porta esquerda, com discreto aumento de diâmetro, forma-se pela terminação da v. intestinal, concomitante à desembocadura da v. gastrointestinal e da v. porta acessória esquerda. A v. porta direita se define pela terminação da v. intestinal cranial, simultaneamente à chegada da v. porta acessória ipsilateral, drenando sangue do intestino médio, estômago e vesícula biliar. Nessa espécie, também estão caracterizados dois sítios de comunicação entre o sistema porta hepático e o sistema porta renal através de anastomoses em cada v. porta. Sob as condições em que o trabalho foi desenvolvido e considerando-se a metodologia proposta e a análise dos resultados, conclui-se que todos os métodos foram adequados ao estudo do aparelho circulatório de Clarias gariepinus, sendo recomendados para experimentos futuros sobre o mesmo assunto em outras espécies piscícolas; porém, dentre as três metodologias utilizadas para análises macroscópicas, a injeção de cloreto de polivinil seguida de corrosão das peças e subseqüente obtenção de moldes vasculares mostrou-se mais eficiente na marcação e identificação dos vasos que compõem o sistema porta hepático deste peixe. Conclui-se também que, devido à presença dos lobos acessórios, a lobação hepática é peculiar nesta espécie, em virtude da posição ocupada por estes lobos, assim como a circulação porta, em função das duas veias porta acessórias, e ainda a anastomose entre as duas veias porta principais, característica que deve ser considerada em trabalhos que envolvam cirurgia hepática no bagre africano / The hepatic portal system of the African catfish Clarias gariepinus Burchell, 1822, was studied considering the macroscopic and microscopic anatomy, by means of several anatomic techniques, including anesthesia, injection of substances recommended to the study of the vascular system (latex, Indian ink, polyvinyl chloride and radiopaque substance), dissection, corrosion or radiography, according to the requirement of each technique, as a way of understanding the hepatic circulatory pathway in the African catfish. Sixteen female specimen were used, being the entire length between 45 and 53.5 centimeters and the corporal mass between 575 and 1068 grams. To perform these techniques, the fishes were adequately anesthetized with benzocaine, assuring the deep narcosis and preventing them from any suffering. The results obtained through such techniques show that the liver of Clarias gariepinus occupies the cranial abdominal cavity and shows a clear lobation, the liver consisting of two large lobes, called right and left, cranially connected by a bridge dorsal to the transition between the esophagus and the stomach. The left lobe is slightly larger than the contralateral lobe. At their caudal ends, the left and the right lobes form a sharp triangle-like apex that tenuously passes through a strip eminently vascular that links these apexes with two other lobes, called right and left accessories, much smaller than the others, these lobes being wrapped in a peritoneal recess, situated at the side of the abdominal cavity. The results still show that the hepatic portal system of Clarias gariepinus is represented by two main portal veins named right and left, slightly asymmetric in diameter, that empty the blood out of the abdominal viscera (spleen, stomach, gall bladder, intestine and gonads) through the visceral tributaries of this system. Furthermore, due to a peculiar situation of the accessory lobes, two other secondary portal veins were defined; they are connected to the main veins and are equally called right and left accessories. Both the main portal veins branch, reaching the hilum of the visceral face, whereas the accessory veins go into a restricted region of the lobe. Through interlobar branches, both the main portal veins anastomose in the hepatic parenchyma. The left portal vein, with a slight increase in diameter, is formed by the terminatio of the intestinal vein, accompanying the discharge of the gastrointestinal vein and the accessory left portal vein. The right portal vein is defined by the terminatio of the cranial intestinal vein, simultaneously with the accessory ipsilateral portal vein, emptying the blood out of the medial intestine, stomach and gall bladder. In this species it is also possible to distinguish two connecting sites between the hepatic portal system and the renal portal system by means of anastomoses in each portal vein. Under the conditions in which the experiment was carried out and considering the methodology suggested and the analysis of the results, it is concluded that all the methods were suitable for the study of the circulatory system of Clarias gariepinus, being recommended for future tests on the same subject in other fish species; however, among the three methodologies used in the macroscopic analyses, the injection of polyvinyl chloride followed by the corrosion of pieces and subsequent getting of vascular moulds was believed to be more efficient at the marking and identification of the vessels that compose the hepatic portal system of this fish. It was also concluded that, due to the presence of the accessory lobes, the hepatic lobation is peculiar in this species because of the position occupied by these lobes, as well as the portal circulation, caused by the two accessory portal veins, in addition to the anastomose between the two main portal veins, a characteristic that must be thought of in studies of hepatic surgery in the African catfish

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