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O exótico cruzou o Atlântico : o embarque e a presença de ameríndios na Europa (Séculos XV, XVl e XVll)Pitol, Ana Claudia Magalhães January 2015 (has links)
Orientadora : Profª Drª Andréa Carla Doré / Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Defesa: Curitiba, 04/03/2015 / Inclui referências / Linha de pesquisa: Espaço e sociabilidades / Resumo: O objeto desta pesquisa são os nativos americanos, provenientes das Américas Espanhola e Portuguesa, embarcados para a Europa. Estes embarques são evidências de que a posse da América pelos europeus não se restringiu aos territórios, abarcando também os grupos humanos. Em um contexto maior relacionam-se com a discussão sobre as maneiras pelas quais os europeus apossaram-se do Novo Mundo, através de rituais e de suas formas de representação, como a escrita e a imagem. Estas transferências são entendidas como práticas de posse através das quais os europeus expressam sua dominação sobre os nativos. Esta posse é entendida em duas dimensões: a posse física, através da qual o nativo era embarcado e transformado em escravo na Europa e a posse performativa, através da qual o nativo, embarcado à força ou não, era exibido e demonstrava uma imagem da América a Europa. A exposição dos indígenas levados para a Europa foi cotejada com a de outros tipos considerados como monstruosos ou exóticos nas cortes européias, o que possibilitou uma visão hipotética da forma como os indígenas eram ali observados e exibidos. À margem geográfica do mundo e da cultura considerada civilizada, suas vozes foram utilizadas para a elaboração de um discurso europeu do que era a América. O aprisionamento dos indígenas no plano físico foi acompanhado por um aprisionamento no plano representacional, ações que se alimentavam mutuamente. No entanto, a presença nativa na Europa não significa apenas que os ameríndios respondiam passivamente ao que lhe era imposto pelos europeus. O embarque para a Europa também poderia ter motivações indígenas.
Palavras-chave: ameríndios na Europa, práticas de posse, escravidão, nativos americanos / Abstract: This research aims at studying the American natives from Spanish and Portuguese Americas
sent to Europe. Embarkments prove that European colonized not only American lands, but also human beings. In a larger context, the ways in which Europeans colonized the New World, through rituals and their representations, such as writing and image, are in connection with the discussion. These transferences are considered practices of ownership through which the Europeans expressed their domination over the natives. This ownership consists of two dimensions: the physical ownership, including the embarkment and slavery of natives in Europe, and the performative ownership, including the embarkment of natives, whether compelled or not, to be exhibited to Europe as an image of America. The exhibition of indigenous sent to Europe was compared to other exhibitions considered monstrous or exotic in the European courts, resulting in a hypothetical view of how the aboriginals were observed and exposed. Disregarded by world geography and culture considered civilized, their voices were used to prepare the European speech about the America. The capture of the aboriginals in the physical plan was followed by a capture in the representational plan, as a two-way action. The native presence in Europe, however, does not mean that Amerindians acted passively in relation to European behavior. The embarkment to Europe could be due to aboriginal purposes.
Keywords: Amerindians in Europe, practices of ownership, slavery, American natives
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