A epidemia do HIV/AIDS vem mobilizando nas últimas três décadas muitos pesquisadores de diversas áreas do conhecimento (medicina, psicologia, educação, sociologia, antropologia, dentre outras), visto ser um problema sério de saúde pública e a prevenção, a principal arma que a ciência lança mão para o seu combate. Nesse sentido, muita se produziu nos últimos anos visando contribuir para o aprimoramento das propostas de intervenção na área da saúde e educação, com o intuito de combater e prevenir a disseminação das doenças sexualmente transmissíveis em geral, e em especial, a AIDS, sobretudo junto à juventude. Vale observar que dentre as propostas de intervenção, algumas privilegiaram uma concepção biomédica de saúde, centrando suas preocupações na fisiologia do corpo humano e na prescrição e transmissão de conhecimentos e formas de comportamentos, cujos argumentos enfatizavam a utilização pura e simples do preservativo masculino, sem grande preocupação em trazer para o debate questões de ordem social e cultural que determinam e conduzem o desejo e as práticas afetivas e sexuais dos indivíduos. O presente trabalho tem por objetivo refletir, por meio de uma leitura psicossocial, a respeito das estratégias de intervenção que aponta o jovem como o promotor de ações de prevenção às DST/AIDS junto a seus pares da mesma faixa etária. Entender a subjetividade dessas jovens lideranças das camadas populares na sociedade contemporânea, frente a seu papel como agente de prevenção no combate às DST/AIDS e de como se percebem no exercício de sua própria sexualidade, foi uma de nossas preocupações centrais. Outra questão envolveu o questionamento sobre até que ponto o investimento na formação, preparação e instrumentalização desses jovens em relação a questões ligadas à sexualidade favorecem suas tomadas de decisões com maior segurança em suas relações afetivas e sexuais. As contribuições teóricas de Pichon-Rivière foram fundamentais para trazer aos grupos de discussão as representações individuais e coletivas acerca de temas que os agentes discutem e problematizam nas oficinas de sexualidade junto a outros jovens, possibilitando um processo de ressignificação das representações que fazem acerca de concepções fortemente enraizadas em nossa cultura envolvendo, desde as desigualdades de gênero, o amor romântico até os preconceitos e tabus em torno da sexualidade e de como têm essas concepções interiorizadas, a despeito de toda a crítica que tecem sobre as mesmas. / The HIV/AIDS epidemic has been mobilizing several researchers from several areas of knowledge (medicine, psychology, education, sociology, anthropology, among others), during the last three decades, as this is a serious public health problem and prevention the leading weapon that science can take hold of to struggle against it. In this aspect, a great deal of work has been produced in the last years aiming to contribute to the betterment of the proposals to intervene in the health and education areas, with the purpose of fighting and preventing dissemination of sexually transmitted diseases as a whole and AIDS specially, above all to the young.That is worth observing that among the intervening proposals, some have privileged a biomedical health conception, focusing the concerns on human body physiology and on the prescription and transmission of knowledge and types of behavior, which arguments have emphasized only the use of male condoms without a great concern to bring into the debate issues of social and cultural aspects that determine and conduct the desire and the affective and sexual practices of individuals. The present work has the purpose of pondering, by means of a psychosocial reading, over the intervention strategies that point out the young as the promoter of the prevention action for STD/AIDS next to his/her peers of the same age group. To understand the subjectivity of such young leadership in the popular groups of our contemporary society, in face of his/her role as an agent of prevention in the battle against STD/AIDS and how they perceive themselves in the practice of their own sexuality, was one of our central concerns. Another issue brought into question was in which extent the investment on education, preparation, and instrumentalization of this young group, in relation to the issues connected to sexuality, assist them to safely reach decisions in their affective and sexual relationships. The theoretical contributions of Pichon-Rivière were fundamental to bring into the discussion groups the individual and collective representations for the issues that the agents discuss and problematize in the study groups about sexuality next to other young people, making possible a re-signification of the representations they do about extremely rooted conceptions of our culture covering from gender disparities, the romantic love, to the prejudices and taboos around sexuality - and how these conceptions are internalized despite of all criticism they comment on them.