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Olhares para as políticas linguísticas no Município de Itaiópolis/SC: entre o in vivo e o in vitro

Güths, Taís Regina 27 January 2015 (has links)
Made available in DSpace on 2017-07-21T14:53:48Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tais Regina Guths.pdf: 2218234 bytes, checksum: d215bf6dbdced0d80af71088dbbe0f8c (MD5) Previous issue date: 2015-01-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This study aims to discuss the relations between language and identity taking into consideration some of the language policies employed in the city of Itaiópolis/SC, where many Polish, Ukrainian and German immigrants live in contact with a native Indian tribe, which represents a multilingual and multicultural context. It seems important to emphasize that our research focuses on the Polish language, once the city is legally recognized as the Polish Culture Capital in the State. Thus, two projects related to the Polish language in development were observed: the Polish Language teaching project offered by the Catholic Church in the city and the interchange project developed in one of the city State schools, in order to discuss how the in vivo policies are related to the in vitro (CALVET, 2002, 2007) ones. Since the projects have been developed in distinct places, the role of the Catholic Church and the State school in relation to the continuity of the Polish Language Use and other Polish cultural practices is also addressed. The methodology employed is qualitative (OLIVEIRA, M., 2007), and the analysis gathers data obtained through observations, whose impressions were registered in a field diary, interviews and documental analysis. The research participants were teachers and students who took part in the relevant projects, besides members of the community that were involved with discussions regarding the language policies used in the city, totaling eight people. The theoretical background was supported with the Applied Linguistics contributions (MOITA LOPES, 2006, 2013; FABRÍCIO, 2006), from which the following themes were approached: multilingualism in Brazil (OLIVEIRA, G., 2009; MAHER, 2013), language policy and language teaching (CALVET, 2007; RAJAGOPALAN, 2013), language policies related to the Polish language (WACHOWICZ, 2002), the monolingualism myth creation (ALTENHOFEN, 2003, 2013; PINTO, 2014), and language, identity and culture (WOODWARD, 2000; HALL, 2000, 2006; SILVA, 2000). The results obtained point out that the Catholic Church has an important role regarding the thinking of language policies in the city once, in addition to offering Polish classes and using it in most masses and celebrations, it also occupies a space which is not used by the State as it also created the interchange project which has been developed in the State school. By following the projects it was possible to see that the issue of identity – the fact that most people are Polish descendents – is one of the main factors that motivate the participants to have more contact with this language. However, it was also concluded that there is shock between the community language and that considered standard Polish, which shows that the concept of language must be problematized, so that the project of teaching immigration languages seen as the result of language policy to support the use of this language does not have an inverse effect, that is, in order not to strengthen the monolingualism myth. Therefore, the study was developed with the hope to contribute with the discussions about situations which are sociolinguistically complex, so that the complexity inherent to language and identity relations is perceived. / Este trabalho objetiva problematizar relações entre língua e identidade a partir de algumas políticas linguísticas empregadas no município de Itaiópolis/SC, cidade essa que recebeu imigrantes poloneses, ucranianos e alemães, além de contar com uma aldeia indígena, apresentando, portanto, um contexto multilíngue e multicultural inegável. Ressaltamos que nosso recorte de pesquisa diz respeito à língua polonesa, já que a cidade é, por lei, reconhecida como Capital Catarinense de Cultura Polonesa. Desse modo, acompanhamos o desenvolvimento de dois projetos relacionados à língua polonesa: o projeto de ensino de língua polonesa oferecido pela Igreja Católica do município e o projeto de intercâmbio desenvolvido em uma das escolas estaduais da cidade, a fim de discutir de que modo as políticas in vivo se relacionam com as políticas in vitro (CALVET, 2002, 2007). Assim, por acompanharmos projetos desenvolvidos em dois espaços distintos, discutimos também qual o papel desempenhado pela Igreja Católica e pela escola estadual em questão em relação à manutenção do uso da língua polonesa e de outras práticas culturais polonesas. A metodologia utilizada é qualitativa (OLIVEIRA, M., 2007), de forma que a análise reúne dados obtidos por meio de observações, cujas impressões foram registradas em diário de campo, e entrevistas, além de fazermos uso de análise documental. Participaram da pesquisa professores e alunos integrantes dos projetos em questão, além de membros da comunidade que estivessem envolvidos com o pensar sobre as políticas linguísticas empregadas no município, totalizando oito participantes. O aparato teórico norteou-se por contribuições advindas da Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006, 2013; FABRÍCIO, 2006), a partir das quais abordamos os seguintes temas: multilinguismo no Brasil (OLIVEIRA, G., 2009; MAHER, 2013), política linguística e o ensino de línguas (CALVET, 2007; RAJAGOPALAN, 2013), políticas linguísticas relacionadas à língua polonesa (WACHOWICZ, 2002), criação do mito do monolinguismo (ALTENHOFEN, 2003, 2013; PINTO, 2014) e língua, identidade e cultura (WOODWARD, 2000; HALL, 2000, 2006; SILVA, 2000). Os resultados obtidos sugerem que a Igreja Católica desempenha um papel de destaque no pensar sobre as políticas linguísticas da cidade, uma vez que, além de oferecer o ensino de língua polonesa e utilizá-la em praticamente todas as suas missas e celebrações, ainda busca ocupar um espaço que não é utilizado pelo estado, pois também é idealizadora do projeto de intercâmbio que ocorre na escola estadual. Percebemos pelo acompanhamento dos projetos que a questão identitária - o fato de ser descendente de poloneses -, é um dos principais fatores que levam os participantes a buscarem um maior contato com essa língua. Contudo, concluímos que há um choque entre a língua da comunidade e o polonês considerado padrão, o que indica ser necessário que o conceito de língua seja problematizado, para que o projeto de ensino de língua de imigração entendido como fruto de políticas linguísticas de manutenção do uso dessa língua não tenha implicações contrárias, ou seja, não aja em prol do fortalecimento do mito do monolinguismo. Assim, com esta pesquisa, esperamos ter contribuído para discussões sobre situações sociolinguisticamente complexas, a fim de que percebamos a complexidade inerente às relações entre língua e identidade.

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