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Racionalidade e organizações: um estudo sobre comportamento econômico na obra de Herbert A. Simon / Rationality and organizations: a study in economic behavior in Herbert A. Simon’s work

Barros, Gustavo de 25 November 2004 (has links)
Neste estudo é feita uma apresentação de alguns aspectos da obra de Herbert A. Simon que foram julgados de particular importância para a economia. A teoria comportamental do autor é o eixo em torno do qual estes aspectos resultaram girar. Esta teoria por sua vez foi aqui dividida em dois temas: o da racionalidade e o da organização. Estes temas são duas partes essenciais da teoria e devem caminhar sempre juntos no sentido de que, respectivamente, tratam da estrutura da teoria e do contexto ao qual ela se aplica. No que diz respeito ao tema da racionalidade, são tratados aqui os argumentos de Simon relativos às restrições ao exercício da racionalidade pelos agentes associadas às suas capacidades cognitivas. Em particular, Simon argumenta que a hipótese de onisciência, implicada pelas hipóteses de racionalidade da teoria econômica neoclássica, gera problemas para a teoria, tanto em sua faceta normativa quanto na positiva. São também apresentados os conceitos de racionalidade restrita e de racionalidade procedimental. Este último foi desenvolvido por Simon a partir do primeiro, tendo em vista principalmente as dificuldades da teoria econômica de lidar com situações de incerteza. Na medida em que as restrições à racionalidade são admitidas pela teoria, o comportamento passa a depender fortemente tanto do contexto em que ocorre quanto das características psicológicas (cognitivas) do agente. Grande parte do trabalho de Simon em economia girou em torno do conceito de organização. De fato, organizações constituem um contexto predominante do comportamento econômico, tanto mais quanto grandes organizações têm dominado o cenário nas últimas décadas. Neste sentido, é questionada também a predominância do conceito de mercado sobre o de organização na teoria. Esta dependência que o comportamento econômico tem do contexto leva Simon a argumentar em favor de uma aproximação entre economia e empiria, em particular do estudo empírico de como o comportamento se dá na prática – ou seja, onde empiria não deve ser tomada como sinônimo de econometria. Uma contextualização histórica do trabalho de Simon também foi realizada. Foram explorados aí alguns temas. Primeiro, foi conceituado o “regime da Segunda Guerra Mundial" surgido em torno da confluência entre as empreitadas científica e militar durante a Segunda Guerra. Em segundo lugar, a importância deste regime para a carreira de Simon foi discutida, em particular a disponibilidade do computador, a partir de meados da década de 1950, para sua pesquisa. Em terceiro lugar, foi identificada e descrita como importante manifestação desse regime a “pesquisa operacional" e foram traçadas algumas de suas implicações para a economia em particular e, de maneira mais vaga, para as ciências sociais em geral. / This study presents some aspects of Herbert A. Simon’s work that were thought to have particular importance to economics. The author’s behavioral theory is the axis around which these aspects orbit. This theory, in turn, was divided here into two themes: rationality and organization. Both of them are essential parts of the theory and always work hand in hand in the sense that, respectively, they are the structure of the theory and the context to which it applies. Concerning rationality, Simon’s arguments about the constraints to the exercise of rationality related to the agents’ cognitive limitations are presented. In particular, he argues that the hypothesis of omniscience, implied by the neoclassical economic theory hypothesis of rationality, causes trouble to the theory, in either its normative or positive side. The concepts of bounded rationality and procedural rationality are also presented. The latter was developed by Simon based on the former in an attempt to circumvent the difficulties of the economic theory to deal properly with uncertainty. When the bounds to rationality are admitted by the theory, behavior then depends strongly on the context in which it occurs and on the agent’s psychological (cognitive) characteristics. A major part of Simon’s work in economics dealt with the concept of organization. Indeed, organizations constitute a predominant context to economic behavior, especially when we consider the role large organizations have been playing in the last decades. Proceeding in that line of thought, the preponderance in economics of the concept of market over the concept of organization is questioned. The aforementioned dependency of behavior to the context leads Simon to argue in favor of an approximation of economics and empiric work, especially concerning how behavior is to be found in practice – or else, where empiric work is not to be taken as synonym for econometrics. Simon’s work was historically contextualized and some themes were explored as related to this context. First, the “World War II regime", emerging out of a confluence of the military and scientific enterprises in the war, was conceptualized. Second, the importance of this regime to Simon’s career was stressed, and particularly important was the availability of the computer for his research from the mid-fifties on. Third, an important manifestation of this regime, “operations research", was identified and described. Some of its implications for economics in particular and, in a vaguer manner, for the social sciences in general were also traced.
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Racionalidade e organizações: um estudo sobre comportamento econômico na obra de Herbert A. Simon / Rationality and organizations: a study in economic behavior in Herbert A. Simon’s work

