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A valência do predicador CHAMAR na diacronia do português / The valency of CHAMAR in history of portuguese

Menezes da Silva, Gilcélia de 17 August 2018 (has links)
Orientador: Maria Clara Paixão de Sousa / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-17T08:13:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1 MenezesdaSilva_Gilceliade_M.pdf: 1847278 bytes, checksum: 6b191641e44f5685bf5ada8d6aa15e39 (MD5) Previous issue date: 2010 / Resumo: Nos estágios atuais da língua, as gramáticas brasileiras e portuguesas descrevem o CHAMAR como o único verbo do Português a ter um Predicativo do Objeto Indireto. O problema inicial desta pesquisa surgiu a partir dessa singularidade atribuída ao verbo CHAMAR quando predicador de construções denominativas, e se constitui em compreender quais foram os fatores que levaram o CHAMAR a ter, ao longo do tempo, esse comportamento diferenciado de todos os outros verbos da língua. Assim, o presente trabalho tem por objetivo descrever gramaticalmente o predicador CHAMAR quando este significa "qualificar"; "atribuir um nome, denominar"; "autodenominar-se" e "possuir um nome", tendo como base as narrativas portuguesas escritas nos séculos 14, 15 e 16. As construções com CHAMAR aqui descritas foram denominadas de construções de semântica denominativa e apresentam as seguintes estruturas básicas: [X V (a) Y (de) Z] em construções transitivo-ativas e [Y V-se Z]; [Y V Z] e [V Z] em construções não-transitivas (estativas/passivas), onde X= "Agente" (aquele que "executa a ação" expressa pelo verbo); Y= "Designando", (aquele que recebe a denominação dada); e Z= "Designação" (a denominação propriamente dita). A partir dos questionamentos iniciais levantados, partiu-se para um estudo sobre a valência do CHAMAR quando principal predicador de construções denominativas procurando identificar os padrões de ocorrência dessas construções nos textos. Nos séculos 14 e 15 o CHAMAR convivia com outros predicadores denominativos e estes foram substituídos na diacronia, transformando o CHAMAR no principal predicador de construções denominativas. O CHAMAR denominativo pode ser "qualificativo", i.e., quando atribui uma qualidade; ou "denominativo" propriamente dito, ou seja, quando atribui um nome. As estruturas com CHAMAR "qualificativo" apresentam a Designação (Z) como um adjetivo predicativo e, portanto selecionam como argumento uma Small Clause ("e porém lhe chama a estória filho de perdição" - CGE). Já as estruturas com CHAMAR "denominativo" apresentam a Designação (Z) como um nome próprio ("e por isso lhe chamaram Dom Sancho, o Desejado" - CGE) e, portanto não selecionam uma Small Clause como argumento. Neste tipo de construções o CHAMAR se caracteriza como um verbo de atribuição, tal como DAR, OFERECER, apresentando valência três [Agente] [V] [Designando] [Designação]. As construções transitivo-ativas apresentam como principal padrão de expressão argumental aquele em que o argumento que mais aparece nulo e o Agente (X), e o Designando Y (Objeto) ocupa a posição a esquerda de proeminência discursiva (Y V __ Z), acompanhando dessa forma as principais características da frase na Gramática do Português Médio, defendidas por Paixão de Sousa (2008). A partir desse padrão dos verbos no PM propõe-se que as construções estativas do tipo [Y V Z] ("Ela chama Maria") atestadas atualmente no PB são derivadas das construções ativas do tipo [Y V __ Z] do PM, com o sujeito Agente nulo e o "constituinte discursivamente importante" ocupando a posição imediata a esquerda do verbo, alterando assim a Valencia de CHAMAR de três para dois / Abstract: Current grammar books of both Brazilian and European varieties of Portuguese describe CHAMAR ('call') as the only Portuguese verb having a predicate nominative of an indirect object. The initial problem of this research is to understand which factors have driven CHAMAR to have a differentiated behavior with respect to other verbs of the language because of its singularity as a predicator of denominative constructions. Therefore, the present work aims at grammatically describing predicator CHAMAR when it means "to qualify", "to assign a name, to denominate", "to self-denominate" and "to have a name", based on Portuguese narratives written in the 14th, 15th and 16th centuries. The constructions with CHAMAR described here were called 'constructions with denominative semantics' and display the following basic structures: [X V (a) Y (de) Z] in active-transitive constructions and [Y V-se Z]; [Y V Z] and [V Z] in non-transitive constructions (stative/passive). Where X= "Agent" (the participant that "executes the action" expressed by the verb), Y= "Designee" (the participant that receives the given denomination) and Z= "Designation" (the actual denomination). After presenting the initial research questions, the text displays the results of a study about the valency of CHAMAR as the main predicator in denominative constructions and tries to identify the distribution patterns of these constructions in the texts. In the 14th and 15th centuries CHAMAR existed along with other denominative predicators, but these ones were substituted in diachrony; as a result, CHAMAR has become the main predicator of denominative constructions. Denominative CHAMAR can be "qualificative", i.e. when it assigns a quality; or properly "denominative", it means, when it assigns a name. The structures with "qualificative" CHAMAR present the Designation (Z) as a predicate adjective and therefore they select a Small Clause as an argument: e porém lhe chama a estória filho de perdição (CGE) ('and however the story calls him the son of perdition'). On the other hand the structures with "denominative" CHAMAR display the designation (Z) as a given name: e por isso lhe chamaram Dom Sancho, o Desejado (CGE) ('and because of that they called him Dom Sancho, the Desired One') and, therefore, they do not select a Small Clause as an argument. In this type of constructions CHAMAR is characterized as a verb of giving, such as DAR ('give') and OFERECER ('offer'), showing valency = 3: [Agent] [V] [Designee] [Designation]. Active-transitive constructions present the following main pattern of argument expression: the Agent (X) is more frequently null, and the Designee Y (Object) occupies a position of discursive prominence to the left (Y V __ Z). In this sense, it follows the main characteristics of the sentence in Middle Portuguese (MP) Grammar, as argued by Paixao de Sousa (2008). From such a pattern in MP we propose that stative constructions of the type [Y V Z] instantiated in Ela chama Maria ('she is called Mary') in nowadays Brazilian Portuguese are derived from active constructions of the type [Y V __ Z] in MP, with the Agent subject null and the "discursively most important constituent" occupying the immediate position to the left of the verb. In this way the valency of CHAMAR was changed from 3 to 2 / Mestrado / Linguistica / Mestre em Linguística

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