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O violino violado : rabeca, hibridismo e desvio do metodo nas praticas interpretativas contemporaneas : tradição e inovação em Jose Eduardo Gramani / A fiddle forgotten : Jose Eduardo Gramani and the revival of the Brazilian rabeca : postmodernism and performance practice

Fiammenghi, Luiz Henrique 12 May 2008 (has links)
Orientador: Esdras Rodrigues Silva / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes / Made available in DSpace on 2018-08-12T09:27:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Fiammenghi_LuizHenrique_D.pdf: 1743453 bytes, checksum: 6aa367a617dff2e91b8d987596fe3088 (MD5) Previous issue date: 2008 / Resumo: Este trabalho aborda as mudanças de parâmetros interpretativos no âmbito musical ocorridas a partir da segunda metade do séc. XX. Toma como exemplo e reflexo destas mudanças, a obra de José Eduardo Gramani e suas pesquisas sobre a rabeca brasileira e o movimento de interpretação histórica da música antiga. Tem como ponto de referência o ensaio Em defesa de Bach contra seus admiradores de Theodor Adorno (1951), que discute o papel do intérprete contemporâneo face à música escrita no passado, em especial a de J. S. Bach, e a questão da autenticidade e do historicismo. A presente tese toma este ensaio do filósofo de Frankfurt como um ponto divisor, de onde pode-se vislumbrar as mudanças ocorridas no âmbito da interpretação musical dentro do que se convencionou chamar de pós-modernismo. Partindo do pressuposto da visão do intérprete musical, na qual incluo minha própria experiência enquanto intérprete do violino barroco e das rabecas brasileiras, bem como minha relação profissional direta com o músico José E. Gramani, analiso as mudanças do eixo que oscila entre subjetividade e objetividade na interpretação da obra musical, e que implicam decididamente na relevância do papel do intérprete como intermediário entre a obra musical e o ouvinte - de um lado o campo poiético, representado pela cultura do autor e do texto, e de outro o estésico, que considera a performance de uma obra como o resultado da colaboração entre o compositor e seus intérpretes, conforme sustenta o semiólogo Jean-Jacques Nattiez (2005). Ao abordar os princípios encampados por músicos alinhados com a musicologia aplicada, ou seja, que recuperaram a prática de música antiga em instrumentos de época, utilizo como porta-voz o músico, regente e pesquisador Nikolaus Harnoncourt que, a partir do início da década de 50, direcionou seus esforços para uma abordagem fenomenológica da interpretação musical, onde a praxis procura um equilíbrio em relação a theoria. A incômoda pergunta - porque instrumentos históricos? - implícita na crítica contida no ensaio de Adorno aos puristas, subsiste também de forma latente no questionamento da retomada de interesse pela cultura popular e seus agentes, nesse caso representado pelas rabecas brasileiras. Como resposta, analiso os processos que permitiram a esses instrumentos emergirem e redefinirem os seus estatutos dentro do contexto da cultura hegemônica de matriz erudita, não como indícios de uma nova onda nacionalista, aos moldes do espírito romântico de busca do puro e das origens, mas como renovação da linguagem erudita contemporânea, espelhando-se na criação literária de Guimarães Rosa. Procura-se definir de que forma a crise de centralidade característica do pós-modernismo e a questão do hibridismo e da autonomização de elementos da cultura popular, representados pela rabeca, foram musicalmente colocados na obra de José Eduardo Gramani, e de que forma seu interesse pelas rabecas é também tributário de seu enfoque inovador no ensino de rítmica e reflexo das mudanças nas práticas performáticas musicais ocorridas nas últimas décadas do séc. XX. / Abstract: This study examines changes in ways of performing music that took place in the second half of the 20th century. As an example and reflection of these changes, it takes the opus of José Eduardo Gramani and his research on the Brazilian rabeca and the context of "historically informed performance" (HIP). My point of reference is Adorno's essay 'Bach Defended against his Admirers' (1951), which discusses the role of contemporary performers in relation to music written in the past, particularly Bach's, and the question of authenticity and historicism. This thesis takes the Frankfurt philosopher's argument as a watershed for showing the changes in musical interpretation posed by what is conventionally called post-modernism. Based on the point of view of the musical performer, including my own experience playing Baroque violin and Brazilian rabecas, and my professional relationship with the musician José E. Gramani, I set out to analyze these changes on an axis that fluctuates between subjectivity and objectivity in rendering musical works, one which points to the key role of performers as intermediaries between listener and musical work - poietis represented by the culture of author and text, and esthesis examining the performance of a work as the outcome of collaboration between composer and performers, as posed by the semiotician Jean-Jacques Nattiez (2005). To look at the principles posed by musicians aligned with applied musicology, meaning those playing early music on period instruments, I have used the emblematic figure of Nikolaus Harnoncourt, the musician, conductor and researcher who strove to develop a phenomenological approach to playing music in the early 1950s, in which praxis is balanced by theory. The disturbing question - why historical instruments? - raised by Adorno's essay and its critique of purists is also latent in the questioning of renewed interest in popular culture and its agents, in this case Brazilian rabecas. As a response, I analyze the processes leading to the emergence of these instruments and redefine their status within the context of the hegemonic culture of the classical matrix, not as signs of a new wave of national consciousness on the lines of the Romantic spirit's pursuit of purity and origins, but as a renewal of contemporary classical language, as in the literary work of Guimarães Rosa. The study looks at the way in which the crisis of centrality characteristic of post-modernism and the question of hybridism and autonomization of elements of popular culture, represented by the rabeca, were posed musically in the work of José Eduardo Gramani, and how his interest in rabecas also derived from his innovative focus on teaching rhythm while reflecting the changes in musical performance practices that occurred in the late 20th century. / Doutorado / Praticas Interpretativas / Doutor em Música

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