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Da Astronomia Nova de Kepler : um estudo sobre a determinação da órbita elíptica de MarteTavares, Cristiano da Rocha January 2017 (has links)
Orientadora: Profa. Dra. Anastasia Guidi Itokazu / Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do ABC, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, 2017. / O presente trabalho tem por finalidade estudar como Johannes Kepler (1571-1630), em sua
Astronomia Nova (1609), identifica e esboça uma nova astronomia, especialmente ao romper
com o axioma platônico dos movimentos celestes circulares e uniformes ao propor uma órbita
elíptica para o planeta Marte. Em particular, defendemos um ponto de vista que contraria a
visão segundo a qual Kepler teria determinado a órbita elíptica de Marte utilizando única e
exclusivamente os dados empíricos de Tycho Brahe (1546-1601). Este tipo de concepção se
encontra bastante alinhada ao pensamento do grande tradutor das obras completas de Kepler, Max Caspar, que revela logo nas páginas iniciais da Astronomia Nova, na edição traduzida para o inglês por W. H. Donahue, a expressão aus der erfahrung bewiesen, cuja tradução do alemão remete à ideia de que as leis do movimento planetário teriam sido demonstradas por meio da experiência, ou seja, por meio dos dados observacionais. Com efeito, temos um entendimento que diverge desta visão estritamente empírica, pois consideramos a influência de duas hipóteses frequentemente negligenciadas pelos estudiosos de Kepler: a ação da força motriz solar sobre Marte, que daria conta de justificar a elipse mediante aspectos físicos ou metafísicos subjacentes ao método de cálculo, e o movimento de libração, responsável pelos fenômenos de aproximação e afastamento do planeta em relação ao Sol. Dessa forma, nossa pesquisa pretende esclarecer quais foram os pressupostos utilizados por Kepler para estabelecer o salto não trivial do círculo para a curva oval e, especialmente, da oval para a curva elíptica. / The present work aims to study how Johannes Kepler (1571-1630), in his Astronomia Nova
(1609), identifies and outlines a new astronomy, especially when breaks the platonic axiom of
circular and uniform celestial motions proposing an elliptical orbit for the planet Mars. In
particular, we defend a point that contradicts the view according to which Kepler had
determined the elliptical orbit of Mars using solely the empirical data of Tycho Brahe (1546-
1601). This kind of conception is very aligned with the thought of the great translator of the
complete works of Kepler, Max Caspar, who reveals in the opening pages of the New
Astronomy, in the edition translated into English by W. H. Donahue, the expression aus der
erfahrung bewiesen, whose german translation refers to the idea that the laws of planetary
motion had been demonstrated by experience, that is, through observational data. In fact, we
have an understanding that diverges from this strictly empirical view, as we consider the
influence of two hypotheses often neglected by Kepler's researches: the action of the sun's
motive power on Mars, which would account to justify the ellipse by physical or metaphysical
aspects underlying the method of calculation, and the movement of libration, responsible for
the phenomena of approaching and the recession of the planet from the sun. In this way, our
research aims to clarify what were the assumptions used by Kepler to establish the nontrivial
jump from the circle to the oval figure and, especially, from the oval to the elliptical orbit.
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