Gustavo de Barros 25 November 2004 (has links)
Neste estudo é feita uma apresentação de alguns aspectos da obra de Herbert A. Simon que foram julgados de particular importância para a economia. A teoria comportamental do autor é o eixo em torno do qual estes aspectos resultaram girar. Esta teoria por sua vez foi aqui dividida em dois temas: o da racionalidade e o da organização. Estes temas são duas partes essenciais da teoria e devem caminhar sempre juntos no sentido de que, respectivamente, tratam da estrutura da teoria e do contexto ao qual ela se aplica. No que diz respeito ao tema da racionalidade, são tratados aqui os argumentos de Simon relativos às restrições ao exercício da racionalidade pelos agentes associadas às suas capacidades cognitivas. Em particular, Simon argumenta que a hipótese de onisciência, implicada pelas hipóteses de racionalidade da teoria econômica neoclássica, gera problemas para a teoria, tanto em sua faceta normativa quanto na positiva. São também apresentados os conceitos de racionalidade restrita e de racionalidade procedimental. Este último foi desenvolvido por Simon a partir do primeiro, tendo em vista principalmente as dificuldades da teoria econômica de lidar com situações de incerteza. Na medida em que as restrições à racionalidade são admitidas pela teoria, o comportamento passa a depender fortemente tanto do contexto em que ocorre quanto das características psicológicas (cognitivas) do agente. Grande parte do trabalho de Simon em economia girou em torno do conceito de organização. De fato, organizações constituem um contexto predominante do comportamento econômico, tanto mais quanto grandes organizações têm dominado o cenário nas últimas décadas. Neste sentido, é questionada também a predominância do conceito de mercado sobre o de organização na teoria. Esta dependência que o comportamento econômico tem do contexto leva Simon a argumentar em favor de uma aproximação entre economia e empiria, em particular do estudo empírico de como o comportamento se dá na prática – ou seja, onde empiria não deve ser tomada como sinônimo de econometria. Uma contextualização histórica do trabalho de Simon também foi realizada. Foram explorados aí alguns temas. Primeiro, foi conceituado o “regime da Segunda Guerra Mundial” surgido em torno da confluência entre as empreitadas científica e militar durante a Segunda Guerra. Em segundo lugar, a importância deste regime para a carreira de Simon foi discutida, em particular a disponibilidade do computador, a partir de meados da década de 1950, para sua pesquisa. Em terceiro lugar, foi identificada e descrita como importante manifestação desse regime a “pesquisa operacional” e foram traçadas algumas de suas implicações para a economia em particular e, de maneira mais vaga, para as ciências sociais em geral. / This study presents some aspects of Herbert A. Simon’s work that were thought to have particular importance to economics. The author’s behavioral theory is the axis around which these aspects orbit. This theory, in turn, was divided here into two themes: rationality and organization. Both of them are essential parts of the theory and always work hand in hand in the sense that, respectively, they are the structure of the theory and the context to which it applies. Concerning rationality, Simon’s arguments about the constraints to the exercise of rationality related to the agents’ cognitive limitations are presented. In particular, he argues that the hypothesis of omniscience, implied by the neoclassical economic theory hypothesis of rationality, causes trouble to the theory, in either its normative or positive side. The concepts of bounded rationality and procedural rationality are also presented. The latter was developed by Simon based on the former in an attempt to circumvent the difficulties of the economic theory to deal properly with uncertainty. When the bounds to rationality are admitted by the theory, behavior then depends strongly on the context in which it occurs and on the agent’s psychological (cognitive) characteristics. A major part of Simon’s work in economics dealt with the concept of organization. Indeed, organizations constitute a predominant context to economic behavior, especially when we consider the role large organizations have been playing in the last decades. Proceeding in that line of thought, the preponderance in economics of the concept of market over the concept of organization is questioned. The aforementioned dependency of behavior to the context leads Simon to argue in favor of an approximation of economics and empiric work, especially concerning how behavior is to be found in practice – or else, where empiric work is not to be taken as synonym for econometrics. Simon’s work was historically contextualized and some themes were explored as related to this context. First, the “World War II regime”, emerging out of a confluence of the military and scientific enterprises in the war, was conceptualized. Second, the importance of this regime to Simon’s career was stressed, and particularly important was the availability of the computer for his research from the mid-fifties on. Third, an important manifestation of this regime, “operations research”, was identified and described. Some of its implications for economics in particular and, in a vaguer manner, for the social sciences in general were also traced.

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