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Lipí­dios e isótopos estáveis como indicadores de investimento materno e estratégias nutricionais neonatais em raias viví­paras histotróficas / Lipids and stable isotopes as indicators of maternal investment and neonatal nutritional strategies in histotrophic stingrays

Rangel, Bianca de Sousa 28 March 2018 (has links)
O objetivo do presente estudo foi investigar a estratégia nutricional neonatal das raias Rhinoptera bonasus e Rhinoptera brasiliensis, analisando suas interações tróficas e dependência do recurso materno durante as fases iniciais da vida. Lipídios, ácidos graxos (FA) e isótopos estáveis (SI) foram analisados em diferentes tecidos, como ferramentas para avaliar as alterações durante o crescimento em raias jovens-de-ano (YOY), divididas em dois grupos, YOY I (<=50 cm) e YOY II (50-70 cm). O registro de YOY em três anos consecutivos (2015, 2016 e 2017) e a permanência dos filhotes durante o ano, confirmam que a região de Bertioga é uma área de berçário para as espécies R. bonasus e possivelmente para R. brasiliensis. Em R. bonasus, as concentrações plasmáticas de triacilglicerol e &#946;ß-hidroxibutirato não diferiram entre YOY I e II. No entanto, a concentração plasmática de colesterol (CHOL) foi maior em YOY I quando comparado com YOY II. O perfil de FA foi similar no fígado, músculo e plasma de R. bonasus, com predomínio de FA polinsaturados (PUFA), seguidos por FA saturados (SFA) e monoinsaturados (MUFA). No músculo de R. bonasus ocorreu uma diminuição de DHA (ácido docosahexaenoico) e ARA (ácido araquidônico) e um aumento de EPA (ácido eicosapentaenoico) com o aumento do tamanho corporal, reduzindo a relação DHA/EPA (indicador de posição trófica). Diferenças na composição de FA do fígado e músculo entre R. bonasus e R. brasiliensis foram encontradas na somatória de SFA, MUFA e PUFA, sugerindo que as espécies apresentam diferentes dietas ou diferentes períodos de nascimento. Em R. bonasus os valores de &#948;15N diminuíram com o aumento do tamanho corpóreo, e os valores mais altos foram encontrados na nadadeira dorsal e hemácias (RBC) de YOY I comparados a YOY II. Em YOY I e II, o &#948;13C da nadadeira foi maior que nas RBC. Comparando-se as duas espécies, R. bonasus apresenta maior valor de &#948;15N e &#948;13C nas RBC que R. brasiliensis, indicando que particionam recursos alimentares, com diferentes níveis tróficos e/ou forrageiam em diferentes locais, apesar das duas espécies serem simpátricas na região de estudo. Esses dados combinados demonstram que estas raias investem significativamente nos jovens e, consequentemente, em melhores condições nutricionais no nascimento, pois os dados encontrados sugerem que filhotes não mostraram deficiência de FA essenciais (EFA), como observado em tubarões placentários. Valores elevados de CHOL, ARA e DHA em YOY I, e posterior redução com o aumento do tamanho corpóreo, sugere o uso destes substratos em processos metabólicos. Os dados sugerem ainda que animais maiores aumentam as habilidades de forrageamento, demonstradas pelo aumento plasmático de EFA, tais como EPA e DHA e uma diminuição de SFA em YOY II. Tais aspectos metabólicos ligados à estratégia nutricional neonatal são fundamentais para compreender os padrões de investimento materno e recursos energéticos necessários nas fases iniciais de vida de elasmobrânquios vivíparos / The aim of the present study was to investigate the neonatal nutritional strategy adopted by species R. bonasus and R. brasiliensis, related to its trophic interactions and maternal resource dependency during the early stages of life. Lipids, fatty acids (FA) and stable isotope (SI) were assessed in different tissues, as tools to evaluate biomarkers changes during growth in young-of-the-year (YOY) rays, divided into two stages, YOY I (<=50 cm) and YOY II (50-70 cm). The registration of YOY in three consecutive years (2015, 2016 and 2017) and the permanence of the YOY during the year, confirms that the region of Bertioga is a nursery area for R. bonasus and possibly to R. brasiliensis. In R. bonasus the plasma triglycerides and &#948;-hydroxybutyrate did not differ between YOY I and II. Plasma cholesterol (CHOL) was higher in YOY I than in YOY II. FA profiles were similar in liver, muscle and plasma, with a predominance of polyunsaturated FA (PUFA), followed by saturated FA (SFA) and monounsaturated FA (MUFA). In R. bonasus there was a reduction of C22:6n3 (DHA - docosahexaenoic acid) and C20:4n6 (ARA - arachidonic acid), and an increase in C20:5n3 (EPA - eicosapentaenoic acid) in muscle, with increasing body size, resulting in a decrease in DHA/EPA ratio (used as an indicator of trophic position). In terms of SI, &#948;15N values decreased with increasing body size with higher &#948;15N values found in dorsal fin and red blood cells (RBC) of YOY I compared to YOY II animals. In YOY I and II, the &#948;13C of fin tissue was higher than RBC. Comparing both species, R. bonasus presents higher &#948;15N and &#948;13C values in the RBC than R. brasiliensis, suggesting the partition of food resources, at different trophic levels and/or foraging in different locations, despite the two species being sympatric in the region. These combined data demonstrate that cownose rays significantly invest in their young and consequently better nutritional conditions at birth, since the data suggest that the pups did not show essential FA (EFA) deficiency, as observed in placental sharks. High values of DHA, ARA and CHOL in YOY I, and subsequent decrease with increasing body size, confirms the use of these substrates in metabolic processes. In addition, data indicate that larger animals have improved foraging skills, demonstrated by increased plasma levels of EFA, such as DHA, EPA and a decrease of &#931;SFA in YOY II. Such metabolic aspects linked to neonatal nutritional strategy are fundamental factors for understanding the patterns of maternal investment and energy resources required in the early life stages of viviparous elasmobranchs

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