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Crônicas urbanas: Consultório na Rua, população em situação de rua, clínica menor e outras históriasAbib, Leonardo Trápaga January 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014 / A presente dissertação tem como questão central investigar como um Consultório na
Rua (CnR) tem se relacionado com os moradores de rua frente às atuais discussões
sobre as políticas públicas para população em situação de rua no Brasil. Dessa
questão principal desdobram-se mais três perguntas de pesquisa:quais clínicas são
praticadas pela equipe do CnR?Como tem ocorrido a participação e a in/exclusão
dos moradores de rua nos serviços de saúde?De quais formas a sociedade vem
lidando com a população em situação de rua na cidade? Para dar conta de
responder e problematizar tais questões, realizei uma cartografia inspirada na
perspectiva da psicologia social e institucional. Com relação às minhasferramentas
teóricas, faço uso de noções tanto do campo da filosofia, a partir de Michel Foucault,
Gilles Deleuze e Félix Guattari, quanto do campo da saúde coletiva, com Émerson
Merhy, Túlio Franco e Antônio Lancetti. Acompanhei uma equipe de CnR da cidade
de Porto Alegre durante cinco meses, participando das abordagens de rua junto a
pessoas em situação de rua no município. Sistematizei a minha investigação em
quatro partes: na primeira, apresento as Crônicas Urbanas, textos inspirados em
uma estética literária, a fim de expor alguns conflitos, tensões, afetos e
agenciamentos que vivenciei durante a pesquisa de campo. As crônicas também
servem como disparadoras de problematizações da pesquisa. Na segunda parte,
trago as opções e os detalhamentos metodológicos (o making of da pesquisa e das
crônicas). Na terceira parte, contextualizo de maneira mais detalhada os cenários
que permeiam as políticas públicas para usuários de drogas e para pessoas em
situação de rua. Por fim, na quarta parte, trago as inquietações e problematizações
da pesquisa de campo. Parte dos enunciados e discursividades acerca dos usuários
de drogas e dos moradores de rua tem ido na direção de construir a imagem do
anormal contemporâneo. Alguns dos efeitos de tal construção são novas formas de
manifestação de racismo e a criminalização dos sujeitos que usam drogas e que
vivem em situação de rua. Ao analisar as práticas de in/exclusão sob a perspectiva
foucaultiana, percebo que tanto as políticas de recolhimento e internação
compulsória quanto a política dos Consultórios na Rua fazem parte das estratégias
biopolíticas atuais, sendo as primeiras pelo viés da exclusão e a segunda pelo viés
da inclusão. No âmbitomicropolítico, do encontro entre trabalhador do CnR e
usuário, são possíveis diferentes linhas de fuga, fissuras e resistências à perspectiva
biopolítica que deseja instituir-se. A partir das práticas dos trabalhadores do CnR
que acompanhei, pude notar diversas tensões e afetos, que culminam, entre outras
coisas, em uma clínica pautada pela estratégia de redução de danos e em algo que
chamei de uma clínica menor. A clínica menor constitui-se nas práticas de subversão
a uma clínica maior, de afirmação de outros modos de existência e
dedesterritorialização e possibilidade de produção de novos desenhos e arranjos
coletivos, como práticas de resistência e enfrentamento às ações fascistas do
campo da saúde. / The current dissertation has as a central issue to investigate how a Clinic in Street –
CiS has been related to the homeless, given the current discussions on public policy
for the homeless population in Brazil. From this main question, unfolds three more
research questions: Which clinics are practiced by the CiS staff? How has occurred
the participation and in/exclusion of the homeless in health services? In what ways
society has been dealing with the homeless population in the cities? In order to be
able to answer these questions and discuss such issues, I created a map inspired on
the perspective of social and institucional psychology. With respect to my theoretical
affiliation, I use the notions both of the philosophy field, from Michel Foucault, Gilles
Deleuze and FélizGuattari, and the field of collective health, with ÉmersonMerhy,
Túlio Franco and AntônioLancetti. I accompanied a CiS team from the city of Porto
Alegre during five months, taking part in street approaches with homeless people in
the city. I systematized my research into four parts: in the first I present the Urban
Chronicles, texts inspired by a literary aesthetic, in order to expose some conflits,
tensions, affections and assemblages that I have been through during my field
research. The Chronicles also serve as triggers of problematizations for the research.
In the second part I bring the options and methodologicdetailments (the making of, of
the Chronicles and the research). In the third part I contextualize in a more detailed
way, the scenarios that permeate the public policies for drug users and for people in
street situation. Finally, in the fourth part, I bring the concerns and problems found in
field research. Part of the statements and discourses about the drug users and
homeless people has been gone towards the direction of building an image of the
contemporary abnormal. Some of the effects of such construction are the new ways
of racism manifestation and the criminalization of drug using and street living
subjects. By analyzing the practices of in/exclusion under the foucauldian
perspective, I realize that both, the policies of gathering and compulsory
hospitalization, and the policies of Clinics in Street, are part of the current biopolitical
strategies, being the first through the point of view of exclusion and the second
through the point of view of inclusion. In a micropolitical level, the encounter between
the workers and users of the CiS, are possible different lines of flight, fissures and
resistance to the biopolitical perspective that has been wanted to be established.
From the practices of CiS workers that I have followed, I could notest several
tensions and affections, that culminate, among other things, in a clinic based by the
strategy of damage reduction and by something that I called minor clinic. The minor
clinic constitutes itself on the practices of subversion to a major clinic, of affirmation
of other ways of existence and of deterritorialization and the possibility of production
of new designs and collective arrangements, as practices of resistance and
confrontation of the fascist actions in the field of health.
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