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O cultivo das faculdades humanas nas Preleções de Kant sobre antropologia / The cultivation of human faculties within Kant\'s Lectures on Anthropology

Santos, Leonardo Rennó Ribeiro 07 March 2016 (has links)
A presente tese parte do diagnóstico de que a Antropologia Pragmática manual de antropologia editado tardiamente por Immanuel Kant em 1798 é tomada tradicionalmente pelo kantismo como periférica em relação ao corpus crítico, cujo resultado mais evidente é a disjunção da questão antropológica das inquietações centrais que mobilizam a filosofia crítica. Contra esta linha de argumentação, será defendido mediante uma interpretação abrangente das Vorlesungen über Anthropolgie e Antropologia Pragmática que, ao longo dos seus 25 anos de preleções sobre antropologia, Kant desenvolveu paulatinamente uma concepção coerente de natureza humana em relação ao conjunto de princípios basilares que organizaram o seu projeto filosófico. Para tanto, será primeiro investigado o lugar da Weltkenntnis na filosofia kantiana, interrogando o modo como a disciplina de antropologia pôde surgir no semestre acadêmico de inverno de 1772/73 como desdobramento consequente das preleções sobre geografia física. Em seguida, a metodologia proposta por Kant nas preleções sobre antropologia será analisada, buscando delimitar as suas especificidades em relação às disciplinas de geografia física e história natural, assim como a sua reciprocidade em face da estruturação da filosofia crítica. O segundo capítulo será dedicado à exploração deste vínculo entre investigação antropológica e Crítica a partir da concepção kantiana de Esclarecimento. Será mostrado como a reflexão de Kant sobre a natureza humana ajudou a estruturar a sua definição original de progresso do gênero humano, o que lhe permitiu, ao mesmo tempo, redefinir a disciplina de História como Geschichte e interrogar este processo a partir do cultivo da sensibilidade. Por fim, porque esta interrogação mobiliza duas noções-chave da estética kantiana, o terceiro capítulo será dedicado à compreensão do juízo de gosto e da faculdade de imaginação, tal como ambas foram consideradas no interior das preleções de Kant sobre antropologia, buscando ressaltar ali o seu potencial emancipatório em vista da concepção kantiana, também original, de cultura. / The present thesis starts from the diagnosis that Pragmatic Anthropology (1798) is traditionally considered by Kantian commentators to be peripheral regarding Kants critical corpus, resulting in a certain detachment of the anthropological investigations from the central concerns of his critical philosophy. Against this line of argumentation, it is proposed here a broad interpretation of Vorlesungen über Anthropologie and Pragmatic Anthropology. The aim of this thesis is to argue that Kant gradually developed a coherent conception of human nature in relation to the set of basic principles underpinning his philosophical project. The first chapter, by examining the rise of anthropology as a discipline in the winter semester of 1772-1773 as it splits from the lectures on physical geography, will investigate the place of Weltkenntnis in Kantian philosophy. Then, the distinctiveness of this new discipline compared to physical geography and natural history as well as its reciprocity concerning Kants critical project will be delimitated through an analysis of the methodology proposed by Kant. The second chapter is devoted to the exploration of the link between anthropological research and Criticism in view of the Kantian conception of Enlightenment. It will be shown how Kants reflections on human nature helped to shape his own definition of progress of mankind, thereby allowing him to redefine the discipline of History as Geschichte, on the one hand, and to examine the process of Enlightment in relation to the cultivation of sensibility, on the other. Finally, since the former discussion mobilizes two key notions of the Kantian aesthetics, the third chapter intends to discuss the judgment of taste and the faculty of imagination as these notions were considered within Kants lectures on anthropology with a special emphasis on their emancipatory potential in light of Kants own conception of Culture.
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O cultivo das faculdades humanas nas Preleções de Kant sobre antropologia / The cultivation of human faculties within Kant\'s Lectures on Anthropology

Leonardo Rennó Ribeiro Santos 07 March 2016 (has links)
A presente tese parte do diagnóstico de que a Antropologia Pragmática manual de antropologia editado tardiamente por Immanuel Kant em 1798 é tomada tradicionalmente pelo kantismo como periférica em relação ao corpus crítico, cujo resultado mais evidente é a disjunção da questão antropológica das inquietações centrais que mobilizam a filosofia crítica. Contra esta linha de argumentação, será defendido mediante uma interpretação abrangente das Vorlesungen über Anthropolgie e Antropologia Pragmática que, ao longo dos seus 25 anos de preleções sobre antropologia, Kant desenvolveu paulatinamente uma concepção coerente de natureza humana em relação ao conjunto de princípios basilares que organizaram o seu projeto filosófico. Para tanto, será primeiro investigado o lugar da Weltkenntnis na filosofia kantiana, interrogando o modo como a disciplina de antropologia pôde surgir no semestre acadêmico de inverno de 1772/73 como desdobramento consequente das preleções sobre geografia física. Em seguida, a metodologia proposta por Kant nas preleções sobre antropologia será analisada, buscando delimitar as suas especificidades em relação às disciplinas de geografia física e história natural, assim como a sua reciprocidade em face da estruturação da filosofia crítica. O segundo capítulo será dedicado à exploração deste vínculo entre investigação antropológica e Crítica a partir da concepção kantiana de Esclarecimento. Será mostrado como a reflexão de Kant sobre a natureza humana ajudou a estruturar a sua definição original de progresso do gênero humano, o que lhe permitiu, ao mesmo tempo, redefinir a disciplina de História como Geschichte e interrogar este processo a partir do cultivo da sensibilidade. Por fim, porque esta interrogação mobiliza duas noções-chave da estética kantiana, o terceiro capítulo será dedicado à compreensão do juízo de gosto e da faculdade de imaginação, tal como ambas foram consideradas no interior das preleções de Kant sobre antropologia, buscando ressaltar ali o seu potencial emancipatório em vista da concepção kantiana, também original, de cultura. / The present thesis starts from the diagnosis that Pragmatic Anthropology (1798) is traditionally considered by Kantian commentators to be peripheral regarding Kants critical corpus, resulting in a certain detachment of the anthropological investigations from the central concerns of his critical philosophy. Against this line of argumentation, it is proposed here a broad interpretation of Vorlesungen über Anthropologie and Pragmatic Anthropology. The aim of this thesis is to argue that Kant gradually developed a coherent conception of human nature in relation to the set of basic principles underpinning his philosophical project. The first chapter, by examining the rise of anthropology as a discipline in the winter semester of 1772-1773 as it splits from the lectures on physical geography, will investigate the place of Weltkenntnis in Kantian philosophy. Then, the distinctiveness of this new discipline compared to physical geography and natural history as well as its reciprocity concerning Kants critical project will be delimitated through an analysis of the methodology proposed by Kant. The second chapter is devoted to the exploration of the link between anthropological research and Criticism in view of the Kantian conception of Enlightenment. It will be shown how Kants reflections on human nature helped to shape his own definition of progress of mankind, thereby allowing him to redefine the discipline of History as Geschichte, on the one hand, and to examine the process of Enlightment in relation to the cultivation of sensibility, on the other. Finally, since the former discussion mobilizes two key notions of the Kantian aesthetics, the third chapter intends to discuss the judgment of taste and the faculty of imagination as these notions were considered within Kants lectures on anthropology with a special emphasis on their emancipatory potential in light of Kants own conception of Culture.

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