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O temor da mudança na clínica do vazio

Aoki, Neide Aparecida de Oliveira Santos 17 May 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-28T20:38:40Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Neide Aparecida de Oliveira Santos Aoki.pdf: 866218 bytes, checksum: 1953aef49a9114bfc475ae778a1e8b0f (MD5) Previous issue date: 2013-05-17 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Civilization has experienced a new discomfort. Despite the great technological advances, there still exist feelings of mental inertia, of loneliness and of a non-sense life. Individuals are anonymous, suffer from abandonment with no chance for singularity. The psychoanalytic clinic today expresses this pounding symptom being the main complaints this vague sensation of emptiness, meaninfullness, difficulty in having an identity and love for oneself. Psychoanalysis has emphasized the increasing necessity to highlight what has conventionally been called the pathology of emptiness that is, the clinical approach that is close to psychosis, the relationship with others and the fragile egoic structure that represent neuvragic issues. Analysts are challenged to accept a relationship with nothing , to experience the abysm of no me without being absorbed by it. The opportunity of being with these patients has been a necessary topic for the psychoanalyst reflection. Literature presents the awakening of these questions alerting for its urgency. Therefore, this paper aims at exploring the emptiness experiences exposed by these patients with the theoretical about the theme in order to understand the peculiarities of such psychic behavior, to think of ways of reaching it, to look for literary and cinematographic works that give voice and form to this mental state once words are almost inexistent. So, there can be a deep ludic proximity of such primitive living experience of not being . Theory and art interact to try to reach the indescribable of the analytic involvement with such patients guided by the reasons that could be enhancing this lethargic mental state and the barriers that could prevent the changes. Would it be possible to exist some specification of the analytical work in such cases? Consequently the theoretical conceptual psychoanalytic referential was adopted. The core are the bionianas theories plus the contribution from Tustin and A. Ferro that broaden the Bion´s view concerning thought structures and autisticos functioning and emotions blunt. The illustrative artistic works such as A menina de lá by Guimarães Rosa, Bartley by Melville, A hora da estrela by Lispector, A sonata de outono by Bergamn and The Martin Child by Bass and Tolins display the live theory. This is an attempt to translate in a symbolic and representative way nuances of investigated themes. Patients and analysts dressed as characters were bestowed with the artist delicateness and with knowledge strength supported by theory. During the investigative way it is possible to conclude that feelings of emptiness and no meaning have their roots in early environmental failures. The mother presence attending the child´s necessities interfere with tolerance incapacity toward frustration when there is no available forms to deal with it. This fact leads to an affection and vital impulse blockage that develops inhibitions, emptiness sensation and boredom. These patients were prevented from having the minimal conditions to connect with themselves without threats. This way they refrain emotions as they are felt as a catastrophic threat. The relationship with these patients, therefore demands patience and vitality to approach a mind in which threat to bond is the main characteristic. This could help this abysm unspeakably bad / Atualmente, vivemos um novo mal-estar da civilização. A despeito de tantos avanços e desenvolvimentos, paira um sentimento de inércia mental, de isolamento e falta de sentido. A dor do desamparo parece aumentada, e os indivíduos se desfazem no anonimato, sem que haja espaço para a singularidade. Esse modo de viver e sentir se torna, pois, a sintomatologia latejante da clínica psicanalítica atual, em que as queixas têm sido de uma ausência de significado, de dificuldade para definir e gostar de si próprios, no que se convencionou denominar novas patologias do vazio. Trata-se, pois, de um funcionamento clínico que se aproxima da psicose, no qual a relação com o outro e a fragilidade da estrutura egóica representam pontos nevrálgicos. Descortina-se um convite aos analistas, o de ousar aceitarem a relação com o nada , experimentando o abismo do não-eu, sem que sejam por ele devorados. Diante dessa demanda, esta dissertação tem como objetivo explorar as vivências de vazio apresentadas por esses pacientes por meio do aprofundamento teórico sobre o tema, de modo a compreender as peculiaridades de tal funcionamento psíquico e pensar em modos de alcançá-lo. Para aprofundar o tema, foi adotado o referencial teórico-conceitual psicanalítico, tendo como eixo as teorias bionianas, acrescidas das contribuições de Tustin e A. Ferro, as quais ampliam o olhar de Bion no pensamento das estruturas e funcionamentos autísticos e embotamento das emoções. Haveria então alguma especificidade do trabalho analítico em tais casos? Também foram escolhidas obras literárias e cinematográficas para dar voz e forma a este estado mental em que as palavras pouco habitam, de modo a permitir uma aproximação profunda e lúdica dessa vivência tão primitiva do não ser, tendo como questões norteadoras os fatores que poderiam estar atuando como possíveis desencadeadores desse estado mental letárgico e quais os impeditivos das mudanças. São elas: A menina de lá , de Guimarães Rosa; Bartleby de Herman Melville; A hora da estrela , de Clarice Lispector; A Sonata de Outono de Ingmar Bergman e Martian Child , de Bass e Tolins, traduzem de forma simbólica e representativa nuances dos temas investigados. Pacientes e analista, vestidos de personagens, foram então contemplados com a delicadeza do artista e a firmeza do conhecimento sustentado pela teoria. Ao longo do percurso investigativo, foi possível concluir que os sentimentos de vazio e falta de sentido se enraízam em vivências precoces de falhas nos investimentos do ambiente, especialmente da figura materna, podendo prejudicar a capacidade de tolerância à frustração, bloqueio da afetividade e do impulso vital, gerando inibições, sensações de vazio e tédio. A esses mesmos pacientes faltaram as condições mínimas para que pudessem conectar-se consigo mesmos, de maneira menos ameaçadora, tornando-se defendidos em relação às emoções, sentidas como iminência de catástrofe. A relação com tais pacientes exige, assim, paciência e vitalidade, para que possamos nos aproximar de uma mente em que o ataque ao vínculo é a principal característica, ajudando a alfabetizar seu abismo até então inominável

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