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Frei Lucas de Santa Catarina [1660-1740], dominicano e cronista da sua Ordem, membro-fundador da Academia Real de História, deixou uma vasta obra religiosa e profana, apresentando esta última alguns problemas de atribuição autoral, quer devido à circulação manuscrita quer devido à utilização de vários pseudónimos. A Leitura dos elementos paratextuais, particularmente dos prólogos que introduzem obras de índole bem diferente, assim como a análise da ficção narrativa e textos jocosos permitem-nos aferir acerca da relação do Autor como o seu público leitor, bem como a sua posição em relação à norma e à transgressão e a articulação da utilitas com o deleite.

Esta dissertação pretende estudar a obra de Teodoro de almeida, autor de textos de divulgação científica e de espiritualidade, "novelas" e composições poéticas, evidenciando as formas como esta produção se inscreve - de maneira original - nos contextos "ilustrados" do século XVIII português. A primeira parte examina as orientações de fixação das "memória" deste oratoriano, desde 1804, até aos nossos dias, através de um variado fundo documental, mostrando quanto pesou, neste percurso que comporta uma Vida redigida em 1830, a sombra de Pombal. A segunda procede ao estudo da obra impressa e inédita, nas suas várias direcções - da história da divulgação científica, à literatura, aos modelos educativos e à estruturação de piedades privadas - procurando provar que o autor possui um projecto literário global, construído no campo cultural das "luzes", de uma maneira muito particular no contexto português, já que, conhecendo e usando os principais mecanismos literários e culturais destas, supõe e propõe um caminho alternativo. A "ciência" como literatura, a difusão de modelos comportamentais, através de codificações discursivas como o "poema em prosa", a escrita de devocionários e cartas "espirituais" que esta dissertação procura estudar em pormenor, inserindo a produção do autor no omplexo contexto a que pertence, revelam-se formas diferenciadas de atingir um mesmo objectivo: a consideração da unidade indissolúvel entre o sagrado e o profano, num mundo em que tal cisão se vinha processando